![cover image](https://wikiwandv2-19431.kxcdn.com/_next/image?url=https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/b/be/Cessna421BGoldenEagleC-GEGH02.jpg/640px-Cessna421BGoldenEagleC-GEGH02.jpg&w=640&q=50)
Tragédia de Camarate
acidente aéreo em Camarate, Portugal, em 1980 / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
A Tragédia de Camarate,[1] também conhecida como Acidente de Camarate ou Atentado de Camarate,[2] foi um desastre aéreo ocorrido em Portugal, a 4 de dezembro de 1980, no qual a queda de um avião Cessna sobre o bairro das Fontaínhas, em Camarate, a norte de Lisboa, vitimou o primeiro-ministro português Francisco Sá Carneiro, o ministro da Defesa Adelino Amaro da Costa, outros três passageiros e os dois pilotos do avião.
Esta página ou se(c)ção precisa ser formatada para o padrão wiki. (Dezembro de 2021) |
![]() | As referências deste artigo necessitam de formatação. (Fevereiro de 2018) |
Tragédia de Camarate | |
---|---|
Cessna 421 similar ao avião destruído. | |
Sumário | |
Data | 4 de dezembro de 1980 |
Causa | acidente causado por falta de combustível |
Local | ![]() |
Origem | Aeroporto da Portela, Lisboa |
Destino | Aeroporto de Pedras Rubras, Porto |
Passageiros | 5 |
Tripulantes | 2 |
Mortos | 7 |
Feridos | 0 |
Sobreviventes | 0 |
Aeronave | |
Modelo | ![]() |
Operador | particular |
Prefixo | YV-314P |
Primeiro voo | 1969 |
O incidente começou a ser investigado no próprio dia do desastre e foi alvo de vários inquéritos. Em setembro de 2006, o caso prescreveu, de forma inconclusiva. Em novembro do mesmo ano, um antigo segurança declarou, em entrevista, ter colocado um engenho explosivo da sua autoria a bordo da aeronave, embora a intenção fosse somente a de assustar os ocupantes. O engenho teria sido posteriormente alterado por forma a fazer explodir o avião. Uma vez que o caso havia prescrito, apesar destas declarações, o segurança não pôde ser julgado. Contudo, não há sequer provas forenses conclusivas quanto à real existência do dito engenho explosivo nem da sua eventual detonação.[3]
A investigação inicial da autoridade aeronáutica concluiu que o acidente foi causado pela falta de combustível num dos tanques. O relatório final da polícia de 1981 excluiu ações criminosas.
Em 1983, o Procurador-Geral suspendeu a investigação.
Fruto de desconfianças, seguiram-se investigações parlamentares, de 1990 e 1991, que não conduziram a uma reabertura do caso, mas após o quinto inquérito parlamentar, em 1995, o caso foi reaberto. Para a reabertura da investigação judicial, os corpos das vítimas foram exumados, e um relatório forense concluiu que provavelmente não teria havido uma explosão na aeronave, embora essa possibilidade não tenha sido descartada. Depois de entrevistar José Esteves, que mais tarde disse ter fabricado um dispositivo para o ataque, o processo-crime foi suspenso. Um processo particular lançado por familiares das vítimas foi declarado barrado no tempo em 1996, com exceção de um alegado conspirador, L.R., que foi detido no Brasil por outros motivos, levando à suspensão do prazo de 15 anos no seu caso. Em 1998, um juiz do tribunal distrital do Ministério Público acerca do caso de L.R. reafirmou que o desastre havia sido acidental, uma decisão confirmada pelo Tribunal de Recursos em 2000, com um acórdão de 800 páginas. Uma tentativa de reabrir o processo contra L.R. em 2001, com base em novas provas, foi julgada barrada no tempo. Os desafios jurídicos foram rejeitados pelo Supremo Tribunal em 2006, tendo sido interposto um recurso ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem em 2007, alegando violação do artigo 6.º da Convenção Europeia dos Direitos do Homem e que o caso havia sido barrado no prazo devido à negligência das autoridades portuguesas. O Tribunal concluiu em 2011 que a substância do seu direito de acesso a um tribunal não tinha sido prejudicada por negligência ou incumprimento por parte das autoridades competentes.
Em 2001, Ricardo Sá Fernandes, advogado dos familiares das vítimas, publicou um livro argumentando que o alvo do assassinato foi o então recém-nomeado ministro da Defesa, Adelino Amaro da Costa, civil, devido ao seu conhecimento sobre acordos de armamento com o Irão obtido a partir da sua nova posição. Em 2001 foi também lançado um filme sobre o tema "'Camarate: acidente ou atentado?, de Luís Filipe Rocha.
Em 2004, o VIIIº inquérito parlamentar sobre o caso, liderado pelo deputado democrata-cristão Nuno Melo concluiu no seu relatório final unânime que o incidente tinha sido causado por um engenho explosivo na aeronave. Melo disse no Xº inquérito, em 2013, que seria necessário investigar a venda de armas ao Irão e ao "Fundo de defesa do Ultramar" do Exército. Disse também que Adelino Amaro da Costa havia perguntado ao Exército português sobre essa venda de armas, em 2 de dezembro de 1980, e que no dia 5 de dezembro, um dia após a sua morte, o Exército tinha emitido uma ordem declarando ilegal a venda de armas sob a sua jurisdição - não sob a jurisdiçao do Ministro da Defesa.
Em 2006, o ex-agente de segurança José Esteves confessou ter colocado um engenho explosivo destinado a um ataque ao avião. Disse que a intenção era que o dispositivo provocasse um incêndio antes da descolagem, permitindo que os ocupantes evacuassem em segurança, mas dando um "aviso" ao candidato presidencial António Soares Carneiro. Esteves disse que o seu dispositivo tinha sido uma bomba de fogo usando cloreto de potássio, açúcar e ácido sulfúrico. Em 2013, Esteves disse à Xª Comissão parlamentar que no planeamento da operação lhe tinha sido dito que o governo recém-eleito da Aliança Democrática estava a causar problemas com a venda de armas. Disse ainda que foi pago 200 mil dólares pelo "agente" da CIA Frank Stugis para criar o dispositivo, e que o seu dispositivo de bomba de fogo por si só não teria causado o acidente, sustentando que explosivos adicionais deveriam estar envolvidos.
Em 2010, Diogo Freitas do Amaral, que logo após o acidente se tornou primeiro-ministro interino, publicou um livro sobre o assunto.
Em 2012, José Ribeiro e Castro defendeu um décimo inquérito parlamentar em parte devido à confissão de um dos alegados principais conspiradores, Fernando Farinha Simões, que em 2011 publicou uma confissão de 18 páginas na internet descrevendo o seu alegado envolvimento na operação. Farinha Simões disse ter sido incumbido pela Agência Central de Inteligência dos EUA como encarregado da operação, com um custo de 750 mil dólares, pago com cartões de crédito dessa instituíção, e que dos quais 200 mil dólares tinham sido entregues a José Esteves pelos seus serviços de fabrico de bombas.