A Marinha Imperial Russa do Império Russo, a Frota Naval Militar da União Soviética e a Marinha Russa da Rússia planejaram e operaram alguns cruzadores de batalha desde a década de 1910. Os primeiros foram os navios da Classe Borodino, desenvolvidos a partir da necessidade da Marinha Imperial de unidades mais rápidas. Novos cruzadores de batalha só foram ser considerados novamente na década de 1930, quando a Frota Naval Militar sentiu necessidade de um navio grande o bastante para que pudesse lidar com cruzadores inimigos, o que levou primeiro ao desenvolvimento da Classe Kronshtadt e alguns anos depois da Classe Stalingrad. Por fim, a ameaça de porta-aviões inimigos na década de 1970 fez os soviéticos conceberem a Classe Kirov, cruzadores de batalha projetados especificamente para afundá-los.
A construção da Classe Borodino sofreu vários atrasos pela falta de capacidade industrial russa e depois pela Primeira Guerra Mundial; as obras foram paralisadas com o início da Revolução Russa e canceladas alguns anos depois. A insuficiência industrial também afetou a construção da Classe Kronshtadt, que foi interrompida pela Segunda Guerra Mundial, levando ao seu cancelamento alguns anos depois. Os navios da Classe Stalingrad também tiveram problemas de construção e acabaram cancelados em 1953 depois da morte do ditador Josef Stalin. Os membros da Classe Kirov tiveram um início de carreira tranquilo, passando para a Rússia com a Dissolução da União Soviética em 1991. Dois foram tirados de serviço na década de 1990, enquanto outros dois permanecem na frota russa até hoje, um em serviço e o outro em modernização.
Armamento | Número e tipo do armamento principal |
---|---|
Deslocamento | Deslocamento do navio totalmente carregado |
Propulsão | Número e tipo do sistema de propulsão e velocidade máxima |
Batimento | Data em que o batimento de quilha ocorreu |
Lançamento | Data em que o navio foi lançado ao mar |
Comissionamento | Data em que o navio foi comissionado em serviço |
Destino | Fim que o navio teve |
Classe Borodino
A derrota na Guerra Russo-Japonesa em 1905 fez a Marinha Imperial Russa perceber a necessidade de navio rápidos.[1] O projeto para o que se tornaria a Classe Borodino foi desenvolvido pelos anos seguintes, sendo aprovado em 1912. Entretanto, o projeto estourou seu orçamento e dinheiro precisou ser desviado de outras obras.[2][3] As construções começaram formalmente no final de 1912, porém a falta de capacidade industrial russa e necessidade de importar materiais atrasaram as obras. O início da Primeira Guerra Mundial em meados de 1914 piorou a situação, já que não se podia mais importar os itens necessários e a produção nacional foi voltada para necessidades de guerra. O início da Revolução Russa em 1917 paralisou os trabalhos.[4] A Frota Naval Militar Soviética considerou finalizá-los depois do fim da Guerra Civil Russa com um projeto alterado, mas nada foi levado adiante. Os cascos do Borodino, Kinburn e Navarin foram desmontados em 1923,[5] já o do Izmail foi mantido por mais alguns anos até também ser desmontado em 1931.[6]
Navio | Armamento[7] | Deslocamento[7] | Propulsão[7] | Serviço[6][8] | |||
---|---|---|---|---|---|---|---|
Batimento | Lançamento | Comissionamento | Destino | ||||
Izmail (Измаил) |
12 × 356 mm | 37 235 t | 4 turbinas a vapor; 26,5 nós (49,1 km/h) |
dezembro de 1912 | junho de 1915 | — | Desmontado em 1931 |
Borodino (Бородино) |
julho de 1915 | Desmontados em 1923 | |||||
Kinburn (Кинбурн) |
outubro de 1915 | ||||||
Navarin (Наварин) |
novembro de 1916 |
Classe Kronshtadt
A Frota Naval Militar sentiu necessidade na década de 1930 de um navio grande capaz de enfrentar e afundar cruzadores inimigos. Várias propostas diferentes foram apresentadas pelos anos seguintes e rejeitadas por diferentes motivos. O tamanho do projeto foi aumentado em resposta aos novos couraçados alemães da Classe Scharnhorst da Kriegsmarine, também recebendo um armamento principal e secundário mais poderoso, além de uma blindagem mais espessa. Um projeto final foi finalmente aprovado em meados de 1939. Os soviéticos inicialmente planejaram a construção de dezesseis embarcações, mas isto foi depois reduzido para quatro e algum tempo depois para apenas duas.[9]
