Carne artificial
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Carne cultivada, também conhecida como carne de laboratório, carne de cultura ou ainda carne artificial, é a carne produzida por cultura de células in vitro de células animais, em vez de de animais abatidos.[1] Ou seja, é uma carne que nunca foi parte de um animal vivo completo. A carne cultivada é produzida baseada em muitas das mesmas técnicas de engenharia de tecidos tradicionalmente usadas na medicina regenerativa.[2] O conceito de carne cultivada foi popularizado por Jason Matheny no início de 2000 após a coautoria de um artigo seminal[3] sobre a produção de carne cultivada e a criação da New Harvest, a primeira organização sem fins lucrativos do mundo dedicada a apoiar a pesquisa de carne in vitro.[4]
Em 2013, Mark Post, um professor da Universidade de Maastricht, foi o primeiro a apresentar uma prova de conceito para carne cultivada, criando o primeiro hambúrguer cultivado diretamente de células. Desde então, vários protótipos de carne cultivada ganharam a atenção dos meios de comunicação de massa. Muitos biólogos alegam que esta tecnologia está pronta para uso comercial e simplesmente precisa de uma companhia para apoiar isso. Segundo estes, a produção de carne criada em laboratório poderia até mesmo ser mais barata que a carne comum, considerando que na carne tradicional, os custos incluem o crescimento do animal e a proteção ambiental (significando que há poucos pontos negativos associados à carne in vitro).
O processo de produção ainda tem muito espaço para melhorias, mas tem avançado em várias empresas.[5] Suas aplicações levam a ter várias considerações morais, de saúde, ambientais, culturais e econômicas prospectivas em comparação com a carne convencional.[6] Os grupos defensores dos animais são a favor da carne cultivada, pois ela não possui um sistema nervoso, e por isso não pode sentir dor.[7][8] O objetivo da carne de laboratório não é atingir o público vegetariano, mas sim os "adoradores de carne". Eles procuram criar uma alternativa com bom preço, sabor agradável e valor nutricional compatível com o da carne natural. Tanto Brown quanto Post classificaram a criação de animais para a produção de carne como obsoleta e inimiga do ambiente. Um quinto das emissões globais de gases com efeito estufa está ligado à prática, que também consome muita água.[9][10]
Em dezembro de 2020, Singapura tornou-se o o primeiro país do mundo a aprovar a comercialização de carne cultivada em laboratório.[11][12][13][14]
Atualmente, uma das principais técnicas mais promissoras para o cultivo de carnes de laboratório é a bioimpressão. Utilizando-se de bioimpressoras de tecidos, pesquisadores células-tronco de animais para criar alimentos com texturas, cores e sabores semelhantes ao adquiridos da proteína animal.[15] Após o cultivo das células, estas são adicionadas à uma pasta, conhecida como biotinta, que contém aditivos que permitem a sobrevivência do material orgânico e compostos que dão resistência e maleabilidade ao tecido que será impresso. Após a impressão, o material é deixado para crescer e se desenvolver até que atinja o ponto ideal para comercialização, onde estará perfeito para cozimento.
No entanto, a discussão sobre o futuro dessa inovadora técnica de produção de alimentos está longe de alcançar um consenso definitivo. Enquanto alguns enxergam seus benefícios como promessas revolucionárias, outros expressam preocupações sobre suas implicações a longo prazo. Uma das vantagens mais proeminentes é a sua capacidade de oferecer alimentos mais seguros para os consumidores. Ao eliminar a presença da Escherichia Coli e minimizar o risco de contaminação por antibióticos usados na criação de gado, essa abordagem pode ajudar a prevenir surtos de doenças transmitidas por alimentos. [16]
Além disso, a produção de alimentos utilizando essa técnica permite um controle mais preciso dos níveis de gordura e colesterol. Essa regulamentação não só contribui para a criação de produtos mais saudáveis, mas também ajuda a mitigar potenciais problemas de saúde associados ao consumo excessivo dessas substâncias.[16]
Do outro lado da moeda, pode-se avaliar os argumentos contrários à implantação da técnica de carne cultivada. Alguns questionam os impactos no bem-estar animal e a perda de empregos no setor agrícola tradicional. Além disso, a dependência crescente da tecnologia pode levantar preocupações sobre a segurança alimentar em caso de falhas sistêmicas. No entanto, muitos defensores argumentam que essa técnica poderia desempenhar um papel crucial na alimentação global, especialmente à medida que enfrentamos desafios como a mudança climática e o crescimento populacional.[16]
Assim, enquanto o potencial dessa técnica é inegável, seu futuro permanece sujeito a um intenso debate e avaliação de seus impactos tanto positivos quanto negativos.