Tripanossomíase africana
De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Tripanossomíase africana, conhecida popularmente por doença do sono, é uma doença infecciosa transmitida por insetos e causada por parasitas protozoários da espécie Trypanosoma brucei.[1] Existem duas sub-espécies capazes de infetar seres humanos: Trypanosoma brucei gambiense (TbG) e Trypanosoma brucei rhodesiense (TbR).[1] O TbG é a causa de 98% dos casos documentados.[1] Ambos os tipos são transmitidos pela picada de uma mosca tsé-tsé infetada.[1] A doença é mais comum em áreas rurais.[1]
Tripanossomíase africana | |
---|---|
Trypanosoma numa lamela de sangue | |
Sinónimos | Doença do sono |
Especialidade | Infectologia |
Sintomas | Estádio 1: febre, dores de cabeça, comichão, dor nas articulações[1] Estádio 2: Insónia, confusão, descoordenação motora[2][1] |
Início habitual | 1–3 semanas após exposição[2] |
Causas | Trypanosoma brucei transmitida por moscas tsé-tsé[1] |
Método de diagnóstico | Observação do sangue ao microscópio, punção lombar[2] |
Medicação | Pentamidina, suramina, eflornitina[1] |
Prognóstico | Fatal se não for tratada[1] |
Frequência | 11 000 (2015)[3] |
Mortes | 3500 (2015)[4] |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | B56.9, B56 |
CID-9 | 086.5 |
CID-11 | 875488052 |
DiseasesDB | 29277, 13400 |
MedlinePlus | 001362 |
eMedicine | 228613 |
MeSH | D014353 |
Leia o aviso médico |
O primeiro estágio da doença tem início uma a três semanas após a picada.[2] Neste primeiro estágio, os sintomas mais comuns são febre, dores de cabeça, comichão e dor nas articulações.[1] Semanas a meses mais tarde tem início o segundo estágio. Os sintomas mais comuns são confusão, descoordenação do corpo, formigueiro e dificuldade em dormir.[2] O diagnóstico é feito pela observação do parasita ao microscópio numa amostra de sangue ou de linfa.[2] Em muitos casos é necessário proceder a uma punção lombar para determinar em que estágio está a doença.[2]
A prevenção das formas mais graves da doença consiste no rastreio da população em risco com análises ao sangue para a detecção de TbG.[1] O tratamento é mais fácil quanto mais cedo for diagnosticada a doença e antes de ocorrerem sintomas neurológicos.[1] O tratamento do primeiro estágio consiste na administração dos medicamentos pentamidina ou suramina.[1] O tratamento do segundo estágio consiste na administração de eflornitina ou uma associação de nifurtimox e eflornitina para os casos de TbG.[2] Embora o melarsoprol seja eficaz em ambos os estágios, geralmente só é usado para as infeções por TbR devido aos efeitos adversos potencialmente graves.[1] Sem tratamento, a doença geralmente causa a morte.[1]
A doença é comum em algumas regiões da África subsariana, onde existem cerca de 70 milhões de pessoas em risco em 36 países.[5] Estima-se que estejam atualmente infetadas cerca de 11 000 pessoas. Em 2015 ocorreram 2800 novos casos de infeção.[3][1] No mesmo ano, a doença foi a causa de 3500 mortes, uma diminuição em relação às 34 000 em 1990.[4][6] Mais de 80% dos casos ocorre na República Democrática do Congo.[1] No último século e meio ocorreram três grandes surtos da doença: um entre 1896 e 1906 no Uganda e na bacia do Congo, e dois em 1920 e 1970 em vários países africanos.[1] A doença está classificada como doença tropical negligenciada.[7] Outros animais, como as vacas, podem ser portadores da doença e contrair a infeção, sendo que nesses casos é denominada tripanossomíase animal.[1]