O Estádio da Pajuçara surgiu na história do Clube de Regatas Brasil de maneira interessante. Quando os irmãos Gondim mais Lauro Bahia, José Leite, Abelardo Duarte e outros, ingressaram no clube da pajuçara, começou a aparecer o futebol. E tudo iniciou com os “rachas” no meio das ruas da pajuçara.[1] Como muitas vidraças foram quebradas, a turma sentiu a necessidade de se encontrar um local onde o Clube de Regatas Brasil pudesse jogar futebol, um esporte que começara a mexer com os rapazes alvi-rubros. O local escolhido é o mesmo onde hoje se encontra o estádio Severiano Gomes Filho, o estádio da pajuçara. O terreno pertencia a Dona Maria Torres que arrendou o local para o clube por duzentos mil réis. Foi preciso muito trabalho para se nivelar o terreno que era cheio de altos e baixos.[1] Mas, todos estavam entusiasmados com o futebol, e aos domingos e feriados, dirigentes junto com seus atletas e familiares e mais simpatizantes, trabalhavam forte para preparar o local para um campo de futebol. Isso aconteceu em 1916. Um ano depois, na gestão de Pedro Lima, começaram as obras para a construção de um estádio verdadeiro. Antes, era somente o campo de futebol. A tenacidade e o esforço do seu presidente e seus companheiros, esbarravam na qualidade do terreno, onde a grama demorava a nascer. Mesmo sem recursos financeiros, o trabalho não parava. Ia devagar, mas ia.
O primeiro jogo interestadual aconteceu no dia 2 de maio de 1920.[2] O CRB trouxe a Maceió a equipe do Flamengo de Recife.[1] Na época, o rubro negro pernambucano era um das melhores equipes daquele Estado. Somente no dia 21 de fevereiro de 1921 é que foi lavrada a escritura de aforamento do terreno que até aquela data continuava arredado. Enquanto isso, os trabalhos no estádio continuavam. Para alegria de todos, no dia 9 de setembro de 1921, eram inaugurado o primeiro lance de arquibancada num jogo festivo contra o Centro Sportivo do Peres também de Recife. Na época, as arquibancadas era de madeira. As grandes arquibancadas de cimento armado somente iniciaram sua construção em 1954.[1] São as mesmas que ainda hoje[1] se encontram no estádio com uma pequena ampliação.
Na pajuçara os muros eram baixos, e havia facilidade para se pular. Muitos, entretanto, preferiam ficar em cima do muro, ou mesmo nos galhos das arvores que ficavam perto do campo. E lá, num tremendo esforço para não cair, torciam por seus clubes com o mesmo entusiasmo daqueles que estavam nas arquibancadas. Para conseguir um lugar no muro ou nos galhos das arvores era preciso muita malícia e agilidade.
Um dos dias que o estádio das pajuçara mais recebeu público, foi quando o Santos de Pelé visitou pela primeira vez, no dia 25 de julho de 1965, em amistoso que o alvinegro venceu o CRB por 6x0, com gols de Pelé (dois), Coutinho (dois), Toninho Guerreiro e Peixinho.[3]
Rivellino, um dos maiores ídolos da história do Corinthians, estreou na equipe profissional do time do Parque São Jorge justamente no Estádio Severiano Gomes Filho.[1]
Para voltar a sediar jogos do CRB no Campeonato Alagoano de 2006, o estádio passou por uma pequena reforma. No fim de 2008, foi feita uma reforma maior para jogos oficiais do clube em 2009, pois o Estádio Rei Pelé foi interditado parcialmente por encontrar-se seriamente comprometido.
Nos últimos anos, foi construído mais um lance de arquibancada, o que aumentou a capacidade de 6.000 para 8.500 pessoas. Essa construção foi organizada e subsidiada pelos torcedores, através da associação "CRB Acima de Tudo" Que continua lutando para terminar a ampliação das arquibancadas descobertas do estádio, fazendo com que o Clube de Regatas Brasil se tornasse menos dependente do Estádio Rei Pelé.
Em 2014, o estádio foi vendido a uma rede de supermercados[4] e o dinheiro da venda foi usada para quitação de dívidas e a construção do Ninho do Galo[5][6][7], inaugurado em 2015[8].[2]
Jogo da Sofia
Na Pajuçara, ocorreu o mais memorável clássico entre CRB e CSA. A partida do dia 1º de outubro de 1939 ficou conhecida como o "Jogo da Sofia", quando o CRB venceu o rival por 6 a 0 na decisão do Campeonato Alagoano. Diz a história que o jogador Arlindo (um dos destaques do CRB na partida) era adepto do jogo do bicho e criava uma cabra chamada Sofia. De vez em quando, ele cantava uma uma modinha com todos os bichos do jogo, e ao chegar na cabra, ele dava uma paradinha e relembrava o jogo. Arlindo (2), Duda Bocão (2), Ramalho e Cláudio Régis foram os aturoes dos gols da partida.[9]