Loading AI tools
Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Júlio Fírmico Materno (em latim: Julius Firmicus Maternus) foi um escritor e astrólogo latino que recebeu uma educação clássica que o tornou fluente em grego. Ele viveu durante o reinado do imperador romano Constantino (r. 306–337) e seus sucessores atuando como advogado, astrólogo e apologista do cristianismo.[1]
A cratera lunar Firmicus foi batizada em sua homenagem.
O incipit do único manuscrito sobrevivente de sua "De errore profanarum religionum" ("Sobre o erro das religiões profanas") atesta que seu nome era "Júlio Fírmico Materno homem claríssimo", identificando-o como membro da classe senatorial. Ele foi também o autor do mais extenso texto da astrologia romana, "Matheseos libri octo" ("Oito livros de astrologia"), escrito por entre 334 e 337,[2] cujos manuscritos identificam-no ainda como "Iunior" ("júnior"), "Siculus" ("pequeno") e "da Sicília"[lower-alpha 1].
O "Matheseos", de influência neoplatônica, foi dedicado ao governador da Campânia, Loliano Mavórcio, cujo conhecimento sobre o tema inspirou Fírmico e cujo suporte o ajudou a escrever o texto. É um dos últimos grandes manuais[lower-alpha 2] de uma astrologia "científica" a circular no ocidente antes do aparecimento dos textos árabes no século XII.[4] Agostinho de Hipona, atraído pela astrologia quando jovem na metade do século IV[lower-alpha 3] atacou duramente as impiedades da matéria, em parte baseando-se na visão dos astrólogos de que os planetas seriam divindades, mas também em termos racionais, citando, por exemplo, a carreira divergente de gêmeos[lower-alpha 4]. A obra foi impressa pela primeira vez por Aldus Manutius em 1501 e reimpressa muitas vezes depois disso.
Por volta de 346[lower-alpha 5], Fírmico compôs "De errore profanarum religionum", que ele dedicou a Constâncio II e Constante, os filhos de Constantino, e ainda existe. Nela, ele zomba das crenças e práticas religiosas dos pagãos e implora ao imperador que proíba as religiões antigas como um dever sagrado que resultará numa recompensa divina.[6] Na primeira parte (capítulos 1-17), ele ataca os falsos objetos de adoração dos cultos orientais; na segunda (capítulos 18-29), discute diversas fórmulas e ritos ligados aos mistérios, dando particular atenção às alegadas práticas homossexuais.[7]
Para leitores do século XIX, "De errore profanarum religionum" era um duro contraste com o outro livro de Fírmico sobre astrologia ("Matheseos") e as duas obras eram frequentemente atribuídas a autores diferentes. Porém, Clifford Herschel Moore identificou inequivocamente o único autor das duas obras, pelas escolhas idiossincráticas de vocabulário e sintaxe, numa dissertação supervisionada por Eduard Wölfflin em 1897.[8] Theodor Mommsen[9] demonstrou que "Matheseos" foi composta no ano 336 e não em 354 como se acreditava antes, fazendo dela uma obra anterior à "De errore profanarum religionum". Leitores modernos que acreditam que a astrologia era incompatível com o cristianismo primitivo argumentam que "Matheseos" teria sido escrita antes da conversão de Fírmico ao cristianismo (como a Enciclopédia Católica, que diz:"Esta teoria, claro, supõe que o autor escreveu uma obra antes e a outra, depois, de sua conversão").[6]
A obra cristã sobreviveu num único manuscrito da Biblioteca Palatina e está atualmente na Biblioteca do Vaticano. Foi impresso pela primeira vez em Estrasburgo em 1562 e foi reimpresso diversas vezes, tanto separado quanto combinado com outras obras polêmicas de Minúcio Félix, Cipriano de Cartago e Arnóbio Afer.[10]
Seamless Wikipedia browsing. On steroids.
Every time you click a link to Wikipedia, Wiktionary or Wikiquote in your browser's search results, it will show the modern Wikiwand interface.
Wikiwand extension is a five stars, simple, with minimum permission required to keep your browsing private, safe and transparent.