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Biogeografia

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Biogeografia é o estudo da distribuição das espécies e ecossistemas no espaço geográfico e através do tempo geológico. Organismos e as comunidades biológicas variam de uma forma altamente regular ao longo de gradientes geográficos de latitude, altitude, isolamento e área de habitat.[1]

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Frontispício do livro The Geographical Distribution of Animals de Alfred Russel Wallace
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Mapa atualizado das 11 regiões biogeográficas

Conhecimento da variação espacial nos números e dos tipos de organismos é tão vital para nós hoje como foi para nossos primeiros ancestrais humanos, como se adaptar a ambientes heterogêneos, mas geograficamente previsíveis.

Biogeografia é um campo de estudo integrador que une conceitos e informações de ecologia, biologia evolutiva, taxonomia, geologia, geografia física, paleontologia e climatologia.[2] Pesquisas biogeográficas modernas combinam informações e ideias de muitos campos, desde as limitações fisiológicas e ecológicas sobre a dispersão do organismo aos fenômenos geológicos e climatológicos que operam na escala global e em períodos de tempo evolutivo.

A biogeografia é pode ser dividida em dois grandes campos de estudo:

  • Biogeografia Histórica: também conhecida como paleobiogeografia, ocupa-se da identificação, através dos registros fósseis, das dinâmicas de distribuição, adaptação, diferenciação e extinção de espécies ao longo da história geológica da Terra. Dessa forma, a biogeogragia histórica aborda processos evolutivos durante um longo período de tempo em uma grande escala espacial.[3] Ela explica a distribuição dos seres vivos em função de fatores históricos;
  • Biogeografia Ecológica: estuda as interações de fatores ambientais atuais entre organismos com seu habitat, e como esses seres se adaptam de acordo com as condições ecológicas. Dessa maneira, as questões estudadas pela biogeografia ecológica ocorrem em um espaço de tempo mais curto.[3] Ela analisa a distribuição dos seres vivos em função de suas adaptações às condições atuais do meio ambiente.

O trabalho de Carlos Lineu foi essencial para o desenvolvimento da biogeografia como ciência. O corpo teórico da biogeografia surge do trabalho de cientistas como Alexander von Humboldt (1769–1859),[4] Francisco José de Caldas (1768–1816),[5] Hewett Cottrell Watson (1804–1881),[6] Alphonse de Candolle (1806–1893),[7] Alfred Russel Wallace (1823–1913),[8] Philip Lutley Sclater (1829–1913) entre outros biólogos e exploradores.[9]

Os padrões de distribuição de espécies em áreas geográficas geralmente podem ser explicados por uma combinação de fatores históricos, biológicos, ecológicos e ambientais. Fatores biológicos incluem a especiação e a extinção, enquanto os fatores geológicos incluem a deriva continental, glaciação, variação do nível do mar, organização de vias fluviais e a captura fluvial. Outros fatores ambientais, como as características do habitat e as fontes de energia disponíveis no ecossistema, somados à distribuição irregular de massas de terra (que leva ao potencial isolamento de ecossistemas), contribuem para distribuição das espécies.

Durante períodos de mudanças ecológicas, a biogeografia inclui o estudo de espécies vegetais e animais seu habitat de refúgio, seus locais de vida provisórios, e/ou seus locais de sobrevivência.[10] Dessa forma o escritor David Quammen questionaː "[a] biogeografia faz mais do que perguntar Qual espécie?, e Onde?; ela também questiona 'Por quê?' e, o que às vezes é mais crucial: Por que não?".[11]

A biogeografia moderna emprega o uso de Sistemas de Informações Geográficas (SIG) para entender os fatores que afetam a distribuição dos organismos, e prever as tendências futuras na distribuição dos organismos.[12] Geralmente, modelos matemáticos e SIG são utilizados para resolver problemas ecológicos que apresentam um aspecto espacial.[13]

A biogeografia é mais profundamente estudada em ilhas. Estes habitats são, muitas vezes, objetos de estudo muito mais controláveis, porque eles são mais condensados do que os ecossistemas continentais.[14] Ilhas também são locais ideais, porque permitem que os cientistas investiguem o papel de espécies invasoras em habitats e como elas se dispersam no espaço geográfico da ilha. O conhecimento adquirido no estudo de habitats em ilhas pode ser aplicado no estudo de habitats continentais mais complexos. As ilhas apresentam uma grande diversidade de biomas, uma vez que são distribuidas em diferentes latitudes e apresentam características climáticas que vão do tropical ao polar. Esta diversidade no habitat permite uma vasta gama de espécies de estudo em diferentes partes do mundo.

Um cientista que reconheceu a importância destes locais geográficos foi Charles Darwin, que dedicou dois capítulos de A Origem das Espécies à distribuição geográfica.