Translação (relíquia)
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No cristianismo, translação ou traslação é a remoção de objetos santos de uma localidade para uma outra, geralmente de maior status; geralmente, apenas a movimentação de restos do corpo de um santo recebem um tratamento mais formal, ao passo que relíquias secundárias — objetos pessoais e roupas — são tratados com menos cerimônia. Translações podem ser acompanhadas por ritos variados, como vigílias pela madrugada e procissões atravessando a comunidade.
A translação solene (em latim: translatio) de relíquias não é considerada como um reconhecimento externo de santidade; são os milagres confirmados que nos permitem reconhecê-la. A partir do século XII, a Santa Sé tentou tonar a santificação um processo "oficial" e muitas coleções de milagres foram escritas na esperança de obter a prova do status de diversos santos. No início da Idade Média, porém, a translação solene marcava o momento a partir do qual, depois de reconhecidos os milagres, a relíquia era movimentada por ordem de um bispo ou abade para uma posição mais proeminente em uma determinada igreja. A veneração no local passava então permitida. Este processo é conhecido como "canonização local".[1]
A data da translação das relíquias de um santo era celebrada como um dia festivo por si só. Por exemplo, na ortodoxia, em 27 de janeiro celebra-se a translação das relíquias de São João Crisóstomo da vila armênia de Comana (onde ele morreu exilado em 407) para Constantinopla.[2] Porém, é muito mais comum que se celebre como dia festivo o "dies natales", a data de sua morte terrena e nascimento celeste.
Relíquias por vezes viajavam longas distâncias. As de São Tirso (Thyrsus) em Sozópolis, na Ásia Menor, foram levadas a Constantinopla e de lá foram para a Espanha. Daí em diante, seu culto ganhou grande popularidade na Península Ibérica, onde ele é conhecido como "San Tirso".[3] Algumas de suas relíquias foram levadas à França e ele tornou-se o santo titular da Catedral de Sisteron, nos Basses Alpes,[4] cujo nome oficial é "Cathédrale Notre Dame et Saint Thyrse", e padroeiro de Sisteron.[5] Um outro exemplo é Libório de Le Mans, que tornou-se o padroeiro de Paderborn, na Alemanha, depois que suas relíquias foram transferidas para lá em 836.[6]