Classe Foca (1913)
primeira classe naval de submarinos operados pela Marinha do Brasil / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Foca, ou simplesmente F, foi a primeira classe naval de submarinos operados pela Marinha do Brasil. Era composta pelo F1, F3 e F5, submarinos projetados pelo engenheiro naval Cesare Laurenti e construídos em La Spezia, Itália. A classe fez parte do programa naval da marinha de 1906 para aquisição de navios de guerra com o intuito de modernizá-la. Os submarinos foram adquiridos para servirem como plataforma de treinamento e manutenção para as tripulações, com poucas ações navais no decorrer dos 19 anos em que estiveram ativos. A marinha incorporou a classe em 17 de julho de 1914 e, com isso, ampliou sua estrutura naval para abrigar essa nova arma como, por exemplo, a criação da primeira escola naval para submarinistas e a incorporação de navios destinados a dar suporte apenas aos submarinos.
Classe Foca | |
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Os três submarinos da classe com suas tripulações | |
Visão geral Brasil | |
Nome | Foca |
Operador(es) | Marinha do Brasil |
Construtor(es) | Fiat-Sant Giorgio |
Data de encomenda | 1910 |
Sucessora | S Humaytá (H) |
Unidade inicial | F1 |
Unidade final | F5 |
Lançamento | 1913 |
Período de construção | 1912-1913 |
Em serviço | 1914-1933 |
Planejados | 3 |
Construídos | 3 |
Características gerais | |
Tipo | Submarino |
Deslocamento | 250 t (superfície) 370 t (submerso) |
Comprimento | 45,15 m (148 ft) |
Boca | 4,20 m (13,8 ft) |
Propulsão | 2 motores Diesel de 325 hp (242 kW) 2 motores elétricos de 260 hp (194 kW) |
Velocidade | 14,8 nós em superfície 9 nós em imersão |
Autonomia | 1.685 milhas a 8,5 nós (superfície) 100 milhas a 4,5 nós (imersão) |
Profundidade | 40 metros |
Armamento | 2 tubos de torpedos de 450 mm |
Equipamentos especializados | 2 periscópios |
Tripulação | 23 tripulantes e oficiais |
A marinha brasileira encontrava-se defasada em um período em que o país desejava estar entre as potências mundiais da época. No início, a aquisição de meios submarinos foi deixada de lado, pois, o governo priorizava a incorporação de grandes navios de aço. Com a iniciativa de diversos oficiais no desenvolvimento interno de protótipos submersíveis e a inclusão dessa discussão na imprensa, o governo brasileiro passou a analisar também esse meio naval, com a primeira tentativa de aquisição em 1894, quando firmou-se um contrato com o engenheiro francês Claude Goubet, mas, o projeto não avançou. Foi somente em 1910 que o governo efetivamente encomendou seus submarinos aos italianos do estaleiro Fiat-Sant Giorgio. Os três submarinos serviram basicamente na costa carioca, com um único registro de atuação fora dessa área, que foi uma visita ao porto de Santos em 1914.
Durante a Primeira Guerra Mundial, os submarinos contribuíram na vigilância do porto do Rio de Janeiro. A partir desse período, a classe participou de eventos relacionados ao Prêmio Independência, premiação entregue pela marinha para os navios que tivessem o maior acerto de alvos com torpedos, e sagrou-se campeã em diversas vezes. Durante as comissões de treinamento, houve episódios de incidentes, alguns mais graves que outros, que levaram os submarinos ao fundo da Baía de Guanabara. Em certa ocasião, o F5 tivera um rompimento na válvula de recebimento de ar que fez com que o submarino mergulhasse sem controle diversas vezes, obrigando a tripulação a realizar uma manobra que, se não realizada corretamente, era potencialmente fatal.
A classe Foca permitiu o Brasil desenvolver a noção de guerra submarina, que ficou evidenciado pelas constantes aquisições desses meios navais ao longo da história naval do país. Foram mais de 20 submarinos comissionados após os Foca, com os mais recentes sendo comissionados no final da década de 2010 e início da década de 2020. No século XXI, o meio submarino é o setor em que a Marinha do Brasil mais investe dentre todos os departamentos sob sua jurisdição.