Processo dos Távoras
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O Processo dos Távoras refere-se a um escândalo político português do século XVIII. Os acontecimentos foram desencadeados pela alegada tentativa de assassinato do rei D. José I em 1758, e culminaram numa execução pública em Belém. Foram torturados e depois queimados D. Francisco de Assis de Távora e seus dois filhos, José Maria e Luís Bernardo. Brás Romeiro, grande amigo de Luís Bernardo, também não escapou. Também foram logo presos o Duque de Aveiro, um dos seus criados, um irmão desse criado e a Marquesa de Távora, D. Leonor Tomásia de Távora, que foi decapitada.
Processo dos Távoras | |
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Execução dos Távoras, estampa da época (1759-60). | |
Local do crime | Lisboa (Local onde se encontra, atualmente, a Igreja da Memória) |
Coordenadas | 38° 41′ 51,4″ N, 9° 12′ 13,8″ O |
Data | 03 de setembro de 1758 – 13 de janeiro de 1759 |
Tipo de crime | Tentativa de regicídio |
Vítimas | D. José I |
Réu(s) | Família Távora Duques de Aveiro |
Promotor | Sebastião José de Carvalho e Melo |
Local do julgamento | Lisboa |
Situação | Execução pública dos réus. |
Os outros membro das famílias Távora, Aveiro, Alorna e Atouguia e, entre eles, o bispo de Coimbra D. Miguel da Anunciação,[1] foram presos, sendo mais tarde libertados por mandado de D. Maria I, que, acreditando na inocência dos Távoras e restantes acusados, os considerou vítimas de interesses obscuros.
Um dos criados do duque de Aveiro, José Policarpo de Azevedo, desapareceu depois da guarda ter ido à residência do Duque de Aveiro: diz-se que se desfigurou com óleo de vitríolo e que se tornou mendicante. Foram dadas ordens de captura por toda a Europa, nunca se chegando a encontrar este homem.
Nunca ficou provado que se tratasse de um atentado contra o rei. Pensa-se que os tiros teriam como alvo o capitão Pedro Teixeira com quem o duque de Aveiro tinha inimizade, embora não haja certezas.
No seguimento do terramoto de Lisboa de 1 de Novembro de 1755, que destruiu o palácio real, o rei D. José I vivia num grande complexo de tendas e barracas instaladas na Ajuda, à saída da cidade e que se tornará, por esta razão, o centro da vida política e social portuguesa.
Apesar de constituírem acomodações pouco espectaculares, as tendas da Ajuda eram o centro de uma corte tão faustosa e rica como a de Versalhes de Luís XV de França. O rei vivia rodeado pela sua equipa administrativa, liderada pelo Ministro do Reino, Sebastião José de Carvalho e Melo, e pelos seus nobres. O ministro era um homem severo, filho de um fidalgo de província, com algum rancor à velha nobreza, que o desprezava. Desavenças entre ele e os nobres eram frequentes e toleradas pelo rei, que confiava em Sebastião de Melo pela sua liderança competente após o terramoto.
D. José I era casado com Mariana Vitória de Bourbon, princesa espanhola, e tinha 4 filhas. Apesar de ter uma vida familiar alegre (o rei adorava as filhas e apreciava brincar com elas e levá-las em passeio), D. José I tinha uma amante: Teresa de Távora e Lorena, tia e esposa [2] de Luís Bernardo, herdeiro da família de Távora.
A Marquesa Leonor de Távora e o seu marido Francisco de Assis, conde de Alvor (e antigo vice-rei da Índia), eram as cabeças de uma das famílias mais poderosas do reino, ligadas às casas de Aveiro, Cadaval, São Vicente e de Alorna. Eram também inimigos cerrados de Sebastião de Melo. Leonor de Távora era uma mulher política, preocupada com os negócios do Reino que, a seu ver, estava entregue a um novo-rico sem educação. Era também uma devota católica, com forte afiliação aos jesuítas, tendo como confessor um deles, Gabriel Malagrida.