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A Nobilíssima Ordem da Jarreteira (do inglês, Most Noble Order of the Garter), conhecida simplesmente como Ordem da Jarreteira, é uma ordem militar de cavalaria britânica, a mais antiga da Inglaterra e do sistema de honras britânico, fundada em 1348 criada por Eduardo III de Inglaterra, com a dedicação da imagem e das armas a São Jorge, patrono da Inglaterra (embora existam registros de nomeações para a ordem em 1344), baseada nos nobres ideais da demanda ao santo Graal e da corte do rei Artur.
![]() Nobilíssima Ordem da Jarreteira | |
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Armas da Ordem da Jarreteira | |
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Classificação | |
País | Reino Unido |
Outorgante | Monarca britânico (Rei Carlos III) |
Motto | Honi soit qui mal y pense |
Tipo | militar/comemorativa |
Descritivo | A mais antiga ordem de cavalaria da Inglaterra |
Agraciamento | por desejo do Soberano |
Condição | Em uso |
Histórico | |
Origem | Reino da Inglaterra |
Criação | 1348 |
Primeira concessão | 1348 |
Última concessão | 23 de abril de 2019[1] |
Hierarquia | |
Inferior a | filho mais velho de barões[2] |
Superior a | Antiquíssima e Nobilíssima Ordem do Cardo-Selvagem |
Imagem complementar ![]() Barreta |
Por ser o mais antigo sistema de honras britânico, é visto como a mais importante comenda desde essa altura até aos dias de hoje. Supõe-se que tenha sido criada para destacar os esforços do reino e de aliados, para conquistar a Terra Santa e um "Império Cristão" nas subsequentes cruzadas, em uma época de ouro para os cavaleiros, a nobreza das guerras.
Os membros da ordem, destacam nobres e reis, são limitados ao Soberano, ao Príncipe de Gales e somente mais vinte e quatro membros ou companheiros, que também incluem cavaleiros e damas supranumerários (por exemplo, membros da família real e monarcas estrangeiros). Conceder a honra, é descrito como uma das poucas prerrogativas executivas remanescentes do monarca de caráter verdadeiramente pessoal.
O emblema da ordem, retratado na insígnia, é uma jarreteira com a escrita "Envergonhe-se quem nisto vê malícia", ou "Maldito seja quem pense mal disto” (do francês antigo: Honi soit qui mal y pense) em letras douradas. Os membros da ordem recebem uma liga nas ocasiões cerimoniais.
A maioria das honrarias britânicas abrange todo o Reino Unido, mas as três mais importantes pertencem a uma nação constituinte. A Ordem da Jarreteira, pertencente a Inglaterra e Gales, é a de maior idade e precedência; a Antiquíssima e Nobilíssima Ordem do Cardo pertence à Escócia; e a agora em desuso Ilustríssima Ordem de São Patrício pertencia à Irlanda. Novas nomeações para a Ordem da Jarreteira sempre são anunciadas no Dia de São Jorge, em 23 de abril.
O rei Eduardo III fundou a Ordem da Jarreteira como "uma sociedade, uma companhia e uma escola de cavaleiros".[3]
O ano da fundação é usualmente presumido ser 1348, entretanto, o Complete Peerage, no "The Founders of the Order of the Garter", diz que os estatutos da ordem foram primeiro instituídos em 23 de abril de 1344, anunciando cada membro fundador como cavaleiro em 1344, incluindo Sir Sanchet d'Abrichcourt que morreu em 20 de outubro de 1345.[4] Outras datas de 1344 a 1351 também foram propostas. As contas dos armários do rei mostram hábitos da Jarreteira pela primeira vez no outono de 1348; pelos seus estatutos originais, era necessário que cada membro já fosse um cavaleiro (o que hoje seria chamado de Cavaleiro Celibatário) e alguns dos membros iniciais eram apenas feito cavaleiros nesse mesmo ano.[5] O conceito foi seguido durante o próximo século por outros monarcas europeus, de fundar suas próprias e prestigiadas ordens de cavalaria.
