Alemanha
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Alemanha (em alemão: Deutschland), oficialmente República Federal da Alemanha (em alemão: Bundesrepublik Deutschland, AFI: [ˈbʊndəsʁepuˌblik ˈdɔʏtʃlant] ouça),[8] é um país localizado na Europa Central. É limitado, a norte, pelo mar do Norte, Dinamarca e mar Báltico; a leste, pela Polônia e Chéquia; a sul, pela Áustria e Suíça e, a oeste, pela França, Luxemburgo, Bélgica e Países Baixos. O território da Alemanha abrange 357.021 quilômetros quadrados e é influenciado por um clima temperado sazonal. Com 82,8 milhões de habitantes, em 31 de dezembro de 2015,[4] o país tem a maior população da União Europeia e é também o lar da terceira maior população de migrantes internacionais em todo o mundo.[9]
República Federal da Alemanha Bundesrepublik Deutschland | |||||
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Lema: Einigkeit und Recht und Freiheit[1] (Alemão: "União e Justiça e Liberdade") | |||||
Hino nacional: Das Lied der Deutschen | |||||
Gentílico: alemão¹ | |||||
Localização da Alemanha (em verde escuro) na União Europeia (em verde claro) | |||||
Capital | Berlim 52° 31' N 13° 24' E | ||||
Cidade mais populosa | Berlim | ||||
Língua oficial | Alemão[nota 1] | ||||
Governo | República federal[3] parlamentarista | ||||
• Presidente | Frank-Walter Steinmeier | ||||
• Chanceler | Olaf Scholz | ||||
• Presidente do Bundestag | Bärbel Bas | ||||
• Presidente do Bundesrat² | Reiner Haseloff | ||||
Legislatura | Bundestag e Bundesrat | ||||
Formação | |||||
• Sacro Império Romano-Germânico | 2 de fevereiro de 962 | ||||
• Unificação da Alemanha | 18 de janeiro de 1871 | ||||
• República Federal | 23 de maio de 1949 | ||||
• Reunificação | 3 de outubro de 1990 | ||||
Entrada na UE | 25 de março de 1957 (membro cofundador) | ||||
Área | |||||
• Total | 357 051 km² (63.º) | ||||
• Água (%) | 2,416 | ||||
Fronteira | França, Bélgica, Luxemburgo, Países Baixos, Dinamarca, Polônia, República Checa, Áustria e Suíça | ||||
População | |||||
• Estimativa para 2019 | 83 166 711[4] hab. (18.º) | ||||
• Densidade | 230 hab./km² (37.º) | ||||
PIB (base PPC) | Estimativa de 2021 | ||||
• Total | US$ 4,743 trilhões *[5] (5.º) | ||||
• Per capita | US$ 56 956[5] (15.º) | ||||
PIB (nominal) | Estimativa de 2021 | ||||
• Total | US$ 4,319 trilhões *[5] (4.º) | ||||
• Per capita | US$ 51 860[5] (15.º) | ||||
IDH (2021) | 0,942 (9.º) – muito alto[6] | ||||
Moeda | Euro³ (EUR ) | ||||
Fuso horário | CET (UTC+1) | ||||
• Verão (DST) | CEST (UTC+2) | ||||
Cód. ISO | DE | ||||
Cód. Internet | .de 4 | ||||
Cód. telef. | +49 | ||||
¹ Também são possíveis os gentílicos alemânico, germânico ou germano, tedesco ou tudesco[7] ² A presidência do Bundesrat é assegurada, rotativamente, pelos ministros-presidentes dos Estados. ³ Antes de 2002: Marco alemão 4 Também .eu, partilhado com outros Estados-Membros da União Europeia |
A região chamada Germânia, habitada por vários povos germânicos, foi conhecida e documentada pelos romanos antes do ano 100. A partir do século X, os territórios alemães formaram a parte central do Sacro Império Romano-Germânico, que durou até 1806. Durante o século XVI, o norte da Alemanha tornou-se o centro da Reforma Protestante. Como um moderno Estado-nação, o país foi unificado pela primeira vez, em consequência da Guerra Franco-Prussiana, em 1871. Em 1949, após a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha foi dividida em dois estados, a Alemanha Ocidental, oficialmente "República Federal da Alemanha", e a "Alemanha Oriental", oficialmente República Democrática Alemã, ao longo das linhas de ocupação aliadas.[nota 2] A Alemanha foi reunificada em 1990. A Alemanha Ocidental foi um dos membros fundadores da Comunidade Europeia (CE), em 1957, que, posteriormente, se tornou na União Europeia, em 1993. O país é parte do espaço Schengen e passou a adotar a moeda europeia, o euro, desde quando foi instituído, em 1999.[10]
