Guerra da Bósnia
conflito armado na Bósnia e Herzegovina de 1992–1995 / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
A Guerra da Bósnia foi um conflito armado que ocorreu entre abril de 1992 e dezembro de 1995 na região da Bósnia e Herzegovina. A guerra envolveu vários lados. De acordo com numerosos relatos do Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia os países envolvidos no conflito foram a Bósnia e a República Federal da Iugoslávia (Sérvia e Montenegro, mais tarde), bem como a Croácia.[3][4] De acordo com uma sentença do Tribunal Internacional de Justiça, a Sérvia deu apoio militar e financeiro para as forças sérvias que consistiam no Exército Popular Iugoslavo, o Exército da República Sérvia, o Ministério do Interior Sérvio, o Ministério do Interior da República Sérvia, e Forças de Defesa Territorial da Sérvia. A Croácia deu apoio militar às forças croatas da autoproclamada República Croata da Herzeg-Bósnia. As forças do governo bósnio foram lideradas pelo Exército da República da Bósnia e Herzegovina. Estas facções mudaram objetivos e fidelidades diversas vezes em várias fases da guerra.
Guerra da Bósnia | ||||
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Parte da Guerra Civil Iugoslava | ||||
Data | 6 de abril de 1992 – 14 de dezembro de 1995 | |||
Local | Bósnia e Herzegovina | |||
Desfecho | Impasse militar
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Beligerantes | ||||
Comandantes | ||||
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Forças | ||||
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Baixas | ||||
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100 000 – 200 000 mortos (ambos os lados)[1][2] |
A guerra foi causada por uma combinação complexa de fatores políticos e religiosos: o fervor nacionalista, crises políticas, sociais e de segurança que se seguiu ao fim da Guerra Fria e a queda do comunismo na antiga Iugoslávia. E também, devido ao envolvimento dos países vizinhos como a Croácia e a República Federal da Iugoslávia; houve longa discussão sobre se o conflito foi uma guerra civil ou uma guerra de agressão. A maioria dos bosníacos, croatas, muitos políticos ocidentais e organizações de direitos humanos alegam que a guerra foi uma guerra de agressão com base no Acordo de Karađorđevo entre os sérvios e croatas, enquanto os sérvios geralmente consideram que se tratou de uma guerra civil.
Com o início da desintegração da ex-Iugoslávia em 1991 com a independência da Croácia e Eslovênia, os líderes nacionalistas bósnios sérvios como Radovan Karadžić e sérvios como Slobodan Milošević tinham como objetivo principal fazer com que todos os sérvios - espalhados por todas as repúblicas que formavam a antiga Iugoslávia - vivessem num mesmo país. Em fevereiro de 1992, o povo da Bósnia e Herzegovina decide em referendo pela independência da República Socialista Federativa da Iugoslávia, em uma votação boicotada pelos bósnios sérvios.[5] A seção do Exército Popular Iugoslavo na Bósnia e Herzegovina foi fiel ao referendo realizado no Exército da República da Bósnia e Herzegovina (ARBH), enquanto os sérvios formaram o Exército da República Sérvia (ERS). No início, os sérvios ocuparam 70% do território da Bósnia e Herzegovina, porém ao unir forças do Conselho de Defesa da Croácia e da Armada da República da Bósnia e Herzegovina a guerra tomou outro rumo e as forças sérvias foram derrotadas na batalha da Bósnia Ocidental. O envolvimento da OTAN em 1995 contra posições do Exército da República Sérvia internacionalizou o conflito, mas apenas na sua fase final. A aliança bosníaco-croata ocupou 51% do território da Bósnia e Herzegovina e chegou às portas de Banja Luka. Vendo a sua capital de fato ameaçada, os líderes sérvios assinaram o armistício e a guerra terminou oficialmente com a assinatura do Acordo de Dayton em Paris, em 14 de dezembro de 1995.[6]
Envolveu os três grupos étnicos e religiosos da região: os sérvios cristãos ortodoxos, os croatas católicos romanos e os bósnios muçulmanos. É o conflito mais prolongado e violento da Europa desde o fim da II Guerra Mundial, com duração de 1 606 dias. A guerra durou pouco mais de três anos e causou cerca de 200 mil vítimas entre civis e militares e 1,8 milhões de deslocados, de acordo com relatórios recentes.[7] Do total de 97 207 vítimas documentadas, 65% eram muçulmanos bósnios, 25% sérvios e 8% croatas. Entre as vítimas civis, 83% eram bosníacos, 10% sérvios e mais de 5% eram croatas, seguido por um pequeno número de outros, como os albaneses ou povo Romani. Pelo menos 30% das vítimas civis bósnias eram mulheres e crianças.
De acordo com um relatório de 1995 detalhados sobre a guerra feitos pela Agência Central de Inteligência, 90% dos crimes de guerra da Guerra da Bósnia foram cometidos pelos sérvios. De acordo com especialistas jurídicos, a partir de início de 2008, 45 sérvios, 12 croatas e 4 bosníacos foram condenados por crimes de guerra pelo TPI em conexão com as guerras balcânicas da década de 1990. Ambos, sérvios e croatas, foram indiciados e condenados por crimes de guerra sistemáticos (empresa mista penal), enquanto os bosníacos apenas dos entes(?) individuais. Alguns líderes do alto escalão político dos sérvios (Momčilo Krajišnik e Biljana Plavšić), bem como croatas (Dario Kordić) foram condenados por crimes de guerra, enquanto outros estão atualmente em julgamento (Radovan Karadzic e Jadranko Bozovic). Genocídio é o mais grave crime de guerra em que os sérvios foram condenados; crimes contra a humanidade, uma segunda acusação apenas na gravidade do genocídio (ou seja, a "limpeza étnica"), para os croatas; e violações das Convenções de Genebra para os bosníacos.