Nakba
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Nakba é uma palavra árabe (النكبة) que significa "catástrofe" ou "desastre" e designa o êxodo palestino de 1948 (em árabe, 1948 الهجرة الفلسطينية, translit. 1948 al-Hijra al-Filasṭīnīya),[1][2] quando pelo menos 711.000 árabes palestinos, segundo dados da Organização das Nações Unidas, fugiram ou foram expulsos de seus lares, em razão da guerra civil de 1947-1948 e da Guerra Árabe-Israelense de 1948.[3][4] O êxodo palestino marca o início do problema dos refugiados palestinos, um dos principais elementos do conflito árabe-israelense.
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Segundo a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA), refugiados palestinos são as "pessoas cujo lugar de residência habitual era o Mandato Britânico da Palestina entre junho de 1946 e maio de 1948 e que perderam suas casas e meios de vida como consequência da Guerra árabe-israelense de 1948",[5] ou seja, aqueles que foram obrigados a deixar a parte da Palestina que viria a constituir o Estado de Israel, indo para outras partes da região ou para países vizinhos.
A Resolução 194 da Assembleia Geral das Nações Unidas de 11 de dezembro de 1948 seria a primeira de uma série de resoluções da ONU a mencionar a necessidade de se chegar a um acordo equitativo e justo para o retorno dos refugiados ou para compensá-los pelas perdas e danos sofridos.[6] A ONU considera também os descendentes dos refugiados de 1948, de modo que o número total de refugiados registrados seria, atualmente, superior a 4 milhões.[7]
Já em 1948, o historiador sírio Constantine Zureiq utilizou pela primeira vez o termo Nakba para se referir ao acontecimento, em seu livro Ma'na al-Nakba ("O significado do Desastre")[8] Para o historiador israelense Ilan Pappé, o termo Nakba foi adotado, por razões compreensíveis, como uma tentativa de se contrapor ao peso moral do Holocausto dos judeus (Shoah), mas, ao se referir mais ao desastre em si e não a quem ou o que causou o desastre, o termo pode ter contribuído para a contínua negação pelo mundo da limpeza étnica da Palestina, a partir de 1948.[9][10]
Segundo o acadêmico palestino Nur-eldeen Masalha mais de 80% dos habitantes árabes da região que viria a ser o Estado de Israel abandonaram suas cidades e aldeias.[11] O avanço dos judeus, como o ocorrido em Haifa, somado ao medo de um massacre, após o ocorrido em Deir Yaassin,[12] e o colapso da liderança palestina fizeram com que muitos dos habitantes árabes fugissem devido ao pânico. Uma série de leis israelenses sobre a propriedade da terra, aprovadas pelo primeiro governo israelense, impediu que os árabes palestinos retornassem posteriormente aos seus lares ou fizessem valer seus direitos de propriedade. Essas pessoas e muitos dos seus descendentes continuam a ser considerados refugiados.[13]
Durante a conferência de Lausanne de 1949, Israel propôs o retorno de 100.000 destes refugiados à região (embora não necessariamente às suas casas), incluindo 25.000 que haviam retornado de maneira sigilosa e 10.000 casos de reunião de famílias que haviam sido separadas.[14] A proposta estava condicionada a um tratado de paz que permitisse que Israel mantivesse o território que havia conquistado, e à absorção, pelos Estados árabes, dos 550.000 - 650.000 refugiados restantes. Os Estados árabes rejeitaram a proposta alegando tanto motivos políticos quanto morais.[15]
O status dos refugiados - em especial com referência ao direito de retorno ou ao direito de receber uma compensação - é um das principais questões envolvidas no conflito israelo-palestino.
Os eventos de 1948 são lembrados pelos palestinos todos os anos, no dia 15 de maio, o dia seguinte à comemoração da independência de Israel, no feriado que ficou conhecido como Dia da Nakba.[16][17] Em fevereiro de 2010, o Knesset aprovou uma lei que proíbe manifestações públicas em Israel, no dia 15 de maio.[18]