Loading AI tools
Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Nathan Freudenthal Leopold, Jr. (Chicago, 19 de dezembro de 1904 — Porto Rico, 29 de agosto de 1971) e Richard Albert Loeb (Chicago, 11 de junho de 1905 — Joliet, 28 de janeiro de 1936), mais conhecidos como "Leopold e Loeb", foram dois estudantes da Universidade de Chicago que mataram Bobby Franks, de 14 anos de idade, em 1924, e foram sentenciados à prisão perpétua.[1] Eles afirmaram ter matado o garoto apenas pela vontade de cometer um crime perfeito. Quando presos, os dois contrataram Clarence Darrow para ser seu advogado de defesa.
Nathan Leopold | |
---|---|
Nome | Nathan Freudenthal Leopold Jr. |
Data de nascimento | 19 de dezembro de 1904 |
Local de nascimento | Chicago, Illinois, Estados Unidos |
Data de morte | 29 de agosto de 1971 (66 anos) |
Local de morte | Porto Rico |
Nacionalidade(s) | norte-americano |
Crime(s) | Homicídio, sequestro |
Pena | Perpétua |
Richard Loeb | |
---|---|
Nome | Richard Albert Loeb |
Data de nascimento | 11 de junho de 1905 |
Local de nascimento | Chicago, Illinois, Estados Unidos |
Data de morte | 28 de janeiro de 1936 (30 anos) |
Local de morte | Joliet, Illinois, Estados Unidos |
Nacionalidade(s) | norte-americano |
Crime(s) | Homicídio, sequestro |
Pena | Perpétua |
Leopold, com 19 anos na época do assassinato, e Loeb com 18, se inspiraram na obra de Friedrich Nietzsche para cometer o crime perfeito, nesse caso sequestro e assassinato.[2] Antes do assassinato, Leopold escreveu para Loeb: "Um superhomem (...) é, em virtude de certas qualidades superiores inerentes a ele, isento das leis comuns que regem os homens. Ele não é responsável por qualquer coisa que ele possa fazer".[3]
Os dois eram bastante inteligentes. Nathan Leopold era superdotado, e falou suas primeiras palavras com quatro meses.[carece de fontes] Leopold já havia terminado a faculdade, se formando em Phi Beta Kappa e estava cursando Direito na Universidade de Chicago.[2] Ele dizia ter estudado 15 línguas, mas em fato só falava quatro.[4]
Loeb era o mais jovem graduado na história da Universidade de Michigan[2] e planejava cursar Direito na Universidade de Chicago após terminar alguns cursos de pós-graduação.[2] Leopold planeja se transferir para Harvard em Setembro, depois de viajar pela Europa.
Leopold, Loeb e Frank viviam em Kenwood, um rico bairro judeu de Chicago. O pai de Loeb, Albert, começou a sua carreira como advogado e se tornou vice-presidente da Sears and Roebuck. Além da mansão em Kenwood, dois quarteirões da casa de Leopold, a família Loeb tinha uma residência de verão em Charlevoix, Michigan. Richard Loeb era filho de uma mãe católica e de um pai judeu. A família de Frank, originalmente judia, se converteu à ciência cristã.[5]
Leopold e Loeb se conheceram ainda adolescentes na Universidade de Chicago. Os dois se tornaram cúmplices.[6] e começaram a cometer pequenos furtos e crimes, que iam ficando cada vez mais sérios, até culminar num assassinato.[2]
Leopold e Loeb gastaram um ano planejando o assassinato.[7] Até que numa quarta feira, mais precisamente no dia 21 de maio de 1924, eles puseram seu plano em prática. Os dois atraíram Frank, vizinho e parente de Loeb, para dentro de um carro. Lá os dois usaram um talhador.[8] Após isso, Leopold ou Loeb tamparam a boca do menino com uma meia. Frank morreu minutos depois.
Os dois cobriram o corpo e o levaram para uma área remota de Wolf Lake em Hammond, Indiana. Eles retiraram as roupas de Frank e o esconderam perto de uma rodovia. Leopold e Loeb jogaram ácido clorídrico[9] no corpo para dificultar sua identificação. Eles então foram lanchar numa barraca de cachorro quente. Após o lanche os dois voltaram e levaram o corpo para uma região mais afastada, junto à rodovia estadual, ao norte de Wolf Lake.
Voltando para Chicago, eles ligaram e escreveram um bilhete para a mãe de Frank, dizendo que o filho dela havia sido sequestrado. Os assassinos queimaram algumas roupas usadas no crime e limparam o estofado sujo de sangue do carro que eles alugaram. Os dois passaram a noite jogando cartas.
Todavia, antes da família de Frank pagar o resgate, Tony Minke, um imigrante polonês, descobriu o corpo.[7][8] Quando Leopold e Loeb souberam do achado, queimaram outras roupas e destruíram a máquina usada para escrever o pedido de resgate.[7][8]
Um par de óculos foi encontrado perto do corpo, sendo que as dobradiças dele eram feitas por um mecanismo difícil de ser encontrado. Em Chicago, apenas três pessoas haviam adquirido o mecanismo, e uma delas era Nathan Leopold.[10]
Quando questionado, Leopold disse a policia que os havia perdido enquanto observava pássaros.[11] Loeb disse a policia que estava com Leopold na noite do crime. Segundo eles, os dois haviam saído com o carro de Leopold e passado a noite com duas mulheres desconhecidas, a qual eles deixaram perto de um campo de golfe. Todavia, o carro de Leopold estava no conserto àquela noite, sendo que a mulher do mecânico confirmou que o carro estava na garagem àquela noite.
Durante os interrogatórios, os álibis de Leopold e Loeb caíram. Loeb confessou primeiro, sendo seguido por Leopold.[12] Apesar dos depoimentos terem contribuído para esclarecer o crime, os rapazes se acusaram mutuamente pelo assassinato.[7][8] Grande parte dos investigadores acreditaram que Loeb deu o golpe que matou Frank.[6] Segundo as confissões, o dinheiro do resgate não era importante, pois a família de ambos dava o que eles precisavam. Eles admitiram que foram guiados pela emoção ao cometer um crime. Quando estavam presos, os dois deram diversas entrevistas à imprensa contando pormenores do assassinato.
O julgamento se tornou um espetáculo na mídia. Realizado na Courthouse Place, foi um dos primeiros casos nos EUA a ser apelidado de "julgamento do século".[13] A família de Loeb contratou Clarence Darrow, de 67 anos, conhecido por defender sequestradores e assassinos.[14] Enquanto a mídia esperava que Leopold e Loeb alegassem insanidade mental, Darrow surpreendeu todos quando os dois se declararam culpados. Dessa forma ele evitou um júri popular, que acreditava poder condenar os seus dois clientes à pena de morte.[14] Em vez disso, ele pôde montar o caso de seus clientes em frente a apenas uma pessoa, o juiz do Condado de Cook, John R. Caverly.
Durante as doze horas do último dia de julgamento, fez uma declaração, considerada a melhor de sua carreira. O discurso incluía: "Esse terrível crime era inerente a esses garotos, que se originou no passado … devemos culpar alguém que tomou os ensinamentos de Nietzsche em sua vida? … devemos realmente condenar um garoto de 19 anos pela filosofia que foi obrigado a absorver na faculdade?"[15] O juiz sentenciou Leopold e Loeb a prisão perpétua por assassinato, adicionados 99 anos pelo sequestro.[14]
Na prisão, Leopold e Loeb começaram a dar aulas para os outros presos na escola da penitenciaria.[16] Em 28 de janeiro de 1936, Loeb foi atacado por James E. Day com uma navalha no vestiário da prisão, morrendo dos ferimentos.[2][16] Segundo Day, ele matou Loeb por que ele havia tentado abusar sexualmente dele, embora isso nunca tenha sido provado. Todavia um inquérito foi feito, e as autoridades da prisão concluíram que Day agiu em legitima defesa.[2][16] Sobre o caso, o jornalista Ed Lahey escreveu para o Chicago Daily News: "Richard Loeb, apesar de sua erudição, no dia de hoje terminou sua vida com uma preposição…"[17][18] Em 1944, Leopold esteve na Penitenciária de estudos da Malária de Stateville , onde foi voluntário para ser infectado com malária.[19] Nos idos de 1958, após 33 anos de prisão, Leopold recebeu condicional.[2][4] Naquele ano ele escreveu uma autobiografia intitulada Life Plus 99 Years.[2][4][20] Leopold se mudou para Porto Rico e se casou com uma florista.[2][4] Ele era conhecido como "Nate" pelos vizinhos e pelos colegas de trabalho no Hospital Geral de Castañer, em Porto Rico, onde trabalhava num laboratório.[21]
Ele até planejou escrever um outro livro, intitulado Snatch for a Halo, sobre sua vida na prisão, coisa que nunca fez. Tempos depois ele tentou bloquear o filme Compulsion, alegando invasão de privacidade e difamação ganhando dinheiro em cima da sua imagem.[21]
Ele morreu de ataque do coração, agravado por sua diabetes em 29 de agosto de 1971 com 66 anos.[2][4] Ele doou seus órgãos.[2]
Leopold e Loeb foram inspiração para diversos filmes e peças teatrais. No ano de 1929 foi feita a peça Rope por Patrick Hamilton, que inspirou o filme de Alfred Hitchcock. Em 1956, Meyer Levin reviveu o crime em um livro chamado Compulsion, em uma versão dramatizada do caso, mudando o nome dos personagens para "Steiner and Strauss." Três anos depois, o livro virou filme. A peça Never the Sinner, foi criada por John Logan e encenada em 1988.
Outras obras foram inspiradas no crime, como o filme de Tom Kalin, Swoon de 1992, com certas insinuações gays do caso. O filme de Michael Haneke, Funny Games de 1997 e refilmado em 2008 foram inspirados em Leopold e Loeb.
Nathan Leopold aparece como personagem na peça de Nicky Silver, The Agony & The Agony.
O crime também inspirou episódios da série de TV Law & Order, além de ser citado em um episódio das séries Seinfeld (temp. 4, ep. 19), Supernatural (temp. 10, ep. 6) e Better Call Saul (temp. 6, ep. 7). Também inspirou um episódio de Criminal Minds.
Leopold e Loeb também são tema de uma graphic novel, feita por Daniel Clowes em 2005 chamada Ice Haven.
Seamless Wikipedia browsing. On steroids.
Every time you click a link to Wikipedia, Wiktionary or Wikiquote in your browser's search results, it will show the modern Wikiwand interface.
Wikiwand extension is a five stars, simple, with minimum permission required to keep your browsing private, safe and transparent.