Potenciação de longa duração
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Em neurociência, potenciação de longa duração (Long Term Potentiation ou LTP, em inglês) é uma melhoria duradoura na transmissão do sinal entre dois neurônios que resulta de estimulá-los de forma síncrona.[2] É um dos vários fenômenos que contribuem para a plasticidade sináptica, a capacidade das sinapses químicas de mudar sua potência. Acredita-se que a memória é codificada por modificação da força sináptica, por isso a LTP é amplamente considerada como um dos principais mecanismos celulares que está na base da aprendizagem e memória.[2][3][3]
A LTP possui muitas características da memória de longo prazo, tornando-a um candidato atraente para um mecanismo celular de aprendizagem.[4] Por exemplo, a LTP e a memória de longo prazo são acionadas rapidamente, ambas dependem da síntese de novas proteínas, cada uma tem propriedades de associatividade, e ambas podem durar muitos meses.[2] [5] A LTP parece ser responsável por muitos tipos de aprendizagem, desde o aprendizado do reflexo condicionado clássico simples, relativamente presente em todos os animais, até os aprendizados mais complexos, em nível maior de cognição observado em humanos.[2]
A nível celular, LTP aumenta a neurotransmissão sináptica. Além disso, melhora a capacidade de dois neurônios, o pré-sináptico e o pós-sináptico, de se comunicar uns com os outros através de uma sinapse. Os mecanismos moleculares precisos para isso não foram ainda plenamente estabelecidos, em parte porque a LTP é regulada por múltiplos mecanismos, que variam segundo a espécie e a região do cérebro. Na forma mais bem compreendida da LTP, o reforço da comunicação é predominantemente realizado através do aumento da sensibilidade da célula pós-sináptica aos sinais recebidos a partir da célula pré-sináptica. Estes sinais, na forma de moléculas de neurotransmissores, são recebidos por receptores de neurotransmissores presentes no superfície da célula pós-sináptica. A LTP melhora a sensibilidade da célula pós-sináptica aos neurotransmissores, em grande parte pelo aumento da atividade dos receptores existentes e aumentando o número de receptores na superfície da célula pós-sináptica.
A LTP foi descoberta no hipocampo de coelhos por Terje Lømo em 1966, e tornou-se um tema popular de pesquisa desde então. Muitas pesquisas modernas sobre a LTP procuram entender melhor a sua biologia básica, enquanto outras têm por objetivo elaborar um nexo de causalidade entre LTP e aprendizagem. Outros ainda tentam desenvolver métodos, farmacológicos ou não, de reforçar a LTP para melhorar memória e a aprendizagem. A LTP é também um tema de pesquisa clínica, por exemplo, nas áreas de pesquisa da doença de Alzheimer.