Combate urbano na Revolta Paulista de 1924
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O combate urbano na Revolta Paulista de 1924 foi a mais violenta guerra desse tipo na história do Brasil, conflagrando a cidade de São Paulo de 5 a 27 de julho daquele ano. Os revolucionários tenentistas, liderados pelo general Isidoro Dias Lopes, pretendiam tomar a cidade em poucas horas, mas ficaram presos em combate na região central contra as forças leais ao governo de Artur Bernardes. Em 8 de julho os legalistas retiraram-se à periferia, organizando-se na “Divisão de Operações no Estado de São Paulo” do general Eduardo Sócrates, reiniciando os combates nos bairros operários ao sul e leste. Não havia um cerco completo; os rebeldes tinham estradas abertas a seu território no interior, pelas quais eles se retiraram da cidade na noite de 27 de julho e continuaram o movimento.
Nas primeiras horas da Revolta os conspiradores tomaram unidades do Exército Brasileiro e o principal complexo de quartéis da Força Pública de São Paulo, no bairro da Luz. Em seguida, não conseguiram o reforço esperado do 4.º Regimento de Infantaria, não cortaram as comunicações telegráficas a tempo, foram rechaçados no ataque ao Palácio dos Campos Elíseos, residência do governador, e cancelaram seus planos de invasão ao Rio de Janeiro devido à mudança de lado do 4.º Batalhão da Força Pública, na Luz. Ambos os lados tinham cerca de mil combatentes no início, e os primeiros dias de combate foram indecisos. Trincheiras improvisadas lotaram o centro. Em 8 de julho, a pressão da artilharia contra o governador Carlos de Campos levou-o a abandonar o centro, e as tropas legalistas fizeram o mesmo. Esta decisão foi controversa, pois entregou a cidade nas mãos dos rebeldes, que a esse ponto pensavam em desistir.
Com seu posto de comando em Guaiaúna, na Penha, os legalistas, divididos em cinco brigadas, iniciaram uma ofensiva em um semicírculo do Ipiranga a Vila Maria, concentrados nos trilhos da São Paulo Railway e Estrada de Ferro Central do Brasil. Contínuos reforços do Exército, Marinha e Forças Públicas deram-lhes uma grande vantagem numérica (cerca de 15 mil contra mais de 3 mil rebeldes) e de artilharia, com a qual um bombardeio intenso foi lançado a partir do dia 11, atingindo principalmente alvos civis. O governo controlava os morros ao redor da cidade, enquanto os rebeldes tinham posições de observação no alto das fábricas e outros edifícios. As barricadas de rua eram rudimentares, mas uma reserva motorizada na Luz respondia aos ataques legalistas.
A eficiência da ofensiva do governo foi criticada em diversos pontos pelo general legalista Abílio de Noronha. A brigada mais agressiva, do general Tertuliano Potiguara, na Mooca, expôs seus flancos no dia 14 e foi obrigada a recuar, expondo o flanco direito da brigada Carlos Arlindo, que perdeu seus ganhos na Liberdade e Cambuci. Mas a pressão legalista continuava, usando inclusive carros de combate e a Aviação Militar. Os rebeldes improvisaram esses itens o quanto puderam, construíram um trem blindado e recrutaram batalhões de imigrantes. Dos dias 23 a 27, os legalistas conquistaram importantes redutos como o Largo do Cambuci, a Fábrica Antárctica, Cotonifício Crespi e Hipódromo da Mooca. Esta pressão foi insuficiente para fixar os rebeldes, que recuaram de trem à noite com seu exército praticamente intacto; somente na manhã de 28 de julho o governo se deu conta que a cidade era sua.