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Terra Indígena do Vale do Javari

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Terra Indígena do Vale do Javari
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A Terra Indígena do Vale do Javari é uma terra indígena localizada em quatro municípios no oeste do estado brasileiro do Amazonas (região norte do Brasil).[2][1][3] Foi demarcada por decreto do presidente Fernando Henrique Cardoso em 2 de maio de 2001 (homologada em 2011[4]).[1] Ela é a segunda maior terra indígena do Brasil, perdendo apenas para a Terra Indígena Ianomâmi.[5]

Factos rápidos Dados ...

É habitada por diferentes povos indígenas, como os marubos, matsés, matis, kanamari, kulina. Também se encontram, dentro da reserva, quase vinte grupos isolados.[1] De acordo com a "Coordenação Geral de Índios Isolados e Recém Contatados" da Fundação Nacional do Índio no Vale do Javari, há 19 registros de indígenas isolados reconhecidos na região.[5] É a região que apresenta a maior densidade de povos indígenas isolados no mundo.[6][7][8] Os diferentes grupos indígenas são representados pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja).[9]

Em 2007, os povos tradicionais, incluindo os indígenas, foram reconhecidas pelo Governo do Brasil, através da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT),[10][11][12][13][14] que tem o modo de vida ligado aos recursos naturais e ao meio ambiente de forma harmônica, além do uso comunitário da terra.[10][15] Assim a constituição brasileira garante aos indígenas o direito a sua terra tradicional e o direito de proteção por parte do governo do Brasil.[16] Esta área habitada do Hi-Merimã está registrada no CRI e na Secretaria de Patrimônio da União (SPU) via decreto s/n de 23/09/2005.[17]

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Formação

O Vale do Javari é formado por: Igarapé Nauá; rio Itaquaí; igarapé Alerta; igarapé Inferno; rio Boia/Curuena; igarapé Lambança; rio Coari; rio Quixito; rio Esquerdo; igarapé São José.[3]

Distribuição municipal

Esta terra indígena ocupa a área de 8 544 mil hectares,[1][4] distribuídos em quatro municípios do estado do Amazonas,[1] na fronteira com o Peru:[4]

Mais informação Município, Área do município (ha) ...
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Organizações

Nesta área atuam as seguintes organizações:[1]

Etnias

Na TI do Javari vivem mais de 20 etnias: Isolados do Igarapé Alerta; Isolados do Igarapé Amburus; Isolados do Igarapé Cravo; Isolados do Igarapé Flecheira; Isolados do Igarapé Inferno; Isolados do Igarapé Lambança; Isolados do Igarapé Nauá; Isolados do Igarapé Pedro Lopes; Isolados do Igarapé São José; Isolados do Igarapé São Salvador; Isolados do Rio Jandiatuba; Isolados do Rio Bóia/Curuena; Isolados do Rio Coari; Isolados do Rio Esquerdo; Isolados do Rio Itaquaí; Isolados do Rio Pedra; Isolados do Rio Quixito; Korubo Isolados; korubo; kulina-pano; marubo; matis; matsés, kanamari, e; tsohom-dyapa ("povo-tucano” subgrupo kanamari no rios Jutaí e Itaqui,[18] possivelmente os Isolados do Alto Rio Jutaí[19]).[1]

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Ameaças

Resumir
Perspectiva

O Vale do Javari registra uma alta taxa de suicídios (142 para cada 100 mil habitantes), mais do que qualquer outro lugar no Brasil.[20] A região também sofre, atualmente, pressões predatórias de madeireiros, grileiros,[3] caçadores e pescadores (tráfico de fauna[3]),[1][6] a ação de traficantes,[6] e empresas de exploração de petróleo.[3] Até 2018 a região sofreu 0,30% de desmatamento.[3] E de acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) através do Projeto Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite (PRODES) até 2023 a a região sofreu 25225 hectares.[1]

Essas diferentes atividades afetam a população indígena, mas também a fauna e flora local. A lucrativa pesca de peixes para exportação,[21][22][23] a exploração da floresta, e o garimpo ilegal,[24] se articulam com o narcotráfico, em uma região que cobre as fronteiras do Brasil, Peru e Colômbia, permitindo a lavagem de dinheiro e o financiamento para comprar e trazer drogas ao Brasil.[25][26][27][28]

Em 2017, foi informado um massacre contra o povo Flecheiros, na região do rio Jandiatuba na TI do Vale do Javari possivelmente feito por garimpeiros na área criada para sua proteção, que está em investigação no Ministério Público Federal (MPF).[4][7][8][29][30] Os possíveis assassinos foram descobertos porque uns garimpeiros espalharam o feito na cidade amazonense de São Paulo de Olivença portando artefatos desta tribo.[30]

Em 2022, o indigenista brasileiro Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips foram assassinados durante uma viagem pelo Vale do Javari.[31] visitavam o Lago do Jaburu para entrevistar indígenas e ribeirinhos para um livro sobre a Amazônia.[32][33][34] Mais tarde, com a expedição concluída, foram à comunidade São Rafael.[32] Então o crime ocorreu no trajeto entre a comunidade e o município de Atalaia do Norte.[33]