Os antigos arquivos da ordem foram destruídos pelo fogo, embora se pense que em 1344 ou 1348 o rei Eduardo III tenha proclamado São Jorge como patrono da Inglaterra.[6] Apesar do seu culto ter sido proibido à época da reforma, a capela de São Jorge, em Windsor (completada entre 1483 e 1528) manteve-se como sede da ordem.[7]
A Ordem da Jarreteira é mais antiga remanescente e mais prestigiosa ordem de cavalaria do Reino Unido desde sua concepção até hoje.[8]
Em 1344, um grande torneio foi disputado em Windsor, que superou em esplendor todos os outros realizados neste período pelos monarcas europeus. Proeminentes cavaleiros de toda a Europa foram convidados. Acredita-se que o rei foi surpreendido com a ideia para a fundação da ordem durante o torneio. O torneio e a fundação da ordem, pouco depois, são considerados o apogeu da "Era da Cavalaria", quando as maneiras da corte, heráldica e comportamento cavalheiresco, em geral, chegaram na sua maior perfeição.[9]
Os 26 cavaleiros fundadores da Ordem da Jarreteira são os seguintes, listados na ordem de ascensão pelos números na Tenda da Jarreteira na Capela de São Jorge, sem contar o soberano, Eduardo III de Inglaterra:[10][11]
A Ordem da Jarreteira, cuja tradução correta seria antes "Ordem da Liga" (em inglês Order of the Garter) em Portugal era primitivamente chamada "Ordem da Garrotea" que significava "Ordem do Laço".[13]
O equivoco, que fez distanciar do seu nome original que traduzia uma estreita liga/enlace entre homens, através de um sério acordo entre pariatos nobres e amigos, trocado por uma ordinária liga para segurar as meias, advém de uma fantasiosa história, que está associada à criação desta ordem, possivelmente com a pretensão de denegri-la e aos movimentos ou pessoas que a defendiam e aos seus ideais cavalheirescos.[14]
Essa lenda conta que Eduardo III estava dançando com a Condessa de Salisbury numa grande festa da corte, quando esta deixou cair a sua jarreteira. Ao apanhá-la do chão e amarrá-la de volta à sua perna, o rei reparou que os presentes os fitavam com sorrisos e murmúrios. Irado, exclamou: «Honni soit qui mal y pense» ("envergonhe-se quem nisto vê malícia"), frase que se tornou o lema da ordem;[15] disse ele ainda que tornaria aquela pequena jarreteira azul tão gloriosa que todos a haveriam de desejar.[14] Sendo esta história verdadeira ou não, a Ordem da Jarreteira foi, de fato, criada por Eduardo III, o seu símbolo é uma jarreteira azul escuro, de rebordo dourado, em que aparecem inscritas, em francês, as palavras ditas pelo rei. Mas a verdade é que o seu símbolo era um cinto e que, depois de o sabermos, ainda o vemos lá.
Outra possibilidade, apresentada por alguns, é que a ordem tenha tomado o seu nome do pendente ou jóia mostrada tradicionalmente nas representações de São Jorge. A insígnia da ordem inclui um colar e uma insígnia pendurada, conhecida como Great George, de ouro e esmalte, em que aparece São Jorge a cavalo, matando o dragão. Ainda existe uma segunda medalha, conhecida como Lesser George.[16]
De acordo com outra lenda, o rei Ricardo I foi inspirado no século XII por São Jorge o Mártir enquanto lutava nas Cruzadas para amarrar ligas ao redor das pernas dos seus cavaleiros, que posteriormente ganharam a batalha. O rei Eduardo supostamente reavivou esse evento no século XIV quando fundou a ordem.[5] Outra explicação é que o lema se refere à alegação de Eduardo ao trono da França e a Ordem da Jarreteira foi criada para ajudar a buscar essa afirmação. O uso da liga como um emblema pode ter derivado de tiras utilizadas para fixar armaduras.[3]
Os eruditos medievais têm apontado para uma ligação entre a Ordem da Jarreteira e o poema inglês médio, Sir Gawain e o Cavaleiro Verde. Em Gawain, um cinto, muito semelhante em suas conotações eróticas para a liga, desempenha um papel proeminente. Uma versão aproximada do lema da ordem também aparece no texto. Ele traduz do francês antigo como "Maldito seja um coração covarde e avarento."[17]
Enquanto o autor do poema permanece controverso, parece haver uma conexão entre dois dos principais candidatos e a Ordem da Jarreteira. O acadêmico J.P. Oakden sugeriu que ele é alguém relacionado com João de Gante, e, mais importante, um membro da ordem. Outra teoria concorrente é que o trabalho foi escrito por Enguerrando VII de Coucy, sétimo Sire de Coucy. O Sire de Coucy foi casado com a filha do rei Eduardo III, Isabela de Coucy, e foi dado a admissão à Ordem da Jarreteira no dia do casamento.[18]
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