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Espécie de mamífero Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O mão-pelada, cachorro-do-mangue, cachorrinho-guaxinim, cachorro-do-mato-guaxinim, meia-noite, jaracambeva,[3] jaguacampeba, iguanara, jaguacinim, guaxinim,[4] guaxinim-sulamericano,[5] (nome científico: Procyon cancrivorus) é um mamífero carnívoro da família dos procionídeos (Procyonidae). É bastante parecido com o guaxinim (Procyon lotor), com o qual possui parentesco. É de porte médio, cujo comprimento da cabeça e do corpo é de 41 a 80 centímetros e o da cauda é de 20 a 56 centímetros. O peso pode variar de 2 a 12 quilos. Sua pelagem varia de marrom escuro ao grisalho, às vezes variando ao castanho e vermelho, e há uma máscara preta em seu rosto. Sua cabeça é curta e o focinho pontudo. É plantígrado e possui, à semelhança dos seres humanos, quatro vezes mais receptores sensoriais nas mãos, o que lhe dá maior acuidade tátil.
Mão-pelada | |||||||||||||||
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Estado de conservação | |||||||||||||||
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1] | |||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||
Procyon cancrivorus (Cuvier, 1798)[2] | |||||||||||||||
Distribuição geográfica | |||||||||||||||
Tem uma distribuição geográfica ampla, habitando a região que vai da Costa Rica à América do Sul, abrangendo todo o Brasil e o norte da Argentina e do Uruguai.
É um animal solitário, noturno e terrestre, mede cerca de 60 centímetros de comprimento e vive próximo a fontes de água, como rios, mangues, praias, baías e lagoas.[3] Contudo, pode ser encontrado em áreas não-aquáticas em determinadas épocas do ano, ocorrendo em todos os biomas brasileiros: cerrado, amazônia, caatinga, pantanal, mata atlântica e pampas.
Procyon, nome do gênero, é derivado do latim e significa "antecessor do cão" ou "assim como o cão". E, foi determinado o nome científico cancrivorus devido a sua preferência alimentar por crustáceos, o qual "cancro" significa caranguejo e vorus comedor.[6] Alguns de seus nomes advém do tupi: Jaracambeva e jaguacampeba de iararaka-akanga-péwa[7][8] ou ya'gwara-akanga-péwa (ya'gwara = "onça, jaguar, cão"; -acanga- = "cabeça"; péwa = "chato");[9] guaxinim de waxinín (lit. "o que rosna, roncador") [10][11] e jaguacinim de îagûasinĩ[12][13] ou iawara-sinínga.[14] Iguanara tem origem obscura.[15] Outros de seus nomes, em português, são mão-pelada, cachorro-do-mangue, cachorrinho-guaxinim, cachorro-do-mato-guaxinim, meia-noite; em espanhol: cangrejera, mapache lavador e mayuato; e em inglês crab-eating racoon.[3]
Os mãos-peladas foram descritos pela primeira vez em 1792 pelo naturalista francês Georges Cuvier, que o descreveu como sendo Ursus cancrivorus. O colocou na família dos ursídeos (Ursidae) e afirmou que descendia deles a partir de um ancestral como, os miacídeos (Miacidae). Mais adiante, foram reclassificados como pertencentes à família dos procionídeos (Procyonidae),[6] da qual fazem os quatis (Nasua), juparás (Potos), bassariscos (Bassariscus), Bassaricyon (olingos e olinguitos) Procyon (guaxinins). Um estudo filogenético de 2007 mostrou que os juparás formam uma linhagem basal irmã do resto dos procionídeos. Divergiram há 21,6–24 milhões de anos. Dois clados, um levando a Bassaricyon e quatis, e um levando a bassariscos e Procyon, apareceram posteriormente e irradiaram durante o Mioceno (23,8 a 5,3 milhões de anos atrás).[16][17][18]
Procionídeos |
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Atualmente se reconhecem quatro subespécies de mão-pelada, que são:[2]
Parece ser mais adaptado ao estilo de vida arbóreo do que seu parente, pois tem garras mais afiadas e estreitas, e se adapta melhor a uma dieta de alimentos de casca dura, visto que a maioria dos dentes da bochecha são maiores do que os do guaxinim, com cúspides arredondadas e mais largas. Embora possa parecer menor e mais aerodinâmico do que o seu parente, devido à sua pele muito mais curta e constituição mais graciosa, tem dimensões semelhantes às espécies do norte. O comprimento da cabeça e do corpo é de 41 a 80 centímetros (16 a 31 polegadas), o da cauda é de 20 a 56 centímetros (8 a 22 polegadas) e a altura no ombro é de cerca de 23 centímetros (9 polegadas). O peso pode variar de 2 a 12 quilos (4 a 26 libras), embora estejam principalmente entre os 5 e 7 quilos (11 e 15 libras);[19] outras fontes apontam peso máximo de 10 quilos.[20]
Sua pelagem varia de marrom escuro ao grisalho, às vezes variando ao castanho e vermelho,[21] e há uma máscara preta em seu rosto que se estende dos olhos à base da mandíbula. Sua cauda é peluda e possui 10 de cinco a dez anéis escuros. Sua cabeça é curta e o focinho pontudo, os olhos são grandes, redondos e quase totalmente orientados à frente e as orelhas são semirredondas com cor preta e bordas brancas. Seus membros torácicos são menos elevados que os pélvicos e são adaptados para segurar alimentos uma vez que suas mãos são móveis, desprovidas de pelos, espalmadas com dígitos longos e garras não retráteis. As suas pernas são pretas, ao contrário das de seu parente nortista, e são longas.[22] Visto ser plantígrado, ou seja, anda sobre a planta dos pés, sua pegada dianteira apresenta cinco dígitos finos e separados que se assemelham a mão humana espalmada, com as marcas das unhas e almofadas dispostas radialmente. Sua passada é de disposição paralela. Tais características o permitem ficar na posição bípede.[23]