O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Terra Indígena do Vale do Javari
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Veja também

Referências

  1. «Terra Indígena Vale do Javari». Instituto Terras Indígenas no Brasil. Consultado em 28 de setembro de 2021
  2. «Terra Indígena Vale do Javari é finalmente homologada». Instituto Socioambiental. Consultado em 7 de novembro de 2024
  3. Ricardo, Fany; Fávero Gongora, Majoí, eds. (2019). Cercos e resistências: povos indígenas isolados na Amazônia brasileira 1a edição ed. São Paulo: Instituto Socioambiental. ISBN 9788582260739. OCLC 1124955605. Resumo divulgativo
  4. Assessoria de Comunicação Social (Ascom/MMA) (12 de setembro de 2017). «Situação no Javari preocupa Ministério: Operação do Ibama no Amazonas em agosto fechou garimpos ilegais na região onde pode ter ocorrido massacre em terra indígena.». Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. Consultado em 8 de novembro de 2024
  5. MILANEZ, F. Guerra e Omissão. Carta Capital. São Paulo. Editora Confiança. 25 de novembro de 2015. p. 64,65.
  6. «Suposto massacre de povos isolados está ligado à mineração de ouro». National Geographic. 19 de dezembro de 2017. Consultado em 7 de novembro de 2024
  7. Santana, Renato (19 de abril de 2018). «Fragilidade na proteção aos povos indígenas isolados é denunciada às Nações Unidas». Conselho Indigenista Missionário. Consultado em 7 de novembro de 2024
  8. «Decreto nº 6.040, de 7 de fevereiro de 2007». Observatório de Educação. Consultado em 5 de novembro de 2024
  9. «Comissão de Agroecologia reafirma direitos dos povos e comunidades tradicionais e defende Decreto 6040». Comissão Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (CNAPO). 24 de agosto de 2018. Consultado em 5 de novembro de 2024
  10. «Descubra quais são os 28 povos e comunidades tradicionais do Brasil». Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva (Cedefes). Consultado em 12 de agosto de 2022
  11. «Os Faxinalenses são grupos sociais que compõe territórios específicos da região Centro e Centro-Sul do Estado do Paraná». Instituto Arvoredo Brasil. Consultado em 23 de janeiro de 2016. Arquivado do original em 29 de janeiro de 2016
  12. «Funai repudia declarações equivocadas e reafirma compromisso com a proteção dos direitos indígenas e a segurança de seus servidores». Ministério dos Povos Indígenas do Brasil. 2 de novembro de 2024. Consultado em 6 de novembro de 2024
  13. «Terra Indígena Hi-Merimã». Instituto Terras Indigenas do Brasil. Consultado em 14 de novembro de 2024
  14. «Tsohom-dyapa - Povos Indígenas no Brasil». pib.socioambiental.org. Consultado em 8 de novembro de 2024
  15. «Isolados no Brasil – Indigenas do Brasil». 13 de maio de 2016. Consultado em 8 de novembro de 2024. Resumo divulgativo (PDF)
  16. Nossa, Leonencio. «Suicídios no paraíso perdido». O Estado de S. Paulo. Grupo Estado. Consultado em 11 de agosto de 2015
  17. Valente, Rubens (20 de junho de 2022). «Bruno estava "atrapalhando os negócios" dos assassinos, diz investigador da polícia civil». Agência Pública. Consultado em 17 de agosto de 2022
  18. Anjos, Anna Beatriz (9 de junho de 2022). «Vale do Javari teve multa recorde por pesca ilegal de pirarucu». Agência Pública. Consultado em 17 de agosto de 2022
  19. da Silva, Vera Maria Ferreira (26 de junho de 2020). «A pesca da piracatinga: a maior ameaça ao boto-vermelho». Fauna News. Consultado em 17 de agosto de 2022
  20. Quadros, Vasconcelo (9 de outubro de 2019). «Sem apoio do Exército e com silêncio do Ibama». Agência Pública. Consultado em 17 de agosto de 2022
  21. «Vale do Javari: como pesca ilegal e tráfico de drogas se articulam na região». br.noticias.yahoo.com. 16 de junho de 2022. Consultado em 17 de agosto de 2022
  22. Dias Balieiro, Luiz Felipe de Vasconcelos; Nascimento, Izaura Rodrigues (6 de julho de 2015). «Tríplice fronteira Brasil, Peru e Colômbia e as implicações com o narcotráfico». Textos e Debates (26). ISSN 2317-1448. doi:10.18227/2317-1448ted.v2i26.2789. Consultado em 17 de agosto de 2022
  23. «"Os índios isolados foram massacrados, mas Funai diz que não há provas"». jornal Carta Capital. 11 de setembro de 2017. Consultado em 8 de novembro de 2024
  24. Silva, Ronnie Aldrin (13 de setembro de 2017). «Aumenta o extermínio de tribos indígenas isoladas». Fundação Perseu Abramo. Consultado em 8 de novembro de 2024
  25. Fontes incluem, mas não se limitam a
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