Madame Satã
transformista brasileiro / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
João Francisco dos Santos[1] (Glória do Goitá[2], 25 de fevereiro de 1900[3] — Rio de Janeiro, 12 de abril de 1976[4]), mais conhecido como Madame Satã, foi um transformista brasileiro, uma figura emblemática e um dos personagens mais representativos da vida noturna e marginal da Lapa carioca na primeira metade do século XX.
Madame Satã | |
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Madame Satã em 1972 | |
Nome completo | João Francisco dos Santos |
Nascimento | 25 de fevereiro de 1900 Glória do Goitá, Pernambuco |
Morte | 12 de abril de 1976 (76 anos) Rio de Janeiro, Rio de Janeiro |
Nacionalidade | brasileiro |
Ocupação | artista |
Nascido em Glória do Goitá[2], um município brasileiro localizado no interior do estado de Pernambuco, na Zona da Mata, João Francisco se mudou para a Lapa – que na época passava por um processo de transformação e gentrificação – aos 13 anos, onde viveu como criança de rua até conseguir um emprego como vendedor ambulante de pratos e panelas de alumínio.[5]
Foi em sua juventude na Lapa que João aprendeu a ser segurança, garçom, cozinheiro, capoeirista, vindo a ser posteriormente um criminoso. Porém, desde que conseguiu entrar para o teatro, João se afastou da vida boêmia do bairro que tanto conhecia. Em uma noite de 1928, quando voltava do trabalho, João resolveu jantar em um boteco – local onde encontrou Alberto, um vigilante noturno. O transformista, após ser provocado pelo vigia, pegou uma pistola e atirou no guarda. João foi condenado e passou dois anos e três meses na prisão de Ilha Grande. Depois de ser preso, João se afastou da carreira de artista e passou a viver uma carreira marginal.[6]
Cerca de dois anos depois, João Francisco foi absolvido de sua pena ao alegar legítima defesa. Apesar da absolvição, a vida do transformista foi marcada por outros 29 processos[7] – 3 homicídios, 13 agressões, 2 furtos, 3 desacatos, 4 resistências a prisão, 1 ultraje ao pudor e 1 porte de arma, entre outros. Nos processos os quais foi indiciado, João foi condenado em dez[1], passando um total de 27 anos e 8 meses de sua vida, intercalados, na prisão.[1][8] Com sua larga ficha criminal, João Francisco era um alvo fácil para os policiais.
O famoso apelido, Madame Satã, foi atribuído a João Francisco apenas no carnaval de 1938.[9] Neste ano, o transformista desfilou pela primeira vez, trajando uma fantasia dourada – inspirada em um morcego típico de sua cidade natal. João garantiu o primeiro lugar do concurso e, após a festa terminar, ele e seus amigos foram levados para a delegacia. Porém, antes de serem soltos, o delegado exigiu saber o nome de cada suspeito. João se recusou a falar e foi apelidado pelo delegado de Madame Satã, que o reconheceu como o vencedor do concurso.[10]
Assumidamente homossexual, João Francisco se casou com uma mulher aos 34 anos[9] e, com Maria Faissal, criou e educou os seus seis filhos de criação.[9][11] Em fevereiro de 1976, João foi encontrado internado em um hospital em Angra dos Reis, um município situado no sul do Rio de Janeiro. Dois meses depois, o transformista faleceu, aos 76 anos, devido a um câncer pulmonar.[4]