A construção logo enfrentou problemas, com as indústrias soviéticas mostrando-se incapazes de dar suporte para as obras de navios tão grandes. Havia escassez de trabalhadores e atraso nas entregas de materiais, além de problema no desenvolvimento dos canhões principais e turbinas.[10] O problema com os canhões levou os soviéticos a comprarem armas e torres de artilharia de 380 milímetros da Alemanha para substituir o armamento principal da Classe Kronshtadt. Nada foi entregue antes da invasão alemã da União Soviética em 1941, o que paralisou as obras.[11] Ideias para finalizar o Kronshtadt depois da guerra foram consideradas, mas os dois navios foram desmontados em 1948.[12]
Classe Stalingrad
A Frota Naval Militar ainda sentia necessidade de um navio grande e poderoso o bastante para afundar cruzadores inimigos e emitiu em 1943 novos requerimentos para tal. Entretanto, conflitos entre a marinha e o Ministério de Construção Naval fizeram com que os trabalhos preliminares de projeto só fossem finalizados em 1948, aumentando o tamanho das embarcações. O ditador Josef Stalin interferiu várias vezes durante o processo de projeto, especificando o propósito principal, deslocamento, velocidade máxima e armamento principal, algumas vezes inclusive contra a preferência da marinha. Todas essas mudanças adiaram aprovação do projeto detalhado até 1951.[15]
Quatro navios foram encomendados, mas apenas três tiveram suas construções iniciadas. Insuficiência da capacidade industrial soviética novamente atrasou o andamento das obras.[16] O apoio de Stalin tinha sustentado o prosseguimento do projeto até então, com a Classe Stalingrad sendo cancelada em abril de 1953, um mês depois de sua morte. Os cascos do Moskva e do terceiro navio foram desmontados na rampa de lançamento, mas o casco do Stalingrad foi modificado e lançado ao mar para atuar como alvo de tiro. Ele encalhou em Sebastopol em 1955 e ficou preso até o ano seguinte. Pelos anos seguintes serviu de alvo para testes de mísseis antinavio até ser desmontado em 1962.[17]
Navio | Armamento[18] | Deslocamento[18] | Propulsão[19] | Serviço[20] | |||
---|---|---|---|---|---|---|---|
Batimento | Lançamento | Comissionamento | Destino | ||||
Stalingrad (Сталинград) |
9 × 305 mm | 42 300 t | 4 turbinas a vapor; 35,5 nós (65,7 km/h) |
dezembro de 1951 | março de 1954 | — | Desmontado em 1962 |
Moskva (Москва) |
setembro de 1952 | — | Desmontados em 1953 | ||||
Navio Nº 3 | outubro de 1952 |
Classe Kirov
A Frota Naval Militar acreditava na década de 1960 que submarinos eram a melhor plataforma para atacar navios de superfície.[21] Entretanto, eles reavaliaram essa visão em 1967 depois de um contratorpedeiro israelense ter sido afundado por um barco de mísseis egípcio. A ameaça de porta-aviões da Marinha dos Estados Unidos com autonomias cada vez maiores levou à ideia da criação de um navio que combinasse capacidades antinavio, antiaérea e antissubmarina.[22] A Classe Kirov foi pensada como capitânias de grupos tarefa e para isso foram equipados com as mais sofisticadas instalações de comando e controle disponíveis. Cinco embarcações foram originalmente planejadas, mas a quinta foi cancelada pouco mais de um ano depois do início de sua construção.[23]
Os três primeiros navios passaram o início de seus serviços com a frota soviética em relativa tranquilidade, mas o Kirov sofreu um acidente com seu reator nuclear em 1990 e foi tirado de serviço. A Dissolução da União Soviética ocorreu no final de 1991 durante a construção do Pyotr Velikiy, o que atrasou sua finalização. As embarcações depois disso passaram para o controle da Rússia, mas o Admiral Lazarev e Admiral Nakhimov foram tirados de serviço em 1999 por falta de orçamento.[23] O primeiro foi desmontado a partir de 2021 e o segundo teve um processo de modernização iniciado em 2013.[24][25] O Kirov está inativo desde seu acidente e aguardando desmontagem, enquanto Pyotr Velikiy está em serviço ativo.[24]
Navio | Armamento[21] | Deslocamento[21] | Propulsão[21] | Serviço[21][24][25] | |||
---|---|---|---|---|---|---|---|
Batimento | Lançamento | Comissionamento | Destino | ||||
Kirov (Киров) |
20 × P-700 Granit | 28 000 t | 2 reatores nucleares; 32 nós (59 km/h) |
março de 1974 | dezembro de 1977 | dezembro de 1980 | Aguardando desmontagem |
Admiral Lazarev (Адмирал Лазарев) |
julho de 1978 | maio de 1981 | outubro de 1984 | Desmontado em 2021 | |||
Admiral Nakhimov (Адмирал Нахимов) |
maio de 1983 | abril de 1986 | dezembro de 1988 | Em modernização | |||
Pyotr Velikiy (Пётр Великий) |
março de 1986 | abril de 1989 | abril de 1998 | Em serviço ativo | |||
Admiral Flota Sovetskogo Soyuza Kuznetsov (Адмирал Флота Советского Союза Кузнецов) |
maio de 1989 | — | — | Cancelado em 1990 |
Referências
Ligações externas
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