Tal como os seres humanos, possui quatro vezes mais receptores sensoriais na pele das mãos do que dos pés, lhe dando maior acuidade tátil. Seu nervo isquiático origina-se no tronco lombossacral, nos ramos ventrais do sexto e sétimo nervos lombares e do primeiro nervo sacral. A origem do nervo isquiático do mão-pelada na região lombar é semelhante ao dos preás (Cavia aperea), cães (Canis lupus familiaris), gatos (Felis silvestris catus) e mocós (Kerodon rupestris), mas diferem nos três últimos quanto origem na região sacral, que tem origem no primeiro e segundo nervos sacrais.[24]
O mão-pelada é solitário e notívago (noturno),[25] principalmente terrestre, mas passa uma quantidade significativa de tempo nas árvores. Produzem abrigos em árvores, ocos de árvores, tocas, bromélias ou touceiras de capim. São animais onívoros e sua dieta se baseia em frutos (embaúba, jerivá, palmito, araticum, guariroba), anfíbios (sapos, rãs, pererecas e girinos), peixes, moluscos (ostras e amêijoas), répteis, pequenos mamíferos, aves, minhocas, ovos de tartaruga, artrópodes (lagartas, caranguejos, lagostas, lagostins, besouros, cigarras, aranhas) e outros invertebrados.[3][26][27][28] Em ambientes nos quais há presente de alimentos de origem antrópica (lixeiras e comedouros), os mãos-peladas se alimentam sobretudo disso.[22] No Brasil, estudos radiométricos revelaram uma área de vida de até 6,95 quilômetros quadrados para um macho, com outros indivíduos estudados apresentando áreas de 4,7 ± 3,3 quilômetros quadrados.[3] Aparentemente não são territorialistas, havendo relatos de sobreposição da áreas de vida.[29]
O mão-pelada reproduz-se entre julho e setembro, e a gestação dura entre 60 e 73 dias. Os descendentes nascem em fendas, árvores ocas ou ninhos abandonados de outras criaturas. Nascem entre dois e sete filhotes, sendo três a média. Embora se reproduzam apenas uma vez por ano, se uma fêmea perder todos os seus filhotes no início da temporada, se acasalarão novamente e terão uma segunda ninhada. Os machos não participam da criação dos filhotes e, enquanto cuidam dos filhotes, as fêmeas se tornam muito mais territoriais e não toleram outros mãos-peladas ao seu redor.[30] Os filhotes nascem com seus olhos fechados e os abrem em torno da terceira semana.[29] Entre sete e nove semanas, saem do ninho e exploram o ambiente com sua mãe. Com 12 semanas, desmamam e se separam do grupo.[21] Alcançam sua maturidade sexual com um ano de vida. Em cativeiro, há registros de espécimes que sobreviveram por 20 anos, enquanto na natureza não vivem mais do que cinco.
O mão-pelada apresenta uma grande adaptação a vários tipo de habitats, uma vez que podem ser encontrado em ambientes aquáticos, não-aquáticos e até áreas com perturbações antrópicas. Ainda assim, esta espécie, apesar de viver adaptável a vários tipos de ambientes, tem certa dependência a áreas onde há fontes de água. Quase sempre é encontrado próximo a riachos, lagos e rios, embora possa ser registrado em territórios não aquáticos na certas épocas do ano. Ocorrem em florestas ombrófilas densas, semidecíduas, decíduas e mistas, Caatinga, Cerrado, mangues, restingas e Pantanal. Por vezes aparecem em paisagens modificadas, como mosaicos de eucalipto e vegetação natural, canaviais, pastos e fragmentos de mata.[3] No Panamá e na Costa Rica, onde é simpátrico com o guaxinim, pode ser encontrado estritamente em rios e riachos do interior, enquanto o guaxinim vive em florestas de mangue.[26]
Geograficamente, tem distribuição ampla, desde a América Central (Panamá e Costa Rica) e por boa parte da América do Sul a leste dos Andes, incluindo Argentina, Brasil, Bolívia, Colômbia, as Guianas, Suriname, Trindade e Tobago e Venezuela.[2] Especificamente no Brasil, tem presença em todos os biomas, inclusive o território de inúmeras unidades de conservação.[3]
Na classificação da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), é classificado como uma espécie pouco preocupante (LC) em relação à sua extinção, mas a espécie parece estar entrando em declínio devido a perda de habitat, como a destruição dos manguezais, atropelamento nas rodovias, caça com o objetivo de utilização de sua pele, prática de tiros, tráfico de animais e poluição da água, sobretudo por despejo de dejetos industriais e o mercúrio, proveniente das áreas de garimpo, em fontes de água que acabam envenenando várias espécies e as comprometendo em seu ambiente natural.[31] Além disto, foram encontrados indivíduos desta espécie com leishmaniose e soropositivos para a raiva, cinomose, parvovirose e leptospirose.[3]
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