Lógica paraconsistente
lógica não clássica / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Em lógica, entende-se por lógica paraconsistente um sistema formal no qual se podem verificar, de modo controlado, exceções ao princípio da não contradição, isto é, no qual podem se apresentar contradições sem que, com isso, seja possível derivar uma proposição qualquer, dentro do sistema, evitando-se assim o princípio de explosão (em latim, ex falso [sequitur] quodlibet, 'da falsidade, [deriva] qualquer coisa'; ou ex contradictione [sequitur] quodlibet, 'da contradição, qualquer coisa [deriva]').
O termo "paraconsistente" ('além do consistente') foi cunhado em 1976, durante a Terceira Conferência Latino-americana de Lógica Matemática, pelo filósofo peruano Francisco Miró Quesada (1918-2019). Embora o debate acerca de sistemas lógicos em que ocorrem contradições remonte aos Primeiros Analíticos de Aristóteles, os primeiros autores que contribuíram para o desenvolvimento das lógicas paraconsistentes foram Jan Łukasiewicz (1878-1956), Nicolai Alexandrovich Vasiliev (1880-1940), Ivan Orlov (1886-1936), Stanisław Jaśkowski (1906-1965) e Newton da Costa (1929-2024).
Por derrogar alguns dos princípios basilares da lógica clássica, tais como o princípio da não contradição e o princípio da explosão, a lógica paraconsistente inclui-se entre as chamadas lógicas não clássicas, heterodoxas. Assim, segundo a lógica paraconsistente, uma sentença e a sua negação podem ser ambas verdadeiras. Além disso, ela apresenta alternativas de valores de verdade além de verdadeiro e falso - tais como indeterminado e inconsistente.[1][2] Com isso, no estudo da semântica, aplica-se especialmente aos paradoxos. Por exemplo, considere-se a afirmação "o homem é cego, mas vê". Segundo a lógica clássica, o indivíduo que vê, um "não-cego", não pode ser cego; já na lógica paraconsistente, ele pode ser cego para algumas coisas e não cego, para outras.
Essa nova lógica surgiu com o reconhecimento pela comunidade científica de trabalhos do polonês Jan Łukasiewicz e do russo Nicolai Alexandrovich Vasilév, considerados predecessores da lógica paraconsistente, também chamada lógica imaginária.[3]
Um dos fundadores da lógica paraconsistente é o brasileiro Newton da Costa, cujas teorias são de grande importância para diversas áreas, além da matemática, filosofia, direito, computação e inteligência artificial,[4]