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Lapões

Grupo étnico Da Wikipédia, a enciclopédia livre

Lapões
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O povo lapão, também conhecido atualmente [6][7][8][9] como povo Sámi [10][11][12][13][14][15] (em sámi do Norte: sápmelaš, PRONÚNCIA; em finlandês: saamelainen; em sueco e norueguês: same; em russo: саамы) - constitui o grupo étnico nativo da Lapónia, ou Lapônia, (Sápmi; literalmente: "Terra dos Sâmi"), um território abrangendo partes das regiões setentrionais da Noruega, Suécia, Finlândia e da península de Kola, na Rússia. Habitam zonas serranas (fjäll), zonas florestais, zonas costeiras, zonas geladas e fiordes noruegueses. [16][17][18]

Factos rápidos População total, Regiões com população significativa ...
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Distribuição geográfica dos sâmis
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Trajes sâmis tradicionais (Samediggi de Noruega)

Os sâmis são um dos maiores povos indígenas da Europa, totalizando cerca de 70,000 pessoas, das quais 17,000 vivem na Suécia, 35,000 na Noruega, 5,700 na Finlândia e 2,000 na Rússia.[19][20][21]

Falam um grupo de dez variedades linguísticas distintas denominadas genericamente como apenas sámi ou lapão, pertencente à família das línguas fino-úgricas (do grupo linguístico raro no qual se encontram o finlandês e o húngaro).[18]

Destas, seis possuem sua própria norma escrita.[22] As línguas sámi têm um alto grau de parentesco, mas não são mutuamente inteligíveis. Por exemplo, falantes do sámi do sul não compreendem o sámi do norte. Inicialmente, referiam-se estas distintas línguas como "dialetos", mas, hoje em dia, considera-se esta terminologia incorreta, devido às grandes diferenças entre as variedades. A maior parte destas línguas é falada em mais dum país, devido ao facto das fronteiras linguísticas não corresponderem às fronteiras nacionais.

As atividades tradicionais dos sámis são a caça, pesca, agricultura e criação de renas. Esta última implica por vezes uma vida nómada, conduzida por uma minoria. Todavia, hoje em dia a maior parte deste povo tem uma vida sedentária.[18]

A primeira descrição relativamente objetiva da vida dos sámis aparece no livro Lapponia de Johannes Schefferus publicado em 1673 na Alemanha, e traduzido 300 anos depois para sueco em 1956 .[23][24]

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História

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Perspectiva

Os vestígios mais antigos da presença humana na "Terra dos Lapões" (Sápmi) datam de 9 000 a.C. Os achados feitos no Norte da Suécia testemunham a presença de uma população que subsistia graças à caça de renas selvagens e à pesca do salmão. As suas habitações eram tendas móveis feitas de peles de animais. [25] [26]

Referências históricas

  • 98 - O historiador romano Tácito refere na sua obra Germania um povo pelo nome de fenos (fenni), uma latinização de um termo ainda usado na Noruega. Segundo ele, este povo não cultivava a terra, mas comia o que a Natureza dava. Usavam roupas feitas de peles e dormiam no chão.[25][26]
  • 150 - O geógrafo grego Ptolomeu menciona um povo pelo nome finos (finnoi), como um dos 7 povos da ilha de Escândia.[25][26]
  • 550 - O historiador bizantino Procópio informa que os escritifinos (skrithifinnoi) eram o único povo selvagem de Thule.
  • 551 - O historiador godo Jordanes escreve na sua obra Gética que os finos (finni) habitam o extremo norte da ilha de Escandza. E aponta ainda que eles e os sueãs (suíones) negociavam peles, que depois eram vendidas no Império Romano.

