Localizada num planalto situado a cerca de 450 m de altitude[4], sobre o promontório formado pela confluência dos rios Corgo e Cabril, onde se situa a sua parte mais antiga (Vila Velha), a cidade está enquadrada numa bela paisagem natural (Escarpas do Corgo), tendo como pano de fundo as serras do Alvão e, mais distante, do Marão. Com mais de 700 anos de existência, Vila Real foi outrora conhecida como a "Corte de Trás-os-Montes", devido ao elevado número de casas brasonadas que então tinha, por virtude da presença dos nobres que aqui se fixaram por influência da Casa dos Marqueses de Vila Real, presença ainda hoje visível nas inúmeras pedras-de-armas que atestam os títulos de nobreza dos seus históricos proprietários.[5]
A região de Vila Real possui indícios de ter sido habitada desde o paleolítico. Vestígios de povoamentos posteriores, como o Santuário Rupestre de Panóias, revelam a presença romana. Porém, com as invasões bárbaras e muçulmanas verifica-se um despovoamento gradual.
Nos finais do século XI, em 1096, o conde D. Henrique atribui foral a Constantim de Panóias, como forma de promover o povoamento da região. Em 1272, como novo incentivo ao povoamento, atribuiu D. Afonso III foral para a fundação (sem sucesso) de uma Vila Real de Panoias, que alguns autores[6] defendem ter sido prevista para um local diferente do actual (provavelmente o lugar da aldeia de Ponte na freguesia de Mouçós). Somente em 1289, por foral do rei D. Dinis, é fundada efetivamente a Vila Real de Panóias, que se tornará a cidade atual. No entanto, ao que parece,[6] já em 1139 se chamava «Vila Rial» ao promontório onde nasceu a cidade atual, na altura pertencente à freguesia de Vila Marim.
A localização privilegiada, no cruzamento das estradas Porto-Bragança e Viseu-Chaves, permite um crescimento sustentado. A presença, a partir do século XVII, da Casa dos Marqueses de Vila Real faz com que muitos nobres da corte também se fixem, facto comprovado pelas inúmeras pedras-de-armas com os títulos de nobreza dos seus proprietários que ainda hoje se vêem na cidade.
Foi a terceira cidade portuguesa a receber abastecimento de energia pública e a primeira a produzir energia hidroelétrica, no ano de 1894, na Central Hidroelétrica do Biel, localizada no Rio Corgo, pela mão de Emílio Biel, que funcionou até 1926.
Nos últimos anos, foram criados em Vila Real vários equipamentos culturais, que trouxeram novo dinamismo à cidade, como o Teatro de Vila Real, o Museu da Vila Velha, Museu do Som e Imagem e o Conservatório Regional de Música, e a transferência da Biblioteca Municipal e do Arquivo Municipal para edifícios específicos para esse fim. Têm também sido valorizadas várias áreas da cidade, como o Centro Histórico e a Vila Velha e os bairros tradicionais da cidade, como o Bairro dos Ferreiros e o Bairro S. Vicente de Paula. A área envolvente do Rio Corgo tem também sido reabilitada, tendo-se transformado no Parque Corgo, Parque Florestal e o Complexo Recreativo de Codessais, incluindo componentes culturais como o Centro de Ciência e o Teatro Municipal.
Atualmente, Vila Real vive uma fase de crescente desenvolvimento, a nível industrial, comercial e dos serviços, com relevo para a saúde, o ensino, o turismo, apresentando-se como local de eleição para o investimento externo, sendo a cidade conhecida internacionalmente devido à etapa da Corrida de Portugal da Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA (WTCR), que decorre no Circuito Internacional de Vila Real.[8]
Numa relação estreita com a história e arqueologia do concelho de Vila Real, a memória coletiva preservou, ao longo das gerações, um valioso património lendário, alvo de divulgação e estudo pelo escritor e etnógrafo Alexandre Parafita. Boa parte desse património é apresentada na obra Património Imaterial do Douro, vol. III.[9]
De acordo com a Portaria publicada no Diário do Governo n.º 26, II Série, de 31 de Janeiro de 1962, a heráldica municipal de Vila Real é a seguinte:[10]
Armas — De ouro, com uma coroa de carrasco folhados e frutados de sua cor, enfiada por uma espada de prata, empunhada por uma mão de carnação movente do pé do escudo, estando ao centro da coroa a palavra «ALEU», a vermelho.
Bandeiras — Gironada de verde e de branco com um listel branco e os dizeres «Vila Real» de negro.
Selo — Circular, tendo ao centro as peças das armas sem indicação dos esmaltes. Em volta, dentro de círculos concêntricos, os dizeres «Câmara Municipal de Vila Real».
Vista geral da Fonte Nova (construída em 1588).
Detalhe do brasão de Vila Real invertido, conforme figura desde 1641 na Fonte Nova.
Detalhe da mísula esquerda da Fonte Nova, com a primeira metade da data da construção da fonte ("15").
Detalhe da mísula direita da Fonte Nova, com a segunda metade da data da construção da fonte ("88").
Evolução da heráldica municipal
Desde o foral de D. Afonso III (1272) que o brasão de Vila Real ostentava uma mão segurando uma espada com a ponta virada para cima, tendo-lhe sido acrescentado a inscrição "ALLEO" (grafia moderna: ALEU) após a conquista de Ceuta (ver Lenda da origem da palavra Aleu). No entanto, em 1641, na sequência da Restauração da Independência (1 de Dezembro de 1640), os Marqueses de Vila Real abraçaram a causa da união com Espanha, pelo que, como castigo, D. João IV ordenou que daí em diante a espada figurasse com a ponta virada para baixo, em sinal de desonra. Só em 1941, na sequência de um requerimento da Câmara Municipal ao Ministro do Interior, é que a espada voltou à sua posição original, terminando com 300 anos de vergonha.[11]
Um sinal ainda existente desses 300 anos de vergonha é a posição invertida em que se encontra o brasão de armas que encima a chamada Fonte Nova. Tendo ela sido construída em 1588 (logo, antes do castigo imposto por D. João IV), a espada figurava naturalmente com a ponta virada para cima. Em virtude do édito de 1641, e dado que a pedra do escudo é independente do resto da construção, nomeadamente da coroa real em timbre, o escudo pôde ser invertido de forma a que a ponta da espada ficasse virada para baixo, passando assim a parte redonda do escudo a estar em cima. Esta configuração estranha não foi alterada com o regresso oficial da espada à posição de honra, nem sequer mais recentemente, quando obras ditaram o total desmantelamento da fonte e a sua posterior remontagem. De facto, algumas personalidades locais, entre os quais o poeta A. M. Pires Cabral, manifestaram-se a favor da manutenção da posição invertida, com o argumento de que, apesar de lembrar um episódio de vergonha da história da cidade, ainda assim era uma memória dessa mesma história.
Lenda da origem da palavra Aleu
Enquanto João I de Portugal estava a investigar os governadores de Ceuta, depois de Conquista de Ceuta em 2 de setembro de 1415 (comemorado no Dia de Ceuta). o jovem Pedro estava por perto, jogando distraidamente à choca (uma espécie de hóquei medieval) com um taco de zambujeiro ou Aleo (oliveira silvestre). O jovem Pedro de Meneses, 1.º Conde de Vila Real deu um passo em frente e aproximou-se do rei com seu taco de jogo (Aleo) na mão e lhe disse que, com apenas esse taco, ele poderia defender Ceuta de todo o poder de Marrocos. Como resultado dessa história, todos os futuros governadores portugueses de Ceuta receberiam um zambujeiro como símbolo de seu cargo após a investidura. O Aleo usado por Pedro é mantido na Igreja de Santa María de África em Ceuta.[12][13]Aleu ou Aleo podem ser vistos no brasão de armas de Alcoutim e Vila Real, onde os descendentes de Pedro foram feitos conde de Alcoutim ou conde de Vila Real, respetivamente.
★ Os Recenseamentos Gerais da população portuguesa tiveram lugar a partir de 1864, regendo-se pelas orientações do Congresso Internacional de Estatística de Bruxelas de 1853. Encontram-se disponíveis para consulta no site do Instituto Nacional de Estatística (INE).
(Obs.: Número de habitantes "residentes", ou seja, que tinham a residência oficial neste município à data em que os censos se realizaram.)
(Obs: De 1900 a 1950 os dados referem-se à população "de facto", ou seja, que estava presente no município à data em que os censos se realizaram. Daí que se registem algumas diferenças relativamente à designada população residente.)
Clima
O clima de Vila Real é mediterrânico (Csb, segundo a classificação climática de Köppen-Geiger), de verão moderadamente quente, mas já de transição para o clima temperado marítimo, dada a temperatura média anual de 13,3°C e a precipitação anual acumulada superior a 1000mm.
Devido à sua situação geográfica (as Serras do Marão e Alvão atuam como barreiras naturais), tem um clima com alguma continentalidade quando comparada com a costa ocidental portuguesa. O inverno é relativamente prolongado, chegando as temperaturas ocasionalmente abaixo dos 0°C, havendo em média 25,5 dias por ano nesta condição. É comum nevar pelo menos uma vez por ano em cotas acima de 600 metros de altitude. O verão é moderadamente quente, com temperaturas máximas elevadas mas noites notavelmente frescas, tendo por vezes diferenças bruscas de temperatura. Estas características deram origem ao provérbio "Nove meses de Inverno, três meses de inferno", ainda que esta dicotomia seja claramente mais acentuada no nordeste transmontano.
Mais informação Dados climatológicos para Vila Real, Mês ...
Centro Escolar da Zona Sudeste (Escola EB1 do Douro)
Centro Escolar Abade De Mouçós (Escola EB1 de Mouçós)
Centro Escolar de Lordelo (Escola EB1 de Lordelo)
Escola EB1 de Agarez
Escola EB1 de Arrabães
Escola EB1 de Mondrões
Escola EB1 de Parada de Cunhos
Escola EB1 do Prado
Escola EB1 da Campeã
Escola EB1 de Vila Marim
Escola EB1 de Vilarinho da Samardã
Outros
Centro Comercial Nosso Shopping
Zona Industrial de Constantim
Regia Douro Park - Parque de Ciência e Tecnologia
Transportes
Acessos
Rodoviários
Vila Real é uma cidade estrategicamente colocada no interior Norte de Portugal, no cruzamento das ligações entre o litoral e o interior e o norte e sul do país, sendo servida por excelentes vias de comunicação rodoviária que a ligam ao resto do país e a Espanha:
A EN2 é uma estrada nacional que foi criada com o objetivo de ligar Chaves a Faro, estabelecendo assim um corredor norte-sul pelo interior do país. À exceção de algumas cidades das regiões Norte e Centro do país (Chaves, Vila Real, Peso da Régua, Lamego, Viseu, Tondela, Santa Comba Dão), a restante parte da EN2 desenvolve-se longe de qualquer cidade principal até ao seu fim em Faro. Assim, com a construção da A 24, esta estrada tem perdido importância nas deslocações a média/longa distância.
EN 15 - Estrada do Douro e Trás-os-Montes
Similarmente, a EN15, construída para fazer a ligação entre o Porto e Bragança, passando por Vila Real, tem perdido a sua importância após a construção do IP 4 e mais recentemente da A 4, sendo que muitos dos seus troços têm vindo a ser municipalizados e desclassificados por já não ser uma alternativa válida.
A cerca de 4km da cidade o Aeródromo Municipal de Vila Real (código IATA: VRL, código OACI: LPVR) possui uma pista em asfalto de dimensões 950×30m. Neste aeródromo fazia escala uma carreira regular entre as cidades de Bragança, Vila Real, Viseu, Cascais e Portimão. Em julho de 2019 foi detetado um perigo de abatimento na pista que determinou o encerramento do aeródromo à operação de aviões por tempo indeterminado[20], continuando, no entanto, a ser utilizado por helicópteros.
Passava na cidade a Linha do Corgo, que ligava Vila Real a Chaves e ao Peso da Régua, de onde era possível circular até ao Porto. O troço Vila Real - Chaves foi extinto em 1991, enquanto que o troço Régua - Vila Real se manteve ativo até 2009, tendo sido encerrado alegadamente para obras de remodelação. No entanto, a linha foi desmantelada, tendo as obras sido suspensas após essa fase dos trabalhos, não estando prevista a sua reinstalação.[21] Atualmente, o trajeto entre Vila Real e Vila Pouca de Aguiar está convertido na Ecopista da Linha do Corgo.
Casa de Carvalho Araújo, importante marinheiro que se destacou na sua profissão, por ter impedido que o barco que escoltava (o vapor S. Miguel) fosse afundado por um submarino alemão, sacrificando o draga-minas que comandava (NRP Augusto de Castilho) e a sua própria vida.
Casa dos Brocas, construída pelo avô de Camilo Castelo Branco e onde ele residiu durante algum tempo.
Bairro da Judiaria de Vila Real, um dos conjuntos habitacionais mais interessantes, sendo a entrada antes da Ponte Metálica sobre o Rio Corgo e por ali passa a antiquíssima estrada romana e medieval, com a primitiva ponte.
Percursos
Vários percursos de interesse estão presentes na zona da Vila Velha, parte mais antiga da cidade, nomeadamente o percurso intramuros e os passadiços extramuros, de onde se podem ver as escarpas escavadas pelos rios Corgo e Cabril. Toda a parte da cidade que se expandiu para fora dos muros antigos é possível de ser percorrida a pé, tendo a Câmara Municipal desenvolvido o projeto "Vila Real aos Nossos Pés"[23], que pretende promover as deslocações pedonais, demonstrando as curtas distâncias que separam vários pontos importantes da cidade. O percurso ao longo do Rio Corgo, principalmente o pertencente ao Parque Corgo, entre a Ponte da Timpeira e a Ponte Metálica, é também interessante de ser feito. Encontra-se atualmente em construção o prolongamento deste percurso entre a Ponte Metálica e a UTAD, passando pela Vila Velha, que será no formato de passadiços de madeira, proporcionando acesso e vistas sobre as Escarpas do Rio Corgo[24]. O percurso feito ao longo da antiga Linha do Corgo, que pode ser feito de forma pedonal ou ciclável, entre o Peso da Régua e Vila Real, desenvolvendo-se na margem esquerda do Rio Corgo, destaca-se pelas vistas de um grande número de quintas de vinho do Porto e seus vinhedos. Vila Real é também um dos pontos de passagem do Caminho Português Interior de Santiago[25] ao longo de um itinerário medieval de peregrinação a Santiago de Compostela recuperado (com início em Viseu e término na fronteira com Espanha, junto a Chaves), estando este sinalizado ao longo do seu percurso.
A gastronomia vila-realense é rica em doces conventuais, oriundos do antigo Convento de Santa Clara de Vila Real, como as "Cristas de Galo" (consideradas em 2019 com uma das 7 Maravilhas Doces de Portugal[28]), o "Toucinho do Céu", os "Pitos de Santa Luzia" e as "Ganchas de S. Brás". Estes dois últimos têm uma tradição: no dia 13 de Dezembro, as raparigas compram pitos para oferecer aos rapazes, e dia 3 de Fevereiro, dia de S. Brás, os rapazes retribuem, oferecendo a gancha. Como pratos típicos, servem-se em Vila Real: "Tripas aos Molhos", "Cabrito assado com arroz de forno", "Vitela Assada" (Carne Maronesa, Denominação de Origem Protegida pela União Europeia), "Joelho da Porca" e diversos pratos de bacalhau, entre outros, sendo a gastronomia e vinhos de Vila Real reconhecidos com uma das 7 Maravilhas à Mesa de Portugal em 2018[29]. Tradicionais são também as bolas de carne, os covilhetes, as tigelinhas de laranja e os cavacórios e bexigas, doces das festas em honra de S. Lázaro.
Devido à sua situação geográfica, há vários locais a visitar: as Serras do Marão e do Alvão (Parque Natural do Alvão), sendo que na primeira vale a pena observar a vista do alto desta, e na segunda, as aldeias de Vila Marim e Lamas de Olo, perto da qual se encontram as barragens Cimeira e Fundeira do Alvão.
Vila Real é uma das cidade portuguesas com mais tradições no Desporto Automóvel, realizando corridas urbanas desde 1931 até 1991. As chamadas "Corridas de Vila Real", constituíram durante muitos anos o mais importante cartaz turístico de Vila Real, sendo sem dúvida a marca distintiva desta cidade no panorama nacional e internacional. Este circuito nasceu em 1931, aproveitando as características de algumas estradas que ligavam o centro de Vila Real às imediações do famoso Palácio de Mateus, estabelecendo assim um primeiro circuito com 7.150 m, que com algumas ligeiríssimas alterações e algumas interrupções, nomeadamente durante a 2ª Guerra Mundial e na crise petrolífera de meados dos anos 70, se manteve até 1991. As décadas de 60 e 70 marcaram uma era dourada com a participação de diversos pilotos de grande prestígio a nível mundial, como Stirling Moss, David Pipper, John Miles, entre outros. Entre 2007 e 2010 o circuito foi retomado, com um novo traçado, mais curto e com melhorias ao nível da segurança. Após novo interregno, em 2014 a competição automóvel voltou ao Circuito Internacional de Vila Real.
História
Desde que em 1902 apareceu o primeiro carro em Vila Real, os vila-realenses mostraram interesse pelos automóveis, e em 1926 e 1927, no Campo do Grupo Desportivo de Salvação Pública realizaram os primeiros concursos de automóveis, por ocasião das festas da cidade.
O Circuito de Vila Real, ainda hoje considerado por muitos amantes do desporto automóvel, um dos mais belos e míticos circuitos europeus, configurou-se a partir do sonho de um grupo de homens vila-realenses, liderados Aureliano de Almeida Barrigas, tendo o seu pai, Manuel Lopes Barrigas, o representante local da marca Ford e delegado do Automóvel Clube de Portugal, Luís Taboada e o presidente da autarquia à época, Dr. Emídio Roque da Silveira, tido também um papel preponderante para o arranque do projecto.
A primeira edição teve lugar a 15 de Junho de 1931, também pela ocasião das frestas da cidade, e contou com uma dezena de competidores, consagrando-se Gaspar Gameiro o vencedor, no seu Ford A. Em 1936 o Circuito de Vila Real captou, pela primeira vez, pilotos estrangeiros para competir, e nesse mesmo ano expandiu-se para os dois dias de provas. No primeiro decorriam as corridas de motos, entretanto introduzidas, e automóveis da categoria sport, e no segundo dia entrevam em competição os automóveis para a categoria “corrida”.
Até 1938 o circuito decorreu anualmente, de forma regular, mas no final da década de 30, com o eclodir da 2ª Guerra Mundial, a organização do circuito é interrompida durante uma década, retornando apenas em 1948, que se tornou o primeiro circuito pós-guerra a ser realizado. Até aos anos 50, as corridas foram essencialmente disputadas pelos principais pilotos nacionais, como Vasco Sameiro e Casimiro de Oliveira, mas em 1950 teve lugar a vitória do primeiro estrangeiro no Circuito de Vila Real, o italiano Piero Carini. A chegada e adaptação destes de pilotos internacionais elevou o nome e o nível da competição, que viveu, nas décadas de 60 e 70 o seu período de ouro. Em 1969, a 5 e 6 de Julho realizou-se a prova «6 Horas de Vila Real» e a 4 e 5 de Junho de 1970 teve lugar a prova «500km de Vila Real», e nesta fase chegaram também os carros de Fórmula 3 e os sport-protótipos, alternando entre si as corridas rainhas de cada ano, e fazendo jus à fase auspiciosa que o circuito vivia.
A partir de 1973, com a crise política e a Revolução de Abril, o Circuito entra em declínio, acolhendo só corridas nacionais e perdendo o êxtase de outros tempos. Num esforço para salvar o evento, em 1978 um grupo de homens uniu-se formando o “grupo dos cinquenta”, mas não conseguindo mais do organizar algumas provas de motociclismo nacional. Este mesmo grupo obteve a legalização do Clube Automóvel de Vila Real e, num esforço para dinamizar e revitalizar a glória de outros tempos, alcançou novamente, em 1989, a internacionalização das provas. Porém, com as dificuldades económicas vividas na época, a subida do preço dos combustíveis, e devido a um grave acidente na zona da Araucária, onde o piloto Pedro Carvalho se despistou na chamada "curva da Ford", provocando quatro mortos entre a assistência e ferimentos graves em diversos espectadores, o que levantou questões quanto à segurança, a última grande corrida que se realizou no Circuito Internacional de Vila Real no século XX foi em 1991, em que só as motos cativaram atenções internacionais.[30]
O circuito regressou no século XXI, na sua 40ª edição, em 2007. O ano de 2009, com a 42ª Edição nos dias 25 e 26 de Julho, marcou o regresso da internacionalização do Circuito de Vila Real. Do programa, incluído no calendário anual da modalidade, fizeram parte pela primeira vez, na gama de clássicos, os campeonatos GTC’71, Campeonato de GT Histórico de Carros Turismo e GTS fabricados até 1971 e o GTC’81, bem como viaturas sport-protótipos da mesma época. Ainda em 2009, pela primeira vez desde a realização do circuito, a pista de Vila Real recebeu um veículo monolugar de Fórmula 1. Tratou-se de um Surtees TS9B de 1971, ano em que começou a sua carreira no Mundial de Fórmula 1, e foi pilotado por pilotos conhecidos no meio automóvel, como John Surtees e Derek Bell. No ano de 2014 é fundada a APCIVR (Associação Promotora do Circuito Internacional de Vila Real), e foi esta equipa de trabalho, em parceria com o Município de Vila Real e o Clube Automóvel de Vila Real que, após novo interregno, tornaram possível o regresso em 2014 da competição automóvel ao Circuito de Vila Real, com provas apenas nacionais. A partir de 2015, o Circuito Internacional de Vila Real passou a ser parte integrante da Corrida de Portugal da Taça do Mundo de Carros de Turismo da FIA (WTCC), permitindo o regresso das competições internacionais a Vila Real. Em 2017, a FIA anunciou que a edição seguinte do WTCC iria utilizar a regulamentação técnica TCR, uma série de custos controlados mais baixa, com ampla difusão mundial surgindo o WTCR, uma taça do mundo com títulos de pilotos e de equipas, que continuou a incluir o Circuito Internacional de Vila Real como uma das etapas mais desafiantes da competição nas edições de 2018 e 2019[8]. A 51ª edição das provas, que devria decorrer em 2020, foi adiada para o ano de 2021 devido à pandemia de COVID-19.
A Organização do Evento
O ano de 1931 marca o início do Circuito de Vila Real, sendo para o efeito criada uma direção, que deveria assegurar continuidade das provas, e cujos elementos eram eleitos pelos residentes locais. No início dos anos 50 institui-se uma Comissão Permanente, cujos elementos só eram substituídos em caso de doença ou de morte, passando a “herança” da organização de geração em geração, situação esta que se manteve até à época de ouro do circuito.
A iniciativa para realização do primeiro Circuito de Vila Real esteve intimamente ligada à Câmara Municipal de Vila Real e ao Automóvel Clube de Portugal, e era destes, bem como dos comerciantes vila-realenses, que o circuito recebia o maior apoio económico, associado à receita da venda de bilhetes. Para ajudar a financiar o circuito eram criadas taxas específicas, às quais a população não se opunha, e aderia de bom grado, não se podendo desvalorizar a existência de um regime político ditatorial até 1974. Foi, por exemplo, lançado em Vila Real um imposto de $40 por quilo de carne e taxas de circulação em vias específicas, que todos deveriam pagar.
O apoio técnico era dado pelo Automóvel Clube de Portugal. Antes do início das corridas os carros de competição faziam testes no Jardim da Carreira, para verificações de segurança e normas, e depois de concluídos, recebiam os respectivos selos para colocar nos vidros, e desciam para a Avenida Almeida Lucena para dar início as corridas. À data da criação do circuito, as preocupações com segurança diferiam muito das actuais, bem como o conceito de risco. Os Fiscais de Pista eram geralmente membros do ACP. Distribuíam-se pela pista a distancias a que cada um pudesse ver o seguinte, e no caso de haver um acidente levantavam, sem mais comunicação, a bandeira correspondente de modo a que os pilotos compreendessem a mensagem. Do hospital eram destacados enfermeiros e uma ou duas ambulâncias, e durante os anos inicias os Bombeiros da Cruz Verde asseguravam o controlo da situação para o caso de acidentes com mortos e feridos e até incêndios. À medida que o circuito cresceu, bem como as preocupações com segurança, incluíram-se também os Bombeiros da Cruz Branca, dividindo o circuito em turnos: da meta até a escola de Abambres pertencia aos Bombeiros da Cruz Verde, enquanto que o resto do circuito pertencia à Cruz Branca.
Cidades geminadas e amigas
O concelho de Vila Real mantém relações internacionais com as seguintes cidades[31]:
Osnabrück (Alemanha) - 1989 (Protocolo de Amizade e Cooperação) e 2005 (Geminação)
«Heráldica e documentos antigos (1,68 MB)»(PDF) Colectânea de documentos digitalizados sobre a heráldica municipal disponibilizada pela Câmara Municipal de Vila Real (pág. 5).
"Eu só com este páu, sou capaz de defender Ceuta, de todo o poder dos mouros" Portugal antigo e moderno, 1878, p.495. Z.N. Gonçalves Brandão, 1883, Monumentos e lendas de Santarem , p.514
"O golpe de misericórdia na Linha do Corgo", notícia de A Voz de Trás-os-Montes reproduzida pelo semanário Expresso. 20 de agosto de 2010. Acedida a 16 de setembro de 2011.