Conferência de Genebra (1954)
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A Conferência de Genebra ocorreu entre 26 de abril e 20 de julho de 1954, em Genebra, Suíça, e teve como principal objetivo resolver as questões pendentes acerca da Guerra da Coreia (após o Armistício de 1953) e da Primeira Guerra da Indochina.[1][2]
Outros países relacionados com as duas questões também estiveram representados durante a discussão,[3] incluindo aqueles que enviaram tropas, através das Nações Unidas, para a Guerra da Coreia, bem como aqueles que estiveram envolvidos na Primeira Guerra da Indochina, entre a França e o Việt Minh. As quatro grandes potências aliadas da Segunda Guerra Mundial - União Soviética, Estados Unidos, França e Reino Unido - participaram de toda a conferência, assim como a República Popular da China. As sessões foram presididas pelo soviético Vjačeslav Michajlovič Molotov e pelo britânico Anthony Eden.
A parte da conferência que tratou da questão coreana terminou sem que quaisquer declarações ou propostas fossem adotadas e por isso é considerada menos relevante. Quanto à Indochina, tratava-se de lidar com o desmantelamento da Indochina Francesa, e, sobre isso, a conferência produziu um conjunto de documentos conhecidos como Acordos de Genebra, que provaram ter importantes repercussões a longo prazo. O desmoronamento do Império Colonial Francês no Sudeste da Ásia levou à formação de vários estados: o Vietnã do Norte ou República Democrática do Vietnã (nome utilizado a partir de 1945 pelo governo Việt Minh), o Estado do Vietnã (futura República do Vietnã ou Vietnã do Sul), o Reino do Camboja e o Reino do Laos.
Os Acordos de Genebra previam a partição temporária do Vietnã - em uma porção norte, que seria governada pelo Việt Minh, e uma porção sul, que seria regida pelo Estado do Vietnã, então chefiado pelo ex-imperador Bảo Đại. Ademais, a Declaração Final da Conferência, emitida pelo presidente britânico do evento, incluía a condição de realização de eleições gerais supervisionadas internacionalmente, dois anos depois, em julho de 1956, para a criação de um Estado vietnamita unificado. Mas, embora apresentada como uma visão de consenso, apenas a França (representada pelo Presidente do Conselho de Ministros,[4] Pierre Mendès-France) e a República Democrática do Vietnã (representada pelo chefe de governo, Phạm Văn Đồng) firmaram a Declaração - a primeira porque pretendia restabelecer o domínio colonial ou, pelo menos neocolonial, e o segundo porque esperava ganhar tempo para reforçar a sua posição no norte e, eventualmente, vencer as programadas eleições. Em todo caso, colocava-se assim um ponto final na "guerra francesa" - a guerra da Indochina; ao mesmo tempo, como os delegados dos Estados Unidos e do Estado do Vietnã (criado pelos franceses, em 1949, e cujo chefe de Estado era ao antigo imperador Bảo Đại) rejeitaram os termos da Declaração Final, estavam dadas as condições para a "guerra americana" - a guerra do Vietnã, que alguns qualificam como Segunda Guerra da Indochina -, iniciada em 1955. Assim, os acordos de Genebra resultaram, de fato, na transformação das duas zonas de reagrupamento militar temporário em dois Vietnãs.
Além disso, durante a Conferência, três outros acordos de cessar-fogo - no Camboja, Laos e Vietnã - foram assinados.