Marquês de Nisa
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O título de Marquês de Nisa foi um título nobiliárquico de Portugal. Foi criado por D. João IV, a 18 de Outubro de 1646, em plena Guerra da Restauração, em favor de D. Vasco Luís da Gama, 5.º Conde da Vidigueira. Este era descendente directo de Vasco da Gama, almirante da frota que logrou a descoberta do caminho marítimo para a Índia em 1498-1499, mais tarde feito 1.º Conde da Vidigueira e nomeado 2.º Vice-rei da Índia.
O título de Conde da Vidigueira fora concedido a D. Vasco da Gama a 29 de Dezembro de 1519 por D. Manuel I, o rei que o enviara à Índia vinte anos antes, como recompensa pelos seus serviços no Oriente. Logo após o seu regresso da Ásia tinha Vasco da Gama a 10 de Janeiro de 1500 recebido o tratamento de Dom e o título honorífico hereditário de Almirante da Índia.[1] Mais tarde regressara à India em 1502-1503, e depois ainda como vice-rei em 1524.
Tal como se tornou habitual nas grandes casas nobres de Portugal nos séculos XVII e XVIII - ver por exemplo os Marqueses de Fronteira (1670), Marqueses de Louriçal (1740), Marqueses de Penalva (1750), ou Marqueses de Lavradio (1753) -, o novo marquesado absorveu o velho condado, ficando o velho título condal então associado ao marquesado, e usado pelos seus herdeiros em vida dos pais.
Note-se que a criação deste marquesado representa, tal como a criação do Condado da Vidigueira em 1519, a mais notável ascensão social da História de Portugal até então. À época este era, se exceptuarmos os marquesados subsidiários ao ducado de Bragança, o apenas quinto marquesado existente em Portugal, precedido somente pelos Marqueses de Torres Novas (1520), de sangue real, e pelos já contemporâneos Marqueses de Gouveia (1625), Marqueses de Aguiar e Marqueses de Cascais (1643). Uma ascensão notável, visto os Gamas serem originários da relativamente baixa nobreza do século XV, não se conhecendo practicamente os seus ascendentes do século XIV, ao contrário de todas as outras Casas mencionadas. Assim, os Gamas não são por exemplo mencionados nas crónicas Quatrocentistas de Fernão Lopes.
A excepcional ascensão social desta linhagem deve-se essencialmente ao singular feito de Vasco da Gama, e aos feitos dos seus sucessores, especialmente dois dos seus filhos na década de 1540 no Oriente, que asseguraram a fama da linhagem; e o título encontra-se assim já plenamente descrito por exemplo por D. António Caetano de Sousa nas Memorias Historicas e Genealogicas dos Grandes de Portugal.[2]
No final do século XVIII, já com varonia de Lima, a linhagem conheceu novamente um grande almirante, D. Domingos Xavier de Lima, o 7.º Marquês de Nisa.
O 9.º marquês, "depois de ter dissipado a sua enorme casa",[3] faleceu em 1873, e os seus títulos não foram renovados. Apenas em 1898, por ocasião das grandes celebrações do quarto centenário do descobrimento do caminho marítimo para a Índia, foi o título de Conde da Vidigueira de Vasco da Gama renovado num dos seus filhos, em circumstâncias singulares.