História genética

Os povos sámi contemporâneos possuem uma herança genética composta por duas principais linhagens: uma materna, mais antiga, e uma paterna, mais recente. Embora a linhagem paterna tenha sido amplamente estudada, ainda há muito a ser explorado sobre a linhagem materna e as interações genéticas entre essas duas linhagens. Fenotipicamente, os sámi apresentam características distintas, moldadas por sua adaptação ao ambiente ártico e sua história genética única

Sabemos hoje, que homens portadores do cromossoma Y do grupo N1c, com a mutação N1c-L026, parecem ter chegado à Finlândia, vindos do Sul dos Montes Urais, na Rússia, há cerca de 4 000 anos. Aproximadamente mil anos mais tarde, começaram a migrar para o norte da Escandinávia. Então encontraram e misturaram-se com homens noruegueses, suecos e finlandeses portadores do cromossoma Y dos grupos I1, R1a e R1b.

Isto é, os pais ancestrais dos atuais lapões chegaram à Lapónia, vindos de várias regiões – do Sul da Finlândia, do centro da Suécia e do Leste da Noruega. Num estudo de 2004, sobre o cromossoma Y de 127 homens lapões, 47% pertenciam ao grupo N1c, 26% ao grupo I1, 11% ao grupo R1a e 4% ao grupo R1b. Por outras palavras, os lapões não são, do ponto de vista genético, fundamentalmente diferentes dos outros escandinavos.

Nos tempos pré-históricos, não existiam os atuais estados nacionais. As populações da Escandinávia interagiam umas com as outras sem atritos de maior. Com o advento da Idade Média, surgiram os estados nacionais – cristãos e nacionalistas. Os lapões – pagãos e nómadas – ficaram de fora da corrente dos tempos. Os reinos nórdicos começaram ofensivas contra os lapões baseadas na intolerância religiosa e na cobiça pelos recursos geográficos e naturais dos vastos territórios em que habitavam os Lapões.

Hoje em dia, os Lapões são considerados juridicamente um povo indígena da Suécia, Noruega e Finlândia. A Convenção sobre os Povos Indígenas e Tribais de 1989 foi assinada pela Noruega, mas não pela Finlândia nem pela Suécia.[27][28][29][30]

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Lapões notáveis

  • Mari Boine - cantora da Noruega
  • Börje Salming - jogador de hóquei no gelo da Suécia
  • Enok Sarri - clarividente da Suécia
  • Lars Levi Læstadius - pastor da Suécia
  • Helga Pedersen - política da Noruega
  • Renée Zellweger - atriz dos Estados Unidos
  • Ole Henrik Magga - linguista da Noruega