A Alemanha é uma república parlamentar federal de dezesseis estados (em alemão Länder). A capital e maior cidade do país é Berlim, localizada no nordeste do território alemão. O país é membro das Nações Unidas, da OTAN, G8, G20, da OCDE e da OMC. É uma grande potência com a quarta maior economia do mundo por PIB nominal e a quinta maior em paridade do poder de compra. É o segundo maior exportador e o segundo maior importador de mercadorias. Em termos absolutos, a Alemanha atribui o segundo maior orçamento anual de ajudas ao desenvolvimento no mundo,[11] enquanto está em sexto lugar em despesas militares.[12] O país tem desenvolvido um alto padrão de vida e estabeleceu um sistema global de segurança social. A Alemanha ocupa uma posição-chave nos assuntos europeus e mantém uma série de parcerias estreitas em um nível global.[13] O país também é reconhecido como líder científico e tecnológico em vários domínios.[14]
O termo "Alemanha" deriva do francês Allemagne — terra dos alamanos — em referência ao povo germânico de mesmo nome que vivia na atual região fronteiriça entre a França e a Alemanha e que durante o século V cruzou o rio Reno e invadiu a Gália Romana.[15] O país também é conhecido por Germânia, que deriva do latim Germania — terra dos germanos.[16][17]
Povos germânicos e cristianização da Germânia
Presume-se que a etnogênese dos povos germânicos ocorreu durante a Idade do Bronze nórdica ou, ao mais tardar, durante a Idade do Ferro pré-romana.[18][19] A partir do sul da Escandinávia e do norte da atual Alemanha, as "tribos" começaram, no século I a.C., a se expandir para o sul, leste e oeste e entraram em contato com os povos celtas da Gália, e também com povos iranianos, bálticos e eslavos. Pouco se sabe sobre a história germânica antes disso, exceto através das suas interações com o Império Romano, de pesquisas etimológicas e de achados arqueológicos.[20]
Por ordens do imperador Augusto (r. 27 a.C.–14 d.C.), o general romano Varus começou a invadir a Germânia (um termo usado pelos romanos para definir um território que começava no rio Reno e ia até os Urais), e foi nesse período que as tribos germânicas se tornaram familiarizadas com as táticas de guerra romanas. Em 9 d.C., três legiões romanas lideradas por Varus foram derrotadas pelo líder querusco Armínio na Batalha da Floresta de Teutoburgo. A quase totalidade do território da atual Alemanha, assim como os vales dos rios Reno e Danúbio, permaneceram fora do Império Romano.[21][22] Em 100, na época do livro Germânia de Tácito, as tribos germânicas assentadas ao longo do Reno e do Danúbio (a Fronteira da Germânia) ocupavam a maior parte da área da atual Alemanha.[23] O século III viu o surgimento de um grande número de tribos germânicas ocidentais: alamanos, francos, saxões, frísios, anglos, suevos, vândalos, godos (ostrogodos e visigodos), lombardos, e turíngios. Por volta de 260, os povos germânicos romperam as suas fronteiras do Danúbio e expandiram-se às terras romanas.[24]
A partir do ano de 723, o território da Germânia Central foi objeto da pregação do missionário inglês Vinfrido, que adotou o nome latino Bonifácio, com o qual foi canonizado. Ele fundou um célebre mosteiro em Fulda, que se tornou um núcleo de evangelização de vários povos germânicos no país.[21] A conversão dos saxões do norte deu-se apenas durante o Império Carolíngio (início do século IX), ao custo de numerosas expedições militares, pois eles resistiram aos esforços dos missionários. Ali eles adoravam, além dos deuses teutônicos comuns, a Irminsul - tronco que acreditavam sustentar a abóboda celeste. Mesmo vencidos, retomavam as armas e destruíam os mosteiros, numa resistência chefiada sobretudo pelo guerreiro Viduquindo. Com a sua conversão, Carlos Magno pôde afinal dominar sua região, incorporando-a no seu império, e estendendo o padrão cultural romano-cristão à quase totalidade do território correspondente à Alemanha de hoje.[21]
Sacro Império Romano-Germânico (962-1806)
O império medieval foi criado em 843 com a divisão do Império Carolíngio, fundado por Carlos Magno (r. 768–814) em 25 de dezembro de 800, e em diferentes formas existiu até 1806, estendendo-se desde o rio Eider, no norte do país, até o Mediterrâneo, no litoral sul. Muitas vezes referido como o Sacro Império Romano-Germânico (ou o Antigo Império),[25] foi oficialmente chamado de "Sacro Império Romano da Nação Alemã" (Sacro Romanum Imperium Nationis Germanicæ em latim) a partir de 1448, para ajustar o nome ao seu território de então.[25]
Sob o reinado dos imperadores otonianos (r. 919–1024), os ducados de Lorena e da Saxônia, a Francônia, a Suábia, a Turíngia e a Baviera foram consolidados, e o rei alemão Otão I (r. 936–973) foi coroado Imperador Romano-Germânico dessas regiões em 962.[26] Sob o reinado dos imperadores sálios (r. 1024–1125), o Sacro Império Romano absorveu o norte da Itália e a Borgonha, embora o imperador tenha perdido parte do poder através da Questão das investiduras com a Igreja Católica Romana.[27] Sob os imperadores Hohenstaufen (r. 1138–1254), os príncipes alemães aumentaram a sua influência para o sul e para o leste (Ostsiedlung), territórios habitados por povos eslavos, bálticos e estonianos antes da ocupação alemã na região.[28]
Com o colapso do poder imperial em 1250, devido à constante briga com a Igreja de Roma, fez-se necessário a criação de um novo sistema de escolha do imperador.[nota 3] Criou-se, com a edição da Bula Dourada, o conselho dos sete príncipes-eleitores, que tinham o poder de escolher o comandante do Sacro Império. Durante esse período conturbado, as cidades comerciais se uniram para proteger seus interesses comuns;[26] a mais conhecida delas foi a Liga Hanseática, que reunia poderosas cidades do norte alemão como Hamburgo e Bremen.[21] A partir do século XV, os imperadores foram eleitos quase exclusivamente a partir da dinastia Habsburgo da Áustria.[29]
O monge Martinho Lutero publicou suas 95 Teses em 1517, desafiando as práticas da Igreja Católica Romana e dando início à Reforma Protestante. O luteranismo tornou-se a religião oficial de muitos estados alemães após 1530, o que levou a conflitos religiosos resultantes da divisão religiosa no império, que, por sua vez, geraram a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), que devastou os territórios alemães.[30] A população dos estados alemães foi reduzida em cerca de 30%.[31] A Paz de Vestfália (1648) acabou com a guerra religiosa entre os estados alemães, mas o império estava de facto dividido em numerosos principados independentes. De 1740 em diante, o dualismo entre a Monarquia Habsburgo e o Reino da Prússia dominou a história alemã. Em 1806, o Imperium foi dissolvido como resultado das Guerras Napoleônicas.[32]
Restauração e a revolução (1814-1871)
Depois da queda de Napoleão Bonaparte, o Congresso de Viena reuniu-se em 1814, e sua resolução fundou a Confederação Germânica (Deutscher Bund em alemão), a união de 39 estados soberanos.[33][34]
Desentendimentos com a restauração política proposta pelo Congresso de Viena levaram, em parte, ao surgimento de movimentos liberais, exigindo unidade e liberdade.[35] Estes, porém, foram reprimidos com novas medidas por parte do estadista austríaco Metternich. O Zollverein, uma união tarifária, buscava uma profunda unidade econômica dos estados alemães.[35]
Durante essa época, muitos alemães foram agitados pelos ideais da Revolução Francesa,[35] e o nacionalismo passou a ser uma força mais significativa, especialmente entre os jovens intelectuais. Pela primeira vez, o preto, o vermelho e o dourado foram escolhidos para representar o movimento, tornando-se, mais tarde, as cores da bandeira da Alemanha.[36]
Em função da série de movimentos revolucionários na Europa, que estabeleceram com êxito uma república na França, intelectuais e burgueses começaram a Revolução de 1848 nos Estados alemães. Os monarcas inicialmente aceitaram as exigências dos revolucionários liberais para conter a movimentação popular. Ao rei Frederico Guilherme IV da Prússia (r. 1840–1861) foi oferecido o título de imperador, mas sem poder absoluto.[21] Ele entretanto rejeitou a coroa e a proposta de uma constituição, o que conduziu a um revés temporário no movimento.[37]
O conflito entre o rei Guilherme I da Prússia (r. 1861–1888) e o parlamento cada vez mais liberal foi rompido durante a reforma militar em 1862, quando o rei nomeou Otto von Bismarck o novo Primeiro-ministro da Prússia. Bismarck travou com sucesso uma guerra com a Dinamarca, em 1864. A vitória prussiana na Guerra Austro-Prussiana de 1866 permitiu criar a Confederação Norte-Germânica (Norddeutscher Bund), que excluía a Áustria, ex-líder dos estados alemães, dos assuntos dos estados alemães restantes.[38]
Império Alemão (1871-1918)
O estado conhecido como Alemanha foi unificado como um moderno Estado-nação em 1871, quando o Império Alemão foi criado, tendo o Reino da Prússia como seu maior constituinte.[38] Após a derrota francesa na Guerra Franco-Prussiana, o Império Alemão foi proclamado no Versalhes em 18 de janeiro de 1871. A dinastia de Hohenzollern da Prússia declarou o novo império, cuja capital era Berlim, até então a capital prussiana.[38]
O império era uma unificação de todas as partes da Alemanha com exceção da Áustria, a chamada Pequena Alemanha (em alemão: Kleindeutschland). A partir do início de 1884, a Alemanha começou a estabelecer diversas colônias fora da Europa, primeiro pela iniciativa privada, depois com aval estatal.[nota 4][39] Durante esse período, a Alemanha experimentou um grande crescimento econômico, com uma forte industrialização, especialmente das indústrias de mineração, metalúrgica e derivadas das engenharias elétrica, mecânica e química.[35]
No período Gründerzeit, seguinte à unificação da Alemanha, a política externa do imperador Guilherme I garantiu a posição do Império Alemão como uma grande nação europeia por fazer alianças comerciais e políticas com outros países europeus, isolando a França por meios diplomáticos, através de intrincados acordos secretos. Bismarck objetivava, assim, consolidar a unificação, tendo a Rússia por principal aliada.[40]
Mas o imperador Guilherme II (r. 1888–1918), no entanto, como outras potências europeias, tomou um curso imperialista devido ao atrito com os países vizinhos. A maior parte das alianças que a Alemanha fizera não foram renovadas, e as novas alianças das demais potências excluíam o país. Especificamente, a França estabeleceu novas relações com a assinatura da entente cordiale com o Reino Unido e garantiu os laços com o Império Russo. E embora ainda mantivesse seus contatos com a Áustria-Hungria, a Alemanha tornou-se cada vez mais isolada.[nota 5] Teve início o período armamentista, chamado de Paz Armada.[39][40]
O imperialismo alemão (Weltpolitik) ultrapassou as fronteiras do seu próprio país e se juntou a muitos outros poderes na Europa, que reivindicavam a sua quota na África. A Conferência de Berlim dividiu a África entre as potências europeias. A Alemanha obteve vários pedaços da África, incluindo a África Oriental Alemã, o Sudoeste Africano Alemão, a Togolândia e Camarões.[39]
A partilha da África causou tensão entre as grandes potências, que contribuiu para as condições que levaram à Primeira Guerra Mundial.[40] O assassinato do príncipe herdeiro da Áustria, em 28 de junho de 1914, desencadeou a Primeira Guerra Mundial. A Alemanha, como parte dos Impérios Centrais, foi derrotada pelos aliados num dos mais sangrentos conflitos de todos os tempos. A revolução alemã eclodiu em novembro de 1918, forçando o imperador alemão Guilherme II e todos os príncipes a concordar em abdicar. Um armistício que pôs fim à guerra foi assinado em 11 de novembro, e a Alemanha foi forçada a assinar o Tratado de Versalhes em junho de 1919.[41] A sua negociação, ao contrário da tradicional diplomacia de pós-guerra, excluiu os derrotados dos Poderes Centrais. O tratado foi encarado na Alemanha como uma humilhante continuação da guerra por outros meios, e sua dureza é frequentemente citada como tendo mais tarde facilitado a ascensão do nazismo no país.[41]
República de Weimar (1919-1933) e Terceiro Reich (1933-1945)
Após o sucesso da Revolução alemã em novembro de 1918, uma república foi proclamada.[42] A Constituição de Weimar entrou em vigor com a sua assinatura pelo Presidente Friedrich Ebert em 11 de agosto de 1919. O Partido Comunista Alemão foi criado por Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht em 1918, e o Partido dos Trabalhadores Alemães, mais tarde conhecido como Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães ou Partido Nazista, foi fundado em janeiro de 1919.[42]
Sofrendo as consequências das duras condições ditadas pelo Tratado de Versalhes e uma longa sucessão de governos mais ou menos instáveis, faltava cada vez mais identificação às massas políticas na Alemanha com seu sistema político de democracia parlamentar.[42] Isso foi agravado por uma ampla disseminação de um mito político pela direita (monarquistas, völkischs, e nazis), a Dolchstoßlegende, que alegava que a Alemanha tinha perdido a Primeira Guerra Mundial devido à Revolução alemã, e não por causa da derrota militar.[42] Por outro lado, os radicais de esquerda comunistas, tais como a Liga Espartaquista, queriam abolir aquilo que eles entendiam como "governo capitalista" e estabelecer um Räterepublik. Tropas paramilitares foram criadas por diversos partidos, e houve diversos assassinatos por motivos políticos. Os paramilitares intimidavam eleitores e semeavam a violência e a raiva entre o povo, que sofria de uma elevada taxa de desemprego e de pobreza.[42] Depois de uma série de gabinetes frustrados, o presidente Paul von Hindenburg, vendo poucas alternativas e empurrado pelos seus assessores de direita, nomeou Adolf Hitler como Chanceler da Alemanha em 30 de janeiro de 1933.[42]
Em 27 de fevereiro de 1933, o Reichstag foi incendiado. Alguns direitos democráticos fundamentais foram então rapidamente revogados sob um decreto de emergência. Uma Lei de plenos poderes deu a Hitler o governo e o legislativo. Apenas o Partido Social-Democrata da Alemanha votou contra ele; os comunistas não foram capazes de apresentar oposição, pois seus suplentes já haviam sido assassinados ou presos.[43][44]
A centralização totalitária estadual foi criada por uma série de jogadas e de decretos políticos, tornando a Alemanha um Estado de partido único. Houve queima de livros de autores considerados contra a nação e perseguição a artistas e cientistas,[45] sendo que muitos deles emigraram, principalmente para os Estados Unidos. A indústria foi fortemente regulamentada com cotas e requisitos, a fim de mudar a economia para uma base produtiva de guerra.[46]
Em 1936, as tropas alemãs entraram na desmilitarizada Renânia, e as políticas de apaziguamento do primeiro-ministro Neville Chamberlain se revelaram insuficientes. Entusiasmado, Hitler, a partir de 1938, seguiu adiante com sua política de expansionismo e de estabelecimento da Grande Alemanha, começando em março daquele ano pela Anschluss, a anexação da Áustria.[47] Para evitar uma guerra de duas frentes, Hitler firmou o Pacto Molotov-Ribbentrop com a União Soviética, um pacto que ele mesmo romperia mais tarde em 1941.[46]
Em 1939, as crescentes tensões de nacionalismo, militarismo e questões territoriais levaram os alemães ao lançamento da Blitzkrieg ("guerra relâmpago") em 1 de setembro contra a Polônia, seguido dois dias depois pelas declarações de guerra da Grã-Bretanha e da França, marcando o início da Segunda Guerra Mundial. A Alemanha rapidamente ganhou controle direto ou indireto da maioria da Europa.[38]
Em 22 de junho de 1941, Hitler quebrou o pacto com a União Soviética, abrindo a Frente Oriental e invadindo a União Soviética. Pouco tempo depois, o Japão atacou a base americana em Pearl Harbor, e a Alemanha declarou guerra aos Estados Unidos. Embora inicialmente o exército alemão tenha avançado de forma rápida sobre a União Soviética, a Batalha de Stalingrado marcou uma virada importante na guerra. Depois disso, o exército alemão começou a recuar a Frente Oriental.[38]
O Dia-D foi o marco de uma virada importante sobre a Frente Ocidental, quando as forças aliadas desembarcaram nas praias da Normandia e avançaram rapidamente sobre o território alemão. A derrota da Alemanha ocorreu em seguida. Em 8 de maio de 1945, as forças armadas alemãs se entregaram após o Exército Vermelho ocupar Berlim.[38]
No que mais tarde ficou conhecido como o Holocausto, o regime do Terceiro Reich elaborou políticas governamentais que subjugavam diretamente muitas partes da sociedade: judeus, comunistas, ciganos, homossexuais, mações, dissidentes políticos, padres, pregadores, adversários religiosos, deficientes, entre outros. Durante a era nazista, cerca de onze milhões de pessoas foram assassinadas, incluindo seis milhões de judeus e dois milhões de poloneses.[48][nota 6][49][50] A Segunda Guerra Mundial e o genocídio feito pelos nazistas foram responsáveis por cerca de 35 milhões de mortos na Europa.[51]
Ocupação e divisão (1945-1990)
A guerra resultou na morte de quase dez milhões de soldados e civis alemães; grandes perdas territoriais, a expulsão de cerca de 15 milhões de alemães dos antigos territórios orientais e de outros países e a destruição de várias grandes cidades. O restante do território nacional e Berlim foram divididos em quatro zonas de ocupação militar pelos Aliados.[52]
Os setores controlados pela França, pelo Reino Unido e pelos Estados Unidos foram fundidos em 23 de maio de 1949 para formar a República Federal da Alemanha (RFA); em 7 de Outubro de 1949, a Zona Soviética constituiu-se na República Democrática da Alemanha (RDA). As duas partes foram informalmente conhecidos como "Alemanha Ocidental" e "Alemanha Oriental", e as duas partes de Berlim como "Berlim Ocidental" e "Berlim Oriental". As partes oriental e ocidental optaram por Berlim Oriental e Bonn como suas respectivas capitais. No entanto, a Alemanha Ocidental declarou que o status de Bonn como sua capital era provisório, a fim de enfatizar a sua convicção de que a instituição de dois Estados alemães distintos foi uma solução artificial status quo que seria necessário superar.[53]
A Alemanha Ocidental, estabelecida como uma república federal parlamentar, com uma "economia social de mercado", tornou-se aliada dos Estados Unidos, Reino Unido e França. O país chegou a se beneficiar de um crescimento econômico prolongado a partir dos anos 1950 (em alemão: Wirtschaftswunder). Ingressou na OTAN em 1955 e foi membro fundador da Comunidade Econômica Europeia, em 1958.[54]
A Alemanha Oriental foi um estado do bloco oriental sob controle político e militar da URSS, através de suas forças de ocupação militar e do Pacto de Varsóvia. Enquanto dizia ser uma democracia, o poder político foi executado exclusivamente pelos principais membros (Politburo) do Partido Socialista Unificado da Alemanha (SED), controlado pelos comunistas. Seu poder foi assegurado pelo Stasi, um serviço secreto de grande dimensão, e por uma variedade de sub-organizações do SED que controlava todos os aspetos da sociedade, tendo um grande número de informantes dentro da própria população.[55][56]
A economia planificada pró-soviética foi criada, e mais tarde a RDA passou a ser um estado do Comecon. Apesar da propaganda da Alemanha Oriental ter sido baseada nos benefícios dos programas sociais da RDA e na alegada ameaça constante de uma invasão por parte da Alemanha Ocidental, muitos dos seus cidadãos olhavam para o Ocidente em busca de liberdade política e de prosperidade econômica.[57] O Muro de Berlim, construído em 1961 para impedir a fuga dos alemães do leste para a Alemanha Ocidental, tornou-se um símbolo da Guerra Fria.[58]
As tensões entre as Alemanha do Leste e do Oeste foram ligeiramente reduzidas no início dos anos 1970 pelo Chanceler Willy Brandt através da sua Ostpolitik, que incluiu a aceitação de facto das perdas territoriais da Alemanha na Segunda Guerra Mundial.[59]
Reunificação e integração europeia (1990-atualidade)
Em face de uma crescente migração de alemães do leste para a Alemanha Ocidental através da Hungria e de manifestações em massa durante o verão de 1989, as autoridades do Leste alemão inesperadamente facilitaram as restrições nas fronteiras em novembro, permitindo que cidadãos do leste alemão pudessem viajar para o ocidente.[60]
Originalmente concebida como uma válvula de pressão para manter a Alemanha Oriental como um Estado, a abertura da fronteira na realidade levou a uma aceleração do processo de reforma na Alemanha Oriental, que finalmente foi concluído com o Tratado Dois Mais Quatro um ano mais tarde, em 12 de setembro de 1990, resultando na reunificação alemã, ocorrida em 3 de outubro de 1990. Segundo os termos do tratado, as quatro potências ocupantes renunciavam aos seus direitos sob o Instrumento da Renúncia, e a Alemanha recuperava a plena soberania do seu território.[61]
Com base na Lei Bonn-Berlim, aprovada pelo parlamento em 10 de março de 1994, Berlim foi escolhida como capital do Estado unificado, enquanto Bonn obteve o status único de Bundesstadt (cidade federal) e reteve alguns ministérios federais.[62] A mudança do governo foi concluída em 1999.[63]
Desde a reunificação, a Alemanha assumiu um papel mais ativo na União Europeia, assinando o Tratado de Maastricht em 1992 e o Tratado de Lisboa em 2007[64] e cofundando a Zona Euro.[65] A Alemanha enviou uma força de paz para garantir a estabilidade nos Bálcãs e enviou tropas alemãs para o Afeganistão como parte de um esforço da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para fornecer segurança naquele país após a derrubada do Talibã.[66][67]
Nas eleições de 2005, Angela Merkel se tornou a primeira mulher chanceler do país. Em 2009, o governo alemão aprovou um plano de estímulo de 50 bilhões de euros por conta da crise financeira de 2008.[68] Entre os principais projetos políticos alemães do início do século XXI estão o avanço da integração europeia, a transição energética (Energiewende) para um abastecimento de energia sustentável, o "freio da dívida" para manter os orçamentos equilibrados, além de medidas para aumentar a taxa de fertilidade (pronatalismo) e estratégias de alta tecnologia para a transição econômica alemã, resumidas como indústria 4.0.[69] A Alemanha foi afetada pela crise migratória na Europa em 2015: o país acolheu mais de um milhão de migrantes e desenvolveu um sistema de cotas que redistribuiu os migrantes em torno de seus estados federais.[70]
O território da Alemanha cobre 357 021 km², sendo 349 223 km² de terra e 7 798 km² de água. É o sétimo maior país por área na Europa e o 63° maior no mundo. Os pontos extremos ficam nos Alpes ponto mais alto: o Zugspitze a 2 962 m de altitude no sul e na costa do Mar do Norte (Nordsee) no noroeste e o mar Báltico (Ostsee) no nordeste.[71]
Entre os dois está presente a floresta que liga as terras altas do centro às terras baixas do norte (ponto mais baixo: Wilstermarsch a 3,54 m abaixo do nível do mar), que é atravessado por alguns dos maiores rios da Europa como o Reno, Danúbio e o Elba.[72]
Por causa de sua localização central, a Alemanha compartilha fronteiras com mais países europeus que qualquer outro país no continente. Seus vizinhos são a Dinamarca no norte, Polônia e a Chéquia no leste, Áustria e Suíça no sul, França e Luxemburgo no sudoeste e Bélgica e os Países Baixos no noroeste.[71]
Meio ambiente
A Alemanha é conhecida pela sua consciência ambiental. Os alemães consideram que o homem é uma das principais causas do aquecimento global.[73] O país está comprometido com o Protocolo de Quioto e vários outros tratados para promover a biodiversidade, os baixos padrões de emissões, a utilização de energias renováveis e apoia o desenvolvimento sustentável a nível global.[74] A taxa de reciclagem doméstica do país está entre as mais altas do mundo - em torno de 65%.[75]
O governo alemão deu início a uma ampla atividade de redução de emissões e as emissões globais do país estão caindo.[76] No entanto, a Alemanha tem uma das mais elevadas taxas de emissões de dióxido de carbono per capita da UE, mas permanece significativamente menor em comparação com a Austrália, Canadá, Arábia Saudita ou Estados Unidos.[77]
Emissões a partir de produção de energia proveniente da queima de carvão e as indústrias contribuem para a poluição do ar. A chuva ácida, resultante das emissões de dióxido de enxofre é prejudicial às florestas. A poluição no Mar Báltico a partir de esgoto bruto e efluentes industriais nos rios na antiga Alemanha Oriental foram reduzidas.[78]
O governo do ex-chanceler Schröder anunciou a intenção de acabar com o uso da produção de eletricidade a partir de energia nuclear. A Alemanha está trabalhando para cumprir o compromisso da UE de identificar áreas de preservação natural de acordo com a diretiva de Flora, Fauna e Habitats da UE. Os perigos naturais são as enchentes fluviais na primavera e vento forte que ocorrem em todas as regiões.[79]
Clima
Grande parte da Alemanha tem um clima temperado no qual os ventos úmidos ocidentais predominam. O clima é moderado pela Corrente do Atlântico Norte, que é a extensão norte da Corrente do Golfo.[80]
As águas quentes trazidas por essa corrente afetam as áreas litorâneas do mar do Norte incluindo a península da Jutlândia e a área ao longo do Reno, que corre em direção ao Mar do Norte.[80]
Consequentemente no noroeste e no norte, o clima é oceânico; chuvas ocorrem durante todo o ano sendo que o pico ocorre no verão. Os invernos são amenos e os verões frescos, embora as temperaturas possam exceder os 30 °C por períodos prolongados.[80]
No leste, o clima é mais continental; invernos podem ser muito rigorosos, verões muito quentes, e longos períodos de seca já foram registrados. O centro e o sul da Alemanha são regiões de transição que variam entre os climas oceânico moderado para continental. A temperatura máxima também pode exceder os 30 °C no verão.[81]
Biodiversidade
Fitogeograficamente, a Alemanha é partilhada entre as províncias do Atlântico Europeu e Centro Europeu da Região Circumboreal dentro do Reino Boreal.[82]
O território da Alemanha pode ser subdividido em quatro Biorregiões: os remanescentes florestais do Atlântico, as florestas mistas Báltico, florestas mistas da Europa Central e as florestas de angiospermas da Europa Ocidental. A maior parte da Alemanha é coberta por terras aráveis (33%) ou florestas e bosques (31%). Apenas 15% do território é coberto por pastagens permanentes.[82]
Plantas e animais são aqueles geralmente comuns para a Europa central. Faias, carvalhos e outras árvores de folha caduca constituem um terço das florestas; coníferas estão aumentando como resultado do reflorestamento. Abetos e pinheiros predominam nas montanhas superiores, enquanto o pínus e larix são encontrados em solo arenoso.[83] Há muitas espécies de samambaias, flores, fungos e musgos. Abundam peixes nos rios e no mar do Norte. Os animais selvagens incluem javalis, veados selvagens, muflão, a raposa, o texugo, a lebre, e um pequeno número de castores. Várias aves migratórias cruzam a Alemanha na primavera e no outono.[83]
A Alemanha é conhecida por seus muitos jardins zoológicos, parques nacionais, parques de animais selvagens, aquários e parques de aves.[84] Mais de 400 zoológicos e parques de animais registrados operam na Alemanha, que se acredita ser o maior número em qualquer país do mundo.[85] O Zoologischer Garten Berlin é o mais antigo jardim zoológico na Alemanha e apresenta a mais completa coleção de espécies no mundo.[86]