Interior de São Paulo na Revolta Paulista de 1924
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O interior de São Paulo foi palco da Revolta Paulista de 1924 desde julho, paralelamente à batalha pela cidade de São Paulo, até agosto e setembro, quando os rebeldes deixaram a capital e rumaram à divisa estadual, primeiro ao sul de Mato Grosso e depois ao Paraná. Há registro de revolta em 87 municípios, e em outros 32, de apoio à revolta. Facções políticas locais aderiram a um ou outro lado do conflito, cujo impacto foi sentido mesmo em municípios nunca percorridos pelo exército revolucionário.
As lideranças políticas municipais estavam alinhadas ao Partido Republicano Paulista e tendiam a ser contrárias à revolta, chegando a mobilizar seus eleitores em batalhões patrióticos para defender a causa dos governos estadual e federal. O centro do poder estadual estava ocupado pelos rebeldes, e dissidentes locais encontraram oportunidades para tomar o poder e instalar governos favoráveis à revolta, seja por iniciativa própria ou aliados aos militares rebeldes. Independente do lado, as prefeituras precisavam lidar com um clima de desordem e acolher centenas de milhares de refugiados da capital. A 9 de julho os rebeldes controlavam Itu, Jundiaí e Rio Claro, tomadas pelas unidades locais do Exército Brasileiro, e Campinas, uma das cidades mais importantes do estado. O governo tinha firmes, desde o início, a conexão com o Paraná, de Itararé até Itapetininga, o vale do Paraíba e a baixada Santista.
Três brigadas legalistas vieram do Paraná, Mato Grosso e Minas Gerais para sitiar a capital; contra elas, os rebeldes mandaram três destacamentos. A brigada mineira foi derrotada na Estrada de Ferro Mogiana pela “Coluna da Morte” de João Cabanas. A brigada mato-grossense demorou demais para se deslocar, permitindo a captura pelos rebeldes de Bauru, entroncamento ferroviário crucial. 300 soldados da Força Pública de São Paulo que poderiam ter defendido Bauru haviam sido mandados embora pelo seu comandante em 10 de julho, após o governo estadual retirar-se do Palácio dos Campos Elíseos. A ofensiva legalista só teve sucesso na Estrada de Ferro Sorocabana, onde a “Coluna Sul” venceu as batalhas de Pantojo e Mairinque. Ela já estava prestes a cortar a única ligação férrea de São Paulo a Campinas quando o comando revolucionário abandonou a cidade com todo seu exército, na noite de 27 de julho. Portanto, essa campanha no interior foi fundamental para o desfecho da luta na capital.
A retirada seguiu na direção do rio Paraná, divisa com Mato Grosso. Como a conexão ferroviária por Três Lagoas estava ocupada, os rebeldes deram a volta em Botucatu e seguiram a Presidente Epitácio, alcançada pela vanguarda em 6 de agosto. Ao longo de todo o trajeto os legalistas da Coluna Sul, comandados pelo general Azevedo Costa, seguiram no seu encalço, travando diversas batalhas. De Botucatu em diante, a retaguarda dos rebeldes foi garantida pela Coluna da Morte, que destruía a infraestrutura ferroviária para retardar o inimigo. Na vanguarda, um batalhão rebelde adentrou Mato Grosso, onde foi derrotado na batalha de Três Lagoas, em 18 de agosto. Restou a opção de descer o rio e se fixar no oeste do Paraná. Em 10 de setembro todos os rebeldes já haviam deixado Presidente Epitácio, mas a descida do rio foi lenta, e só em outubro todos estavam no Paraná, onde a campanha prolongou-se até 1925.