Pintura do neoclassicismo
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A pintura do neoclassicismo foi uma corrente estética internacional que esteve em voga aproximadamente entre meados do século XVIII e meados do século XIX, originando-se na Europa e exercendo uma influência decisiva sobre toda a pintura ocidental daquele período, reagindo contra a pompa e a densa ornamentação do barroco e a sensualidade e despreocupação do rococó.[1][2]
Sua origem está ligada a importantes mudanças sociais, culturais e políticas que estavam em andamento na Europa, indicativas do início da transição para uma cultura mais secularizada, mais despojada, mais científica e mais democrática, que teve momentos paradigmáticos na Revolução Francesa e na independência dos Estados Unidos. Naquele período também se aprofundavam os estudos arqueológicos, trazendo à luz variadas relíquias e documentos antigos, formavam-se ricas coleções, algumas abertas à visitação pública, e inúmeros viajantes publicavam descrições de monumentos clássicos, muitas vezes acompanhadas de farta documentação visual na forma de gravuras e desenhos, tendo larga circulação. Por algum tempo o interesse por tudo o que era clássico se tornou verdadeira mania entre as elites e mesmo entre parte da burguesia, acabando por influir direta ou indiretamente em toda a sociedade. Ao mesmo tempo, os filósofos iluministas pregavam um retorno a uma vida simples e pura, em íntimo contato com a natureza, combatiam as superstições e dogmas religiosos e se preocupavam com a educação da sociedade para uma vida mais livre e natural, mais econômica, mais reta e mais engajada civicamente.[1][2]
Nesse contexto surge a pintura neoclássica, tendo como modelo ideal a cultura clássica da antiguidade, assimilando também parte de seus cânones estéticos, sua motivação ética e didática e seus princípios políticos de democracia e república. Distingue-se em geral pela sua temática política, historicista ou moralizante, sua ênfase na linha em detrimento da cor e da mancha, seus cenários que imitavam construções e monumentos antigos, suas composições organizadas racionalmente, sua técnica controlada a ponto de a pincelada se tornar quase invisível, com eficientes resultados em termos de realismo e ilusão tridimensional. Apesar de ter buscando a verdade, a objetividade e a naturalidade na representação, o neoclassicismo foi uma escola idealista, e sua expressão pictórica o manifesta em figuras que pouco se parecem com pessoas comuns, sendo em geral nobres e dignificadas, considerando isso, junto com a temática selecionada programaticamente, parte essencial da sua proposta educativa, como representações onde o espectador podia encontrar virtudes dignas de anelar e imitar em suas vidas. Mesmo introduzindo elementos originais, em muitos aspectos a pintura neoclássica foi mais um revivalismo entre os vários que o classicismo experimentou desde o fim da antiguidade, atestando sua duradoura e profunda relevância para o ocidente.[1][2]
Durante quase toda a sua vigência o neoclassicismo conviveu com o romantismo, e muitos de seus traços característicos são comuns a ambas as escolas, de modo que não é raro que a distinção entre pinturas neoclássicas e românticas seja difícil, o que se acentua à medida que o tempo avança, para em meados do século XIX ambas escolas se fundirem inextrincavelmente em um único movimento que incorporava uma multiplicidade de outros referenciais, formando uma corrente de cunho eclético e com bases estéticas e propósitos já distintos.[1][2]