Galeria

Ver também

Referências

  1. «Sámi in Sweden». sweden.se. 14 de dezembro de 2015. Consultado em 23 de junho de 2019
  2. «Focus on Sámi in Norway». Estatísticas da Noruega. Consultado em 23 de junho de 2019. Arquivado do original em 9 de março de 2012
  3. Lars Thomasson, Peter Sköld. «Samer» (em sueco). Nationalencyklopedin. Consultado em 23 de junho de 2019
  4. «Eduskunta — Kirjallinen kysymys 20/2009». Parlamento da Finlândia. Consultado em 23 de junho de 2019. Arquivado do original em 2 de junho de 2014
  5. «Russian census of 2002». Serviço Estatístico Federal da Rússia. Consultado em 23 de junho de 2019
  6. Paine, Robert (1957). «Coast Lapp society». Tromsø University Museum. 4: 3. Consultado em 25 de agosto de 2020. Cópia arquivada em 20 de abril de 2023
  7. Grimes, Barbara F.; Grimes, Joseph Evans (2000). Ethnologue. Summer Institute of Linguistics. [S.l.]: SIL International. pp. 54, 688, 695. ISBN 978-1-55671-103-9. Consultado em 25 de agosto de 2020. Cópia arquivada em 20 de abril de 2023
  8. International Union of Anthropological and Ethnological Sciences Commission on Nomadic Peoples (1983). Nomadic Peoples. [S.l.]: Commission on Nomadic Peoples. Consultado em 28 de novembro de 2015. Cópia arquivada em 20 de abril de 2023
  9. Rapp, Ole Magnus; Stein, Catherine (8 de fevereiro de 2008). «Sámis don't want to be 'Lapps'». Aftenposten. Consultado em 3 de outubro de 2008. Cópia arquivada em 29 de setembro de 2008
  10. «Sami». Infopédia. Consultado em 30 de dezembro de 2023. O povo Sami estende-se por regiões que integram não só a Suécia como as atuais Noruega, Finlândia e Rússia.
  11. «Sami os indígenas europeus que tomam conta de renas». Embaixada da Finlândia, Brasília. Consultado em 31 de maio de 2018
  12. DAVID DREW ZINGG. «Loiras, Elvis em latim e Papai Noel». Folha de S.Paulo. Consultado em 31 de maio de 2018
  13. Oliveira, Ricardo Wagner Menezes de (2016). «1.1 Vikings - Quem são e de onde vieram». Feras petrificadas: o simbolismo religioso dos animais na era viking (Dissertação de Pós-graduação). Universidade Federal da Paraíba. p. 9. ... Os sámi, também conhecidos como lapões, são um grupo étnico que habita a região da Lapônia...
  14. «Os Saami: povo de pastores de renas do extremo Norte». Portal Legionário. Consultado em 31 de maio de 2018
  15. Paulo Correia; Direção-Geral da Tradução — Comissão Europeia (Outono de 2012). «Etnónimos, uma categoria gramatical à parte?» (PDF). Sítio Web da Direção-Geral de Tradução da Comissão Europeia no portal da União Europeia. a folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias (N.º 40): 28. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2013
  16. «Samer» (em sueco). Uppslagsverket Finland - Enciclopédia Finlândia. Consultado em 26 de maio de 2015
  17. «Samer» (em norueguês). Store norske leksikon - Grande Enciclopédia Norueguesa. Consultado em 26 de maio de 2015
  18. Miranda, Ulrika Junker; Anne Hallberg (2007). «Samer». Bonniers uppslagsbok (em sueco). Estocolmo: Albert Bonniers Förlag. p. 852. 1143 páginas. ISBN 91-0-011462-6
  19. «sámi - Significado no Dicionário Rápido». dicionariorapido.com.br. Consultado em 10 de fevereiro de 2016
  20. Karlsson, Fred (2008). An Essential Finnish Grammar. Abingdon-on-Thames, Oxfordshire: Routledge, 1. ISBN 978-0-415-43914-5.
  21. Magnusson, Thomas; et al. (2004). «Samer». Vad varje svensk bör veta (em sueco). Estocolmo: Albert Bonniers Förlag e Publisher Produktion AB. p. 76. 654 páginas. ISBN 91-0-010680-1
  22. «Johannes Schefferus» (em sueco). Nationalencyklopedin – Enciclopédia Nacional Sueca. Consultado em 21 de fevereiro de 2016
  23. «Med solens folk (Com o povo do Sol)». Samer. Ett ursprungsfolk i Sverige (em sueco). Kiruna: Parlamento Lapónio da Suécia e Ministério da Agricultura da Suécia. 2004. p. 10-11. 64 páginas. ISBN 91-974667-9-4
  24. Inger Zachrisson (2010). «Vittnesbörd om pälshandel?» (PDF). Fornvännen - Journal of Swedish Antiquarian Research (em sueco)
  25. Max Ingman e Ulf Gyllensten. «A recent genetic link between Sami and the Volga-Ural region of Russia» (em inglês). European Journal of Human Genetics. Consultado em 9 de janeiro de 2017
  26. Per Möller, Olof Östlund, Lena Barnekow, Per Sandgren, Frida Palmbo, Eske Willerslev. «Living at the margin of the retreating Fennoscandian ice sheet: The early Mesolithic sites at Aareavaara, northernmost Sweden» (em inglês). The Holocene. Consultado em 9 de janeiro de 2017
  27. Bojs, Karin; Peter Sjölund (2016). «Samer». Svenskarna och deras fäder. De senaste 11 000 åren (em sueco). Estocolmo: Albert Bonniers. p. 81-87. 232 páginas. ISBN 9789100167547
  28. «Indigenous and Tribal Peoples Convention, 1989 (No. 169)» (em inglês, francês, espanhol, árabe, alemão, e russo). ILO – International Labour Organization. Consultado em 9 de janeiro de 2017
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Bibliografia

Ligações externas

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