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Masturbação

Ato de estimular os órgãos genitais e zonas erógenas manualmente ou não Da Wikipédia, a enciclopédia livre

Masturbação
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Masturbação, autoerotismo[1][2] ou, mais raramente, autohedonia,[3] é o ato da estimulação dos próprios órgãos genitais, manualmente ou por meio de objectos, com o objectivo de obter prazer sexual, seguido ou não de orgasmo.[4] O estimulo pode envolver mãos, dedos, objectos do quotidiano, brinquedos sexuais como vibradores, ou combinações destes. A masturbação mútua é masturbação com um parceiro sexual, e pode incluir a estimulação manual dos genitais do parceiro (dedilhação ou masturbação à mão), ou ser usada como forma de sexo não-penetrativo.

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Representação de homem se masturbando
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Representação de mulher se masturbando

O termo masturbação, assim como autoerotismo, foi usado pela primeira vez pelo médico britânico e fundador da psicologia sexual, Havelock Ellis (1859–1939), em 1898.[5][6]

A masturbação é observada em muitas espécies de mamíferos, especialmente nos grandes primatas. Na espécie humana, a masturbação é comum em ambos os sexos e em uma larga faixa etária, iniciando-se no início da puberdade, ou, segundo alguns, ainda durante a infância - mas sem a carga erótica nesta fase. O acto da masturbação é socialmente condenável em algumas culturas, embora não seja uma doença, nem as cause.

Vários benefícios médicos e psicológicos foram atribuídos a uma atitude saudável em relação à actividade sexual em geral e à masturbação em particular.[7] Não é conhecida qualquer relação causal entre a masturbação e qualquer forma de desordem mental ou física. No mundo ocidental, a masturbação em privado ou com um parceiro é geralmente considerada como uma parte normal e saudável do prazer sexual.

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História

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Perspectiva
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O falo de Schelklingen, em siltito, com uma idade calculada de 28 mil anos, tem cerca de 20 cm de comprimento e foi provavelmente usado como dildo[8]
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Gravura em uma cratera grega retratando a masturbação de um sátiro, do século VI a.C.
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Cintos de prevenção contra o onanismo; imagem publicada em 1921
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De Figuris Veneris, de Édouard-Henri Avril

Segundo Marcos Nogueira, antes do cristianismo, era vista como uma ação natural; a partir desse, foi proibida, com toda a sexualidade sendo reprimida. A partir do século XX, voltou a ser considerada natural.[9][parcial?] O furor anti-masturbação, dizem C.Ryan e C.Jethá, tem raízes profundas na história judaica-cristâ, encontrando depois apoio médico por exemplo nos escritos (1758) de Auguste Tissot.[10] Mas também os pensadores progressistas do Iluminismo fomentaram o tabu sobre a masturbação, e Laqueur pensa até que antes do Século das Luzes, a masturbação, ao contrário de outros tipos de sexualidade, não tinha quase nenhum papel a desempenhar numa ética mais geral do organismo que os médicos afirmaram ser o seu domínio. Num mundo em que existiam, pelo menos para as classes altas, possibilidades quase inimagináveis de comportamento excessivo, a masturbação estava no fim da escala de preocupações.[11]

Civilizações antigas

De acordo com os registos, os antigos sumérios tinham atitudes muito relaxadas em relação ao sexo. Os sumérios acreditavam que a masturbação aumentava a potência sexual, tanto para os homens como para as mulheres, e frequentemente praticavam-na, tanto sozinhos como com os seus parceiros.[12] A masturbação era também um acto de criador. Na mitologia suméria, acreditava-se que o deus Enki tinha criado os rios Tigre e Eufrates masturbando-se e ejaculando para os seus leitos secos.[13] Os antigos egípcios também consideravam a masturbação por uma divindade como um acto de criação; acreditava-se que o deus Atum, depois de se ter criado a si mesmo, tinha criado o universo masturbando-se. Agarrando o seu pénis, gerou duas crianças, Shu e Tefnut.[14]

No Antigo Egito a masturbação era uma prática coletiva feita em santuários de adoração as divindades como Atum e as mulheres quando morriam eram mumificadas com os objetos fálicos utilizados por elas, uma espécie de dildo de argila.[carece de fontes?] Objectos semelhantes a dildos aparecem em pinturas do Antigo Egipto de cerca de três mil anos A.C. As mulheres foram retratadas usando falos enormes em torno da cintura em cerimónias de homenagem a Osíris.[15]

Os Maias também possuíam rituais de masturbação[16] e desenhavam esses rituais em pedras que são encontradas hoje em ruínas.[carece de fontes?]

Na Grécia Antiga, de moralidade sexual muito livre, comparada à Ocidental actual, a masturbação era um acto sexual visto com certa naturalidade,[17] ainda que a prática fosse alvo de chacota entre as classes mais abastadas. Para os gregos, um homem de classe superior não precisaria se masturbar, devido às alternativas sexuais que tinha: escravas, prostitutas e mulheres de classes inferiores.[9] No Império Romano, a visão era semelhante.[9]

Pós-cristianismo

A Igreja Católica, através do teólogo São Tomas de Aquino, classificou-a como um pecado contra a natureza, mais grave ainda que o incesto com a própria mãe.[18][19] Ele se baseava na interpretação da narrativa (critica-se, errónea) do Antigo Testamento sobre Onã, que diz respeito sim a coito interrompido.[20] A descoberta do espermatozoide, em 1677, motivou a Medicina a se associar à Igreja Católica (e também à Protestante).[21]

Acredita-se que os mitos foram sendo inventados graças a história de Onã, que expressava o pensamento dos judeus há 4.000 anos atrás. Mas esse pensamento seguiu até o século XVIII. Após esse século, o mundo não passou a ver a visão da igreja, mas sim uma visão mais racional e científica. A partir daí, não bastava apenas a religião condenar o ato. Então a partir daí surgem os mitos.[9]

Criaram-se mitos anticientíficos fortemente negativos acerca da prática da masturbação, visando a desencorajar o acto nos jovens ainda em desenvolvimento psicossexual, o que levou a muitos casos de complexos de culpa, medos e recalcamentos. Vários mitos populares que visam desencorajar a prática da masturbação remontam aos séculos XVIII e XIX, quando a sociedade europeia promoveu a censura da sexualidade.[22]

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Técnicas

Masculina

Feminina

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"Mulher sentada com as coxas separadas" (1916) de Gustav Klimt
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Vénus de Urbino, quadro de Ticiano, de 1538. Segundo várias análises, a tela retrata uma cena de masturbação[23][24]

Origem do termo "onanismo" e sua crítica

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Johann Nepomuk Geiger, em Aguarela, 1840

Segundo o relato bíblico, Er, o primogénito de Judá, teria sido executado por Deus por um motivo grave não mencionado. Como ele não tinha descendência, Judá, seu pai, mandou que Onã, o segundo filho, casasse com a cunhada Tamar, viúva de Er (casamento Levirato).[25]

Ao não ter relações sexuais com Tamar, o texto bíblico diz que ele "desperdiçou o seu esperma na terra", em vez de inseminá-la. Desse modo, acredita-se que não se tratou de um acto de masturbação por parte de Onã, considerando que o relato diz que ele "teve relações com a esposa de seu irmão", apenas evitando que houvesse a concepção dela. O que pode ter acontecido de fato seria então um caso de coito interrompido. Onã, que não tinha filhos, teria sido executado por Deus por causa de sua cobiça e desobediência deliberada.[26]

Mitos

Há diversos mitos que envolvem a masturbação. Um deles é que a masturbação provoca espinhas. Mas essa afirmação não tem relatos científicos que a comprovem. Acne é uma doença inflamatória na pele, que pode formar pus. Mas isso não tem nada a ver com masturbação.[27] Outro mito que se tem visto é que a masturbação pode provocar pelos nas mãos. Mas isso é mentira. O nascimento ou não de pelos nas mãos é determinado geneticamente e não ligação com a masturbação.[28]

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Posicionamento religioso

Catolicismo

No catolicismo, a masturbação é condenada,[29] pois segundo a Igreja Católica, uma pessoa ao masturbar-se estaria buscando o prazer sexual fora do casamento, considerado um pecado.[30]

Cristianismo evangélico

A masturbação é vista como proibida por alguns pastores evangélicos por causa dos pensamentos sexuais que podem acompanhá-la.[31][32] No entanto, pastores evangélicos apontaram que a prática foi erroneamente associada a Onan por estudiosos, que não é pecado se não praticada de maneira fantasiosa ou compulsiva, e que foi útil para um casal, se seu parceiro fosse não tinha a mesma frequência de necessidades sexuais.[33][34]

Nos Estados Unidos e Nigéria, outros pastores evangélicos acreditam que a masturbação pode ser benéfica para o corpo e que seria "um presente de Deus" para evitar fornicação, especialmente para os solteiros.[32][34][35]

Testemunhas de Jeová

Para as Testemunhas de Jeová, a masturbação é um hábito espiritualmente nocivo que estimula pensamentos que levam ao egoísmo e corrompem a mente.[36]

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Ver também

Referências

  1. SACCONI, Luiz Antonio (2010). Grande Dicionário Sacconi. São Paulo: Nova Geração. pp. 216–1339. ISBN 978-85-7678-087-8
  2. «Masturbação». Michaelis On-Line. Consultado em 1 de junho de 2025
  3. GOLDENSON, Robert M.; ANDERSON, Kenneth N. (1989). Dicionário de Sexo. São Paulo: Ática. p. 31. ISBN 85-08-03221-8
  4. «Your Guide to Masturbation» (em inglês). WebMD. Consultado em 17 de Fevereiro de 2021
  5. GOLDENSON, Robert M.; ANDERSON, Kenneth N. (1989). Dicionário de Sexo. São Paulo: Ática. pp. 31–86. ISBN 85-08-03221-8
  6. «Em pleno século XXI, masturbação ainda é tabu». Jornal A Voz da Serra. 16 de julho de 2010. Consultado em 1 de junho de 2025
  7. Coleman, Eli (e outro)-editores (2002). «Masturbation as a Means of Achieving Sexual Health» (PDF). Journal of Psychology & Human Sexuality, Volume 14, Numbers 2/3- 2002, e Routledge. (Parcialmente arq. em WayBack Machine)
  8. «Hohle Fels, Germany.». www.ancient-wisdom.com. Ancient Wisdom. Consultado em 18 de Fevereiro de 2021
  9. Marcos Nogueira (Fevereiro de 2004). «O prazer em suas mãos». Superinteressante. Consultado em 24 de abril de 2011
  10. Ryan, Christopher (e Jethá, Cacilda) (2011). «Cap. 18: The Prehistory of O -"What Horrid Extravagancies of Minde!"». Sex at Dawn: How We Mate, Why We Stray, and What It Means for Modern Relationships. [S.l.]: Harper Perennial
  11. Laqueur 1970, p. 87-88.
  12. «The Mythology of Sex by Sarah Dening». www.ishtartemple.org. Consultado em 17 de fevereiro de 2021
  13. Tyldesley, Joyce (2018). Nefertiti´s Face : The Creation of an Icon. [S.l.]: Harvard University Press. p. 73
  14. Lieberman, Hallie (2017). «Capítulo: From Cavemen to Kinsey». Buzz: A Stimulating History of the Sex Toy. [S.l.]: Pegasus Books
  15. Marina Motomura (7 de abril de 2017). «Como era o sexo na Antiguidade?». Mundo Estranho
  16. Driel 2012, p. 158.
  17. «Gênesis 38». Biblia Online. Consultado em 25 de fevereiro de 2021
  18. Driel 2012, p. 159.
  19. Stengers, Jean; van Neck, Anne. Masturbation: the history of a great terror. New York: Palgrave, 2001. ISBN 0-312-22443-5.
  20. Arasse, Daniel (2013). Take a closer look. [S.l.]: Princeton University Press. pp. 91–127
  21. Driel 2012, p. 214.
  22. Génesis 38:9-10
  23. «Masturbação provoca espinhas?». Saúde na Internet. 18 de novembro de 2007. Consultado em 24 de abril de 2011
  24. «Masturbação faz crescer pêlos nas mãos dos meninos e provoca espinhas? Espinhas e pelos». SABER. Consultado em 24 de abril de 2011. Arquivado do original em 19 de outubro de 2012
  25. «Enciclopédia Católica Popular». arquivo.ecclesia.pt. Consultado em 30 de março de 2024
  26. «Por que a masturbação é pecado?». Formação. 20 de outubro de 2021. Consultado em 11 de agosto de 2024
  27. David K. Clark, Robert V. Rakestraw, Readings in Christian Ethics: Issues and Applications, Baker Academic, USA, 1994, p. 162
  28. Mark D. Regnerus, Forbidden Fruit : Sex & Religion in the Lives of American Teenagers, Oxford University Press, USA, 2007, p. 115
  29. Hilde Løvdal Stephens, Family Matters: James Dobson and Focus on the Family's Crusade for the Christian Home, University of Alabama Press, USA, 2019, p. 95-97
  30. Eromosele Ebhomele, Masturbation Not A Sin – Oyakhilome, pmnewsnigeria.com, Nigeria, 24 de fevereiro de 2012
  31. Axel R. Schäfer, American Evangelicals and the 1960s, University of Wisconsin Press, USA, 2013, p. 104
  32. Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados (2011). Mantenha-se no amor de Deus. [S.l.]: Associação Torre de Vígia de Bíblias e Tratados. 218 páginas
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Bibliografia

Ligações externas

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