Desenvolvimento do cânone do Antigo Testamento
De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
O Antigo Testamento é a primeira das duas seções nas quais está dividida a Bíblia cristã; a segunda é o Novo Testamento. O Antigo Testamento inclui os livros da Bíblia hebraica (Tanaque), chamados de livros protocanônicos, e, em várias denominações cristãs, os livros chamados "deuterocanônicos". Católicos, protestantes e ortodoxos utilizam diferentes cânones ("conjunto de livros"), que diferem entre si em quais textos devem ser incluídos no Antigo Testamento.
Desde o Concílio de Florença (1442), no Ocidente a questão do cânon estava reaberta. Isso porque o avanço da filologia renascentista levantou vários questionamentos sobre textos da Antiguidade.[1] Nesse debate, teólogos protestantes como Martinho Lutero e católicos cardeal Caetano e Erasmo, baseando-se no precedente judaico e em outros,[2] não consideravam os livros deuterocanônicos do Antigo Testamento como pertencentes ao cânone. Na tradução da Bíblia de Lutero, os deuterocanônicos aparecem em uma seção que ele chamou de "Apócrifos" ("escondidos"). Para resolver a questão, os bispos católicos, na quarta sessão do Concílio de Trento (1546), decidiram que os livros deuterocanônicos tinham a mesma autoridade que os protocanônicos no chamado "Cânone de Trento",[3] publicado no ano da morte de Lutero.[4]
Seguindo o princípio "veritas hebraica" ("verdade da hebraica") de Jerônimo, o Antigo Testamento protestante consiste nos mesmos livros da Bíblia hebraica, mas com a divisão dos livros e a ordem deles alterada (são 39 na Bíblia protestante e 24 na hebraica[lower-alpha 1]).
As diferenças entre a Bíblia hebraica e as outras versões do Antigo Testamento, como o Pentateuco Samaritano, a Peshitta síria, a Vulgata latina, a Septuaginta grega, a Bíblia Etíope e outros cânones são mais substanciais. Muitos destes cânones incluem livros e seções de livros que outros descartam.