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Luciano de Antioquia (ca. 240 ─ 7 de janeiro de 312[a]), conhecido também como Luciano, o mártir, foi um presbítero cristão, um teólogo e um mártir. Ele era conhecido tanto por sua erudição quanto por piedade ascética.
São Luciano de Antioquia | |
---|---|
Mártir | |
Nascimento | c. 240 tradicionalmente, Samósata (atual Samsat, na Turquia) |
Morte | 7 de janeiro de 312 (72 anos) possivelmente na Nicomédia |
Veneração por | Igreja Católica, Igreja Ortodoxa |
Festa litúrgica | 7 de maio na Igreja Católica 15 de outubro na Igreja Ortodoxa |
Portal dos Santos |
De acordo com a Suda (enciclopédia bizantina), Luciano nasceu em Samósata, capital do reino de Comagena (Síria), de pais cristãos, e foi educado na vizinha cidade de Edessa, Mesopotâmia, na escola de um certo Macário. Porém, esta tradição pode ser derivada de uma mistura com a história de seu famoso homônimo, Luciano de Samósata, o sátiro do século II EC[1].
Em Antioquia, Luciano foi ordenado presbítero. Eusébio de Cesareia destaca sua erudição teológica [2] e a Vita de Luciano (escrita após 327) reporta que ele fundou uma Didaskaleion, uma escola. Estudiosos seguindo Adolf von Harnack entendem que ele foi o primeiro reitor da Escola de Antioquia, com ligações com os teólogos posteriores Diodoro de Tarso e Teodoro de Mopsuéstia, mas esta alegação não está relatada em nenhuma fonte sobrevivente[3].
Após a deposição do bispo de Antioquia Paulo de Samósata, ele se tornou suspeito de heresia e foi excomungado. De acordo com Alexandre de Alexandria, ele continuou cismático durante os episcopados de três bispos, Dono I, Timeu e Cirilo I, cujas administrações se estenderam de 268 até 303. Luciano se reconciliou com a Igreja ou no início do episcopado de Cirilo (talvez por volta de 285), o que parece mais provável, ou sob o sucessor de Cirilo, Tirânio.
Durante a perseguição de Maximino Daia, Luciano foi preso em Antioquia e enviado à Nicomédia, onde ele suportou diversas torturas por mais de nove anos de prisão. Ele foi duas vezes levado para exame e em ambas se defendeu habilmente e recusou-se a renunciar à sua fé cristã[4].
Sua morte é incerta. Ela pode ter sido resultado de inanição. Outra possibilidade, mais provável, é que ele tenha sido decapitado. A data tradicionalmente atribuída para sua execução é 7 de janeiro de 312, na Nicomédia. Há uma tradição mais recente e de origem incerta de que ele foi afogado no mar e que seu corpo teria retornado à terra com a ajuda de um golfinho[5].
Ele foi enterrado em Drépano, no golfo da Nicomédia, que depois foi renomeada Helenópolis para honrar Santa Helena, mãe de Constantino, o grande.
Ele é também comemorado como santo, com a sua festa em 7 de janeiro[5].
A posição teológica de Luciano é um tema de disputa. Tentativas de reconstruir sua teologia pelas fontes sobreviventes levaram a resultados contraditórios.
Como Ário chamou Eusébio de Nicomédia de "sylloukianistes" ('colucianista') numa carta, a teologia de Luciano passou a ser associada com a controvérsia ariana (veja também Arianismo). Seguindo Harnack, muitos estudiosos interpretaram a palavra (que aparece apenas uma única vez) como denotando uma escola teológica e consideraram que não apenas Eusébio, mas também Ário e outros líderes arianos (entre eles Maris, Teógnis e Astério) como sendo pupilos de Luciano e transferiram para ele os pontos de vista arianos.[3]. O primeiro autor a claramente atestar esta relação de professor / aluno para alguns dos simpatizantes do arianismo - mas não para Ário e seus associados mais próximos - foi o historiador da Igreja anomoeano Filostórgio.
Outros interpretaram a palavra como indicando não uma relação teológica, mas uma veneração especial dedicada à Luciano por Eusébio, que, naquele tempo, liderava a igreja da Nicomédia, o lugar do martírio de Luciano. A veneração de Luciano aumentou durante a segunda metade do reinado de Constantino, em particular por causa do patronato da imperatriz Helena[3].
Oponentes do Arianismo, como Alexandre de Alexandria, contiveram esta veneração lembrando do passado cismático de Luciano. Marcus Victorinus identificou o partido de Eusébio com Luciano. Epifânio associou Luciano com pontos de vista heréticos sobre a alma humana de Cristo defendidos pelos arianos (mas também por outros) e relata que os arianos veneravam Luciano como seu mártir e que Luciano viveu com Eusébio na Nicomédia[3].
Associado ao nome de Luciano está também o "Credo da Dedicação", que passou no Concílio de Antioquia em 341. Esta associação era desconhecida para Atanásio de Alexandria e Hilário de Poitiers, mas conhecida e aceita por escritores posteriores. Ele foi provavelmente proposto pelos que defendiam a homoousia (consubstancialidade) durante a controvérsia ariana, em oposição aos que defendiam a homoia (Acacianos), suportada pelo imperador Constâncio II, os primeiros reivindicaram o legado de Luciano par si e adotaram a definição de 341 como seu credo[3] .
Outras tentativas de reconstruir a teologia de Luciano iniciaram com Paulo de Samósata, cuja rejeição das tendências alegorizantes da Escola de Alexandria e, especialmente, das de Orígenes, foi transferida para Luciano[3].
Como estas identificações criaram uma visão contraditória de Luciano, alguns estudiosos propuseram a existência de dois "Lucianos", o primeiro como um seguidor de Paulo de Samósata e o segundo, o mártir, um teólogo da tradição origenista e professor de Ário. Porém, esta proposta foi, até agora, rejeitada[3].
Qualquer que seja a teologia, sua condição de mártir e santo não foi impactada por preocupações de ortodoxia doutrinária. Nas palavras de Philip Schaff:
“ | Os relatos contraditórios podem ser facilmente reconciliados se assumirmos que Luciano era um estudioso crítico com alguns pontos de vista peculiares sobre a Trindade e a Cristologia, que não estavam em harmonia com o posterior Credo de Niceia, mas que ele limpou todas as manchas pela sua heróica confissão de fé e martírio | ” |
— Philip Schaff, História da Igreja Cristã[6]. |
Luciano também é frequentemente creditado com a revisão do texto da Septuaginta e o Novo Testamento Grego, que posteriormente foi utilizado por Crisóstomo e os padres gregos posteriores, e onde reside a base do textus receptus[7]
Em De Viris Illustribus (cap. 77[8]) afirma que "Diversas obras suas, 'Sobre a Fé' e curtas epístolas para diversas pessoas ainda existem". Além disso, São Jerônimo menciona que cópias da Bíblia eram conhecidas em seu tempo como "exemplaria Lucianea", o que reforçaria opinião sobre a revisão[1].
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