Filho dos imigrantes italianos Antonio Pignatari e Italia Maria Micheli, nasceu em Jundiaí e passou sua infância e adolescência na cidade de Osasco, na zona oeste da Grande São Paulo, onde viveu sua primeira fase criativa.[2][3]
Desde os anos 1950, realizava experiências com a linguagem poética, incorporando recursos visuais e a fragmentação das palavras. Tais aventuras verbais culminaram no Concretismo, movimento estético que fundou junto com Augusto e Haroldo de Campos, com quem editou as revistas Noigandres e Invenção e publicou a Teoria da Poesia Concreta (1965). Como teórico da comunicação, traduziu obras de Marshall McLuhan e publicou o ensaio Informação, Linguagem e Comunicação (1968). Em 1950, publicou seu primeiro livro de poesias, Carrossel. Sua obra poética está reunida em Poesia Pois é Poesia (1977).
Décio Pignatari publicou traduções de Dante Alighieri, Goethe e Shakespeare, entre outros, reunidas em Retrato do Amor quando Jovem (1990) e 231 poemas. Também publicou um volume de contos, O Rosto da Memória (1988), o romance Panteros (1992) e duas obras para o teatro, Céu de Lona e Viagem Magnética.[4]
Sua relação com a expressão musical se deu das mais diversas formas, tendo realizado desde composições até trabalhos paralelos de interface com outras manifestações artísticas. Vale mencionar que Décio Pignatari foi jurado do Festival da Música Popular Brasileira, desde sua primeira edição, ainda na TV Excelsior.
Foi responsável pela composição da canção do filme Anuska, Manequim e Mulher, de 1968, dirigido por Francisco Ramalho Jr., juntamente com Rogério Duprat e Damiano Cozzella. Esta foi interpretada pela cantora Bibi Vogel. É autor da letra da canção-tema do filme Piconzé, com música de Damiano Cozzella, longa-metragem de animação do ano de 1972. Em 1979, Décio Pignatari publicou, juntamente com Gilberto Mendes, e através da Editora Novas Metas, as anotações para a execução em vozes corais da música "Motet em Ré menor ou Beba Coca Cola". Em 1993, o selo Demolições Musicais lançou o disco "Temperamental", uma parceria de Pignatari com Lívio Tragtemberg e Wilson Sukorski.
Cinema
Décio Pignatari realizou algumas inacabadas experiências cinematográficas, tais como filmes de ficção que abandonou no meio. O único finalizado, de direção e roteiro seu, é o curta-metragem documental "Anos 30: entre duas guerras, entre duas artes".
O poeta morreu por insuficiência respiratória e pneumonia aspirativa às 9h do dia 2 de dezembro de 2012, um domingo, aos 85 anos. Estava internado desde o dia 30 de novembro de 2012 no Hospital Universitário da USP (HU). Ele também sofria de Mal de Alzheimer.[5]
Poesia
O Carrossel. São Paulo: Cadernos do Clube de Poesia, 1950.
Poesia Pois É Poesia (1950-1975). São Paulo: Duas Cidades, 1977. [2ª edição, São Paulo: Brasiliense, 1986].
Vocogramas. São Paulo: Revista Código/Erthos Albino de Souza, 1985.
Poesia Pois É Poesia (1950-2000). Cotia/Campinas, Ateliê Editorial/Editora Unicamp, 2004. [Reúne a obra poética de Décio Pignatari, traz também traduções e trabalhos inéditos do autor].
Contos
O Rosto da Memória. São Paulo: Brasiliense, 1986. [2ª edição, Cotia: Ateliê Editorial, 2014].
Teoria da Poesia Concreta: Textos Críticos e Manifestos (1950-1960), 1965 (com Haroldo e Augusto de Campos). São Paulo: Edições Invenção. [2ª edição ampliada, São Paulo, Duas Cidades, 1975; 3ª edição, Brasiliense, 1987; 4ª edição, Ateliê Editorial, 2006].
Contracomunicação. São Paulo: Perspectiva, 1971. [Reedição, Cotia: Ateliê Editorial, 2004].
Semiótica e Literatura. s/n: 1974. [2ª edição, Cotia: Ateliê Editorial, 2004].
Comunicação Poética. São Paulo: Editora Cortez e Moraes, 1977.
Semiótica & Literatura: icônico e verbal, oriente e ocidente. São Paulo: Perspectiva, 1979.
Por um Pensamento Icônico: semiótica da arte e do ambiente urbano. Tese de Livre Docência, São Paulo: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 1979.
Mallarmé (com Haroldo e Augusto de Campos). São Paulo: Perspectiva, 1978 [2ª edição, 1980; 3ª edição, ampliada. 2006].
Ezra Pound - Poesia. (com Augusto de Campos, Haroldo de Campos, José Lino Grünewald e Mário Faustino; organização, introdução e notas de Augusto de Campos). São Paulo: Hucitec; Brasília: Editora UnB, 1983.
Os meios de comunicação como extensões do homem, de Marshall Mcluhan. São Paulo: Cultrix, 2005.
Seletas, coletâneas e antologias (participação)
Concrete Poetry: an international anthology. (organização e introdução Stephen Bann). London: London Magazine Editions, 1967.
An Anthology of Concrete Poetry. (organização Emmett Williams). New York: Something Else Press, 1967.
Concrete Poetry: a World View. (organização e introdução Mary Ellen Solt). Bloomington: Indiana University Press, 1968.
Libertinos Libertários. (organização Adauto Novaes). São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
O animal que parou os relógios - ensaios sobre comunicação, cultura e mídia. (seleção e organização Norval Baitello Junior). Coleção E-7. São Paulo: Annablume, 1997.
12 Poemas para dançarmos. (organização Gisela Moreau). São Paulo: Editora SESC, 2000.
Os cem melhores poetas brasileiros do século. (seleção José Nêumanne Pinto; textos introdutório e notas biobliográficas Rinaldo de Fernandes; ilustrações Tide-Hellmeister). São Paulo: Geração Editorial, 2001
Tensões e objetos. (organização Maria Helena Weber, Ione Bentz e Antonio Hohlfeldt). Porto Alegre: Editora Sulina, 2002.
Depoimentos sobre João Guimarães Rosa e a sua obra. (organização de Adauto Novaes). São Paulo: Saraiva, 2011.
Antologia da Poesia Erótica Brasileira. (organização de Eliane Robert Moraes). Cotia: Ateliê Editorial, 2014.
Obras publicadas em edições estrangeiras
Alemão: Noigandres: Konkrete Texte [Poesia Concreta]. Edição Max Bense e Elisabeth Walther. Prefácio de Helmut Heissenbuettel e posfácio de Haroldo de Campos. Stuttgart, 1962. (Série Rot, n. 7).
Espanhol: Semiótica del Arte y de la Arquitectura [Semiótica da Arte e da Arquitetura]. Tradução Basilio Losada Castro. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 1983.
Espanhol: Noigandres I: Augusto de Campos, Décio Pignatari, Haroldo de Campos. Prólogo e seleção de Hilda Scarabótolo de Codima e tradução de Antonio Cisneros. Lima: Centro de Estudos Brasileiros, 1983.
Espanhol: Galaxia concreta. Textos de Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari. Edição de Gonzalo Aguilar. Ciudad do México: Universidad Iberoamericana: Artes de México, 1999.
Francês: Plano-Piloto para Poesia Concreta. Texto de Décio Pignatari, Augusto de Campos e Haroldo de Campos. Tradução de Pierre Garnier. Revista francesa Les Lettres - Poésie Nouvelle, 1963.
Inglês: Concrete Poetry of Brazil. The Times Literary Supplement, Londres.
Japonês: Plano-Piloto para Poesia Concreta. Texto de Décio Pignatari, Augusto de Campos e Haroldo de Campos. Tradução de Kitasono Katsue. Revista VOU, Tóquio.