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Andorinhão-estofador

espécie de ave Da Wikipédia, a enciclopédia livre

Andorinhão-estofador
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Andorinhão-estofador,[2] tapear-tesoura ou andorinha-uiriri[3] (nome científico: Panyptila cayennensis) é uma espécie de ave pertencente à família dos apodídeos (Apodidae). Nativo da América Latina, está em risco de extinção em alguns estados do Brasil.

Factos rápidos Estado de conservação, Classificação científica ...
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Etimologia

O nome do gênero combina o grego antigo panu, que significa "muito" ou "excessivamente", com ptilon, que significa "asa". O epíteto específico cayennensis vem de Caiena, na Guiana Francesa, sua localidade-tipo.[4] O nome popular andorinhão deriva de andorinha e o sufixo -ão.[5] Andorinha, por sua vez, surgiu no latim vulgar harundo,ĭnis por hirundo,ĭnis. Através de metátese e expansão da nasal, surgiu *andorine e, então, por mudança da vogal temática, *andorina. Desta última forma, surgiu andorinha. O Grande Dicionário Houaiss aponta a possibilidade de ser um étimo influenciado pelo verbo andar.[6] Por sua vez, uiriri, que compôs outro dos nomes populares da espécie, pode ter origem onomástica, segundo Antenor Nascentes.[7]

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Taxonomia e sistemática

O andorinhão-estofador foi formalmente descrito em 1789 pelo naturalista alemão Johann Friedrich Gmelin em sua edição revisada e ampliada do Systema Naturae de Carlos Lineu. Ele o colocou com todas as andorinhas e andorinhões do gênero Hirundo e cunhou o nome binomial Hirundo cayennensis.[8] Gmelin baseou sua descrição no Martinet à collier blanc que havia sido descrito em 1779 pelo polímata francês Georges-Louis Leclerc, conde de Buffon, a partir de um espécime coletado em Caiena, na Guiana Francesa.[9] Uma ilustração colorida à mão da ave também foi publicada.[10] O andorinhão-estofador agora é colocado com o andorinhão-tesoura-grande (Panyptila sanctihieronymi) no gênero Panyptila, que foi introduzido em 1847 pelo ornitólogo alemão Jean Cabanis.[11][12]

Subespécies

Segundo o Comitê Ornitológico Internacional (COI), a espécie é monotípica: nenhuma subespécie é reconhecida.[12] No entanto, a taxonomia de Clements e o Handbook of the Birds of the World da BirdLife International atribuem duas subespécies:[13]

  • Panyptila cayennensis cayennensis (Gmelin, 1789);[14]
  • Panyptila cayennensis veraecrucis (Moore, 1947).[15]
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Distribuição geográfica

O andorinhão-estofador pode ser encontrada desde o estado de Veracruz, no sul do México, na América do Norte, passando por todos os países da América Central (Belize, Costa Rica, El Salvador, Honduras, Nicarágua e Panamá) até a Colômbia, Venezuela e Equador. Também é encontrado em toda a bacia Amazônica, numa estreita faixa ao longo da costa sudeste do Brasil e em Trindade e Tobago. Habita as bordas e clareiras de florestas tropicais perenes de terras baixas e florestas secundárias, áreas cultivadas, corredores fluviais e áreas povoadas por humanos. Em altitude, atinge 1 500 metros (4 900 pés) na Guatemala e no Equador, mas normalmente é encontrado em altitudes mais baixas.[12][16]

Comportamento

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Perspectiva

O andorinhão-estofador é um residente durante todo o ano em toda a sua área de distribuição.[16] Seu voo é muito rápido e agitado e geralmente muito alto no ar.[17] Como todos os andorinhões, é um insetívoro aéreo. Embora sua dieta não tenha sido detalhada, num estudo realizado na Venezuela, alimentou-se principalmente de dípteros (Diptera), com números menores de homópteros (Homoptera) e himenópteros (Hymenoptera), além de números muito pequenos de outras ordens. É menos gregário do que outros andorinhões e geralmente é visto individualmente ou em pares. Se outras espécies de andorinhões estiverem presentes, normalmente se alimenta acima delas, embora permaneça abaixo de espécies do gênero Streptoprocne, como o taperuçu-de-coleira-castanha (Streptoprocne rutila).[17][16]

Os chamados habituais são "uma frase estridente ou sibilante de notas rápidas e estridentes... 'pzeee-pzi-titititititi-ti-ti-pzeee!'" e "um único e repetido 'pzeeeh'". Muitas vezes ele voa tão alto que os chamados não podem ser ouvidos.[18] A época de reprodução do andorinhão-estofador varia geograficamente, com nidificação geralmente na primavera e no verão locais. O ninho é tubular, mais largo na parte superior e com a entrada na base. É feito de material vegetal feltrado com saliva e preso a um galho ou a uma superfície vertical. Neste último caso, toda a sua extensão é fixada à parede ou tronco. Ninhos foram encontrados sob pontes, nas paredes de edifícios ocupados e no interior de edifícios abandonados, e em árvores de grande porte. Dois ou três ovos brancos são depositados em uma prateleira na parte superior do ninho e incubados por ambos os pais.[16]

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Conservação

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Perspectiva

A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) classifica o andorinhão-estofador como pouco preocupante (LC), pois ocorre numa distribuição extremamente grande e não se aproxima dos limiares para Vulnerável sob o critério de tamanho de distribuição (segundo a IUCN, extensão de ocorrência < 20 mil quilômetros quadrados combