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Escrava Isaura (telenovela de 1976)
telenovela brasileira produzida e exibida pela Rede Globo Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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Escrava Isaura é uma telenovela brasileira produzida e exibida pela TV Globo de 11 de outubro de 1976 até 5 de fevereiro de 1977, em 100 capítulos. Substituindo O Feijão e o Sonho e foi substituída por À Sombra dos Laranjais. É a 10.ª "novela das seis" produzida pela emissora.[1]
A trama é uma adaptação do romance A Escrava Isaura, romance escrito por Bernardo Guimarães. A adaptação é de Gilberto Braga e a direção de Herval Rossano.[2]
Conta com as atuações de Lucélia Santos, Rubens de Falco, Edwin Luisi, Roberto Pirillo, Norma Blum, Átila Iório, Beatriz Lyra, Léa Garcia, Isaac Bardavid, Haroldo de Oliveira e Maria das Graças nos papéis principais.[1]
Durante as comemorações dos 60 anos da TV Globo, a novela Escrava Isaura (1976) foi destaque em uma edição especial do programa Expedição Rio. O episódio levou os telespectadores à fazenda onde foram gravadas cenas marcantes da trama, resgatando a memória de uma das produções mais emblemáticas da teledramaturgia brasileira. Acompanhados pelo ator e escritor Will Moret, considerado um dos principais representantes atuais do público fã da novela, os apresentadores revisitaram os cenários originais enquanto refletiam sobre o legado cultural da obra. Moret compartilhou suas impressões sobre a importância histórica de Escrava Isaura, destacando seu papel na representação sensível da escravidão no Brasil e do movimento abolicionista do século XIX. A novela, que projetou Lucélia Santos ao estrelato nacional e internacional no papel-título, ganha novo fôlego com essa homenagem, reafirmando sua relevância no imaginário popular e na discussão sobre a memória histórica brasileira.[3]
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Enredo
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1856 órfã desde o nascimento, a escrava branca Isaura desconhece quem é seu pai. Sabe apenas que a mãe foi uma mulata, mucama da fazenda onde agora reside. Isaura sempre foi amparada por Ester, sua senhora, que a educou como moça da corte. Sua protetora morre logo no início da trama, e o filho, Leôncio, se torna o administrador dos bens da família. Apaixonado por Isaura e furioso por não ser correspondido, ele se apodera de sua carta de alforria, deixada pela mãe, e aplica castigos cruéis à moça. Isaura também sofre com as intrigas de Rosa, uma escrava má e invejosa.
O desejo por liberdade se torna ainda mais premente quando Isaura se apaixona por Tobias, proprietário de terras vizinhas. O casal tem que enfrentar as perversidades de Leôncio, que se recusa a vender Isaura. O romance acaba tendo um fim trágico quando Leôncio incendeia a cabana onde se encontrava Tobias, desconhecendo que sua própria esposa, Malvina, também estava lá.
Deprimida com a morte de Tobias, Isaura encontra consolo ao lado do seu pai Miguel, que decide comprá-la para lhe dar a sonhada liberdade. Mas Leôncio não aceita vendê-la e lhe impõe castigos cada vez mais cruéis: ela passa a trabalhar na lavoura, além de assumir outros serviços pesados, e chega a ser presa ao tronco.
Isaura acaba fugindo com o pai e um casal de escravos amigos André e Santa e vai morar em outra cidade, assumindo a identidade de Elvira. Lá, a moça conhece o jovem abolicionista Álvaro. Mas é desmascarada durante uma festa de gala e forçada a voltar para o seu senhor. Completamente falido, o vilão se suicida no final, após ter todos os bens arrendados por Álvaro, inclusive Isaura.
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Elenco


Participações especiais
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Produção
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Gilberto Braga teve a ideia de adaptar em telenovela o romance A Escrava Isaura, escrito por Bernardo Guimarães em 1875, partindo da sugestão da professora de Literatura do Colégio Pedro II, Eneida do Rego Monteiro.[1] Após ler dez páginas do livro, contatou Herval Rossano para trabalhar na direção da trama. Por a obra conter poucos acontecimentos para render uma novela, sendo o maior percalço a falta de envolvimentos amorosos da protagonista Isaura até a metade da história, quando conhece Álvaro, Braga criou para ser seu par romântico o personagem Tobias, depois morto em um incêndio provocado pelo vilão Leôncio.[1][4]
Sondada para interpretar Isaura, a atriz Débora Duarte recusou o papel por estar no início de sua gravidez e para não deixar a cidade de São Paulo, onde morava. Gilberto Braga chegou a sugerir Louise Cardoso para o papel, mas Herval Rossano convidou Lucélia Santos para representar a protagonista após acompanhar seu desempenho no teatro.[5]
A história teve como cenário o distrito de Conservatória, na cidade de Valença, estado do Rio de Janeiro e fazendas da região. As gravações de cenas no interior eram realizadas nos estúdios da TV Educativa e Herbert Richers, ambos na capital fluminense. Os da TV Globo, também no Rio, foram atingidos por um incêndio em junho de 1976, tornando inviáveis filmagens no local.[2]
A telenovela também sofreu censura do governo militar. Os censores classificavam a novela como perigosa e que ela retratava um período visto como mancha negra na história do Brasil.[4]
| “ | Quando comecei a escrever Escrava Isaura, fui chamado a Brasília para conversar, porque eles achavam a novela perigosa. Então, na reunião com censores, ficou mais ou menos estabelecido que eu não poderia falar de escravo. Uma censora me disse que a escravatura tinha sido uma ‘mancha negra’ na história do Brasil, e que não deveria ser lembrada – aliás, segundo ela, o ideal seria arrancar essa página dos livros didáticos; imagine então falar disso na novela das seis. Um censor falou que a novela podia despertar sentimentos racistas na netinha dele, porque ela via os brancos batendo nos escravos na televisão e podia querer bater nas coleguinhas pretas dela. Aí eu disse ao censor que ele devia ver um psicólogo para a menina porque, se ela se identificava assim com os bandidos… | ” |
— Gilberto Braga[4] | ||
Para a vinheta de abertura foram utilizadas gravuras do pintor francês Jean-Baptiste Debret que retratavam o Rio de Janeiro no início do século XIX. O tema é "Retirantes", composto por Dorival Caymmi e interpretado pelo mesmo com o coral da gravadora Som Livre.[2]
Gilberto Braga voltou a abordar o tema de "escrava branca" em Força de um Desejo, novela de 1999 onde a personagem Olívia (Cláudia Abreu) é uma escrava branca e é perseguida pelo seu senhor, Higino (Paulo Betti).
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Repercussão internacional
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A novela começou a ser exportada em 1979 para Suíça e Itália. Logo, emissoras de outros países da Europa exibiram a produção, que posteriormente obteria sucesso em outros continentes. Em janeiro de 2016, a trama estava na quinta colocação no ranking de programas da TV Globo e do Brasil mais vendidos ao mercado internacional, com licenciamento a 104 países.[1][2]
A repercussão internacional de Escrava Isaura chegou a influenciar alguns países de diferentes formas. Em Cuba, ao ser transmitida pela primeira vez, no ano de 1984, houve interrupção no racionamento de energia elétrica para que os telespectadores pudessem a assistir; a novela foi a primeira brasileira exibida na antiga União Soviética, e tamanho foi seu impacto que a palavra "fazenda", proferida pelos personagens na história, antes inexistente no vocabulário russo, foi adicionada ao dicionário do idioma como ферма (pronunciada "ferma"); no período da Guerra da Bósnia (1992–95), este país e Sérvia declaravam cessar-fogo durante os capítulos da trama; o mesmo ocorreu na Croácia, que batalhava no conflito junto a Bósnia e Herzegovina.[1][2]
Na China, Lucélia Santos, intérprete da protagonista Isaura, recebeu o Prêmio Águia de Ouro através do voto de 300 milhões de pessoas, sendo a primeira atriz estrangeira agraciada com a honraria no território, e na Polônia, uma emissora realizou concurso para escolher sósias de Lucélia e Rubens de Falco, protagonistas do folhetim.[1][2]
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Exibição
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Reprises
Escrava Isaura é até então a novela mais reprisada da TV Globo.[1] No entanto, curiosamente, ela nunca foi exibida no Vale a Pena Ver de Novo, o bloco de reprises mais tradicional da emissora.[1]
Foi reprisada pela primeira vez entre 29 de agosto de 1977 a 16 de janeiro de 1978, na faixa de reprises das 13h30, em 101 capítulos, substituindo O Feijão e o Sonho e sendo substituída por Locomotivas.[1] Foi reprisada pela segunda vez em caráter excepcional e de forma compacta, com 30 capítulos, entre 17 de dezembro de 1979 a 19 de janeiro de 1980 às 18h, sucedendo Cabocla e antecedendo Olhai os Lírios do Campo.[1] Foi reprisada pela terceira vez no programa TV Mulher, de 20 de setembro a 31 de dezembro de 1982 substituindo Maria, Maria e sendo substituída por Ciranda de Pedra.[1] Foi reprisada pela quarta vez em 1985, entre 13 de setembro e 13 de novembro, em 53 capítulos, após o Jornal Nacional apenas para o Distrito Federal, Fernando de Noronha e nas parabólicas enquanto no restante do país era transmitido o horário eleitoral gratuito,[1] em virtude das eleições municipais, uma vez que a unidade federativa não possui municípios, e sim regiões administrativas. Foi reprisada pela quinta vez entre de 03 de setembro a 12 de outubro de 1990, em 30 capítulos, no Festival 25 Anos, substituindo a minissérie Rabo de Saia.[1]
Foi reprisada no Viva 70, a versão fast do canal Viva de 21 de maio a 7 de outubro de 2024, substituindo A Sucessora e sendo substituída por Pecado Capital.[6] Com essa reprise, a trama havia empatado com A Viagem e Por Amor no ranking de novelas mais reexibidas da Globo (incluindo todas as plataformas, apesar de ser a mais reapresentada da emissora na TV aberta).[7] No entanto, A Viagem ultrapassaria Por Amor e Escrava Isaura no ranking após a Globo ter decidido reprisar a novela em 2025.[8]
Outras Mídias
Em abril de 2012, a Globo Marcas lançou Escrava Isaura em um box de cinco DVDs com os capítulos compactados.[9]
Em 23 de outubro de 2023, foi disponibilizada na íntegra pelo Globoplay, como parte do Projeto Resgate.[10]
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Música
- Sonoplastia: Guerra Peixe
- Direção de produção: Guto Graça Mello
- Produção executiva: João Mello
- Arranjos: Waltel Branco, Francis Hime e Radamés Gnatalli
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Referências
- Nilson Xavier. «Escrava Isaura (1976)». Teledramaturgia. Consultado em 15 de dezembro de 2015
- «Expedição Rio explora 'Kilimanjaro', Vale do Café e a ligação da novela 'Escrava Isaura' com a região». Rede Globo. 14 de maio de 2025. Consultado em 12 de julho de 2025
- Nilson Xavier (11 de outubro de 2021). «Primeiro grande sucesso mundial da Globo estreava há 45 anos». TV História. Consultado em 14 de novembro de 2021
- Thell de Castro (5 de fevereiro de 2021). «Maior papel da carreira de Lucélia Santos quase foi de outra atriz». TV História. Consultado em 14 de novembro de 2021
- «'Escrava Isaura' chega ao Viva Fast 70, canal gratuito do Globoplay. Saiba quando | Novelas». O Globo. 29 de abril de 2024. Consultado em 29 de abril de 2024
- Santana, André (9 de janeiro de 2024). «De volta, A Viagem vira novela mais reprisada da história da Globo». TV História – De A a Z, tudo sobre TV. Consultado em 29 de abril de 2024
- «Globo escolhe "A Viagem" para substituir "Tieta" no "Vale a Pena Ver de Novo" - Portal Leo Dias». portalleodias.com. 11 de março de 2025. Consultado em 12 de maio de 2025
- Elisangela Roxo (14 de abril de 2012). «Novela 'Escrava Isaura' original é lançada em DVD». F5
- «Lançamentos de outubro no Globoplay». Globo Imprensa. 2 de outubro de 2023. Consultado em 2 de outubro de 2023
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Ligações externas
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