Revolta dos 18 do Forte de Copacabana
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A Revolta dos 18 do Forte ou Revolta do Forte de Copacabana foi um movimento de integrantes do Exército Brasileiro contra o presidente do Brasil, Epitácio Pessoa, e o vencedor da eleição presidencial, Artur Bernardes, em 5 de julho de 1922. Os militares revoltosos, partidários da facção derrotada denominada Reação Republicana, agiam sob a figura do marechal Hermes da Fonseca e tentaram uma insurreição ampla no Rio de Janeiro, mas só conseguiram o controle do Forte de Copacabana e da Escola Militar do Realengo, além de um foco em Niterói e da 1.ª Circunscrição Militar, em Mato Grosso. Eles foram derrotados, mas o evento marcou o início do tenentismo e o fim da Primeira República Brasileira.
Revolta dos 18 do Forte | |||
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Tenentismo | |||
Os revoltosos em sua “marcha para a morte”. Da esquerda para direita, tenentes Eduardo Gomes, Siqueira Campos, Newton Prado e o civil Otávio Correia | |||
Data | 4–6 de julho de 1922 (Rio de Janeiro) 5–13 de julho (Mato Grosso) | ||
Local | Rio de Janeiro, Niterói e Mato Grosso | ||
Desfecho | Levante suprimido, líderes presos. | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Unidades | |||
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Forças | |||
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Baixas | |||
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Ao menos 5 civis mortos e 2 feridos[lower-alpha 11] |
Em 1921, Nilo Peçanha lançou-se como candidato da oposição, alinhando as oligarquias dos estados de segunda importância contra a dominação da política nacional por São Paulo e Minas Gerais. Ele conquistou o apoio de militares dissidentes reunidos ao redor de Hermes da Fonseca, presidente do Clube Militar. Em outubro, cartas falsas atribuídas a Artur Bernardes com ofensas aos militares agitaram o pleito e fizeram com que estes participassem ativamente da campanha. O sistema eleitoral manipulado garantiu a vitória situacionista em março de 1922. A oposição contestou os resultados e ao longo dos meses fez surgir uma conspiração militar pelo país, objetivando destituir Epitácio Pessoa e impedir a posse de Artur Bernardes. Ela atraiu grande entusiasmo de tenentes, mas poucos oficiais mais graduados. Não tinham um projeto para a sociedade, sendo a princípio um movimento de desagravo, mas ainda assim refletiam a insatisfação com o regime. No início de julho, a revolta encontrou seu estopim no fechamento do Clube Militar e breve prisão de Hermes da Fonseca, por sua contestação pública à interferência do governo, usando o Exército, na eleição em Pernambuco.
A conspiração foi mal organizada e na noite de 4 de julho os legalistas conseguiram cercar o Forte de Copacabana e prender os oficiais que sublevariam os grandes efetivos da Vila Militar. No dia seguinte, Hermes da Fonseca foi preso e a Escola Militar travou algumas horas de combate contra a Vila, antes de desistir. Em Niterói a revolta pouco passou da captura da Companhia Telefônica. Em Mato Grosso os revoltosos defrontaram os legalistas na divisa com São Paulo até 13 de julho, quando baixaram as armas sem iniciar o combate. Somente o Forte de Copacabana permaneceu em revolta, atirando contra alvos militares e travando um “duelo de artilharia” com as outras fortificações da baía de Guanabara, o que matou vários civis. Na manhã de 6 de abril, a maior parte da guarnição deixou o Forte, restando apenas 28. Ele sustentou mais bombardeios da Armada, Aviação Naval e tropas circundantes, não aceitando a rendição. O comandante saiu para negociar e foi preso, deixando o Forte a Antônio de Siqueira Campos e outros três tenentes. À tarde eles saíram para a Avenida Atlântica com os soldados restantes para enfrentar os legalistas, sendo derrotados na praia por forças muito superiores. Dos tenentes, somente Siqueira Campos e Eduardo Gomes sobreviveram no hospital.
As revoltas de julho de 1922 fracassaram, mas Artur Bernardes enfrentaria um novo fenômeno militar, o tenentismo, que lançou revoltas maiores e mais sofisticadas no seu mandato, a maior parte do qual foi passada sob estado de sítio. A recusa da anistia aos revoltosos de 1922 foi um dos motivos das revoltas seguintes. Elas também fracassaram, mas os tenentistas participaram da Revolução de 1930, que pôs fim à Primeira República. A maior fama do julho de 1922 ficou com o Forte de Copacabana e a disposição suicida de um número diminuto de revoltosos a enfrentar as tropas legais, episódio que adquiriu caráter mítico. É famoso o número de 18 que teriam participado do combate final, mas a quantidade real era provavelmente menor.