União Soviética
estado socialista na Eurásia de 1922 a 1991 / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
A União Soviética (em russo: Советский Союз, transliterado como Sovetski Soiuz), oficialmente União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) foi um Estado socialista localizado no norte da Eurásia que se estendeu desde os mares Báltico e Negro até o Oceano Pacífico, e que existiu entre 1917/22 e 1991. Uma união de várias repúblicas soviéticas subnacionais, a URSS era governada num regime unipartidário comandado pelo Partido Comunista da União Soviética e tinha como sua capital a cidade de Moscou.
A União Soviética teve suas raízes na Revolução Russa de 1917, que depôs a autocracia imperial. Após a revolta, os bolcheviques, liderados por Vladimir Lenin, derrubaram o governo provisório que tinha sido estabelecido. A República Socialista Federativa Soviética Russa foi então criada e a Guerra Civil Russa começou. O Exército Vermelho entrou em diversos territórios do antigo Império Russo e ajudou os comunistas locais a tomarem o poder. Em 1922, os bolcheviques foram vitoriosos, formando a União Soviética, com a unificação das repúblicas soviéticas da Rússia, Ucrânia, Bielorrússia e Transcaucásia. Após a morte de Lenin em 21 de janeiro de 1924, assumiu o poder a liderança coletiva da troica. Entre o final de agosto e início de setembro, ocorreria um conflito político conhecido como Revolta de Agosto e logo depois, naquele mesmo ano, Josef Stalin chegaria ao poder. Stalin associou a ideologia estatal ao marxismo-leninismo e iniciou um regime de economia planificada. Como resultado, o país passou por um período de rápida industrialização e coletivização, que lançou as bases de apoio para o esforço de guerra posterior e para o domínio soviético após a Segunda Guerra Mundial.[12] No entanto, Stalin reprimiu tanto os membros do Partido Comunista quanto elementos da população através de seu regime autoritário.
No início da Segunda Guerra Mundial, a União Soviética assinou um pacto de não agressão com a Alemanha nazista, inicialmente para evitar um confronto, mas o tratado foi desconsiderado em 1941, quando os nazistas invadiram o território da URSS e deram início ao maior e mais sangrento teatro de guerra da história. As perdas soviéticas durante a guerra foram proporcionalmente as maiores do conflito, devido ao custo para adquirir vantagem sobre as forças das Potências do Eixo em batalhas intensas, como a de Stalingrado, que conduziram os soviéticos pela Europa Oriental até a captura de Berlim em 1945, infligindo a grande maioria das perdas alemãs durante a guerra.[13] Os territórios que a URSS conquistou das forças do Eixo na Europa Central e Oriental posteriormente se tornaram os Estados satélites do Bloco Oriental. Diferenças ideológicas e políticas com os seus homólogos do Bloco Ocidental, que era liderado pelos Estados Unidos, levou à formação de diversos pactos econômicos e militares que culminaram no longo período da Guerra Fria.
Um processo de desestalinização seguiu-se após a morte de Stalin, começando uma era de abertura política e social. Em seguida, a URSS passou a iniciar vários dos mais significativos avanços tecnológicos do século XX, incluindo o lançamento do primeiro satélite artificial e do primeiro voo espacial de um ser humano na história, fatores que criaram a corrida espacial. A crise dos mísseis de Cuba em 1962 marcou um período de extrema tensão entre as duas superpotências, o que foi considerado o mais próximo de um confronto nuclear mútuo. Na década de 1970, houve um relaxamento das relações internacionais, mas as tensões políticas foram retomadas com a invasão soviética do Afeganistão em 1979. A ocupação drenou recursos econômicos e arrastou-se sem alcançar resultados políticos significativos.[14][15]
Na década de 1980 o último líder soviético, Mikhail Gorbachev, buscou reformar a União com a introdução das políticas glasnost e perestroika em uma tentativa de acabar com o período de estagnação econômica e de democratizar o governo. No entanto, as reformas de Gorbachev levaram ao surgimento de fortes movimentos nacionalistas e separatistas no país. As autoridades centrais então iniciaram um referendo, que foi boicotado pelas repúblicas bálticas e pela Geórgia e que resultou em uma maioria de cidadãos que votaram a favor da preservação da União como uma federação renovada. Em agosto de 1991, uma tentativa de golpe de Estado contra Gorbachev foi feita por membros linha-dura do governo, com a intenção de reverter as reformas. O golpe fracassou e o presidente russo Boris Yeltsin desempenhou um papel de destaque em sua derrota, o que resultou na proibição do Partido Comunista. Em 25 de dezembro de 1991, Gorbachev renunciou e as doze repúblicas restantes surgiram da dissolução da União Soviética como países pós-soviéticos independentes.[16] A Federação Russa, o Estado sucessor da República Socialista Federativa Soviética Russa, assumiu os direitos e obrigações da antiga União Soviética e tornou-se reconhecida como a continuação de sua personalidade jurídica.[17]
A União Soviética também era conhecida como СССР, um acrônimo para União das Repúblicas Socialistas Soviéticas de acordo com seu nome em russo, Союз Советских Социалистических Республик (Soyuz Soviétskikh Sotsialistítchieskikh Respúblik). Apesar de originalmente escrita no alfabeto cirílico, o mundo ocidental acabou por adotá-la como CCCP, "latinizando" as letras. A sigla ficou bastante conhecida no mundo ocidental, devido ao uso do acrônimo em uniformes em competições esportivas e outros objetos, em eventos culturais e tecnológicos ocorridos na URSS, como por exemplo navios, automóveis ou chapéus e capacetes de cosmonautas. Isto também se deve pelo destacamento da União Soviética em tais eventos, o que a fez mais conhecida em todo o mundo. Devido à grande simbologia e a fama que esta sigla trouxe; após a abolição de seu uso, junto com o fim da URSS, a Rússia, durante a gestão de Vladimir Putin, retomou o uso do nome do país, mas desta vez descrito como "Россия" (Rossiya), acompanhando a restauração do hino soviético, da águia bicéfala da Rússia czarista e da reutilização da bandeira com a foice e martelo como símbolo do exército russo.[18][19][20]