Cláusula Filioque
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Filioque (em latim: "e (do) Filho") é uma frase encontrada na versão do Credo niceno-constantinopolitano em uso na Igreja Latina. Ela não está presente no texto grego desse credo como formulado originalmente no Primeiro Concílio de Constantinopla, onde se lê apenas que o Espírito Santo procede "do Pai":
“ | Καὶ εἰς τὸ Πνεῦμα τὸ Ἅγιον, τὸ κύριον, τὸ ζωοποιόν, τὸ ἐκ τοῦ Πατρὸς ἐκπορευόμενον[1] E no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida, que procede do Pai |
” |
O texto, na versão latina, fala do Espírito Santo como procedendo "do Pai e do Filho":
“ | Et in Spiritum Sanctum, Dominum et vivificantem, qui ex Patre Filioque procedit E no Espírito Santo, Senhor e fonte de vida, que procede do Pai e do Filho[2] |
” |
Frequentemente diz-se que o primeiro caso conhecido da inserção da palavra Filioque na versão latina do Credo niceno-constantinopolitano ocorreu no Terceiro Concílio de Toledo (589) e que a sua inclusão a partir daí se espalhou espontaneamente[3] por todo o Império dos Francos.[4] No século IX, o Papa Leão III, ainda que aceitando a doutrina da procedência do Espírito Santo do Pai e do Filho, se opôs à adoção da cláusula Filioque.[4] Em 1014, porém, o canto do credo — com a Filioque — foi adotado na celebração da missa em Roma.[4]
A inserção foi inspirada pela doutrina, tradicional no Ocidente e encontrada também em Alexandria, que foi declarada dogmaticamente pelo Papa Leão I em 447,[5] e que é chamada filioquismo. A esta doutrina opõe-se a doutrina do monopatrismo, formulada por Fócio (veja Cisma de Fócio), patriarca de Constantinopla, que manteve que a frase "que procede do Pai" (τὸ ἐκ τοῦ Πατρὸς ἐκπορευόμενον) do Credo niceno-constantinopolitano deve ser interpretada no sentido de "que procede do Pai sozinho (τὸ ἐκ μόνου τοῦ Πατρὸς ἐκπορευόμενον).[6][7][8]
Os conflitos entre os defensores dessas duas doutrinas contribuíram para o Grande Cisma do Oriente de 1054 e ainda constituem um obstáculo para as tentativas de reunião das Igrejas Católica e Ortodoxa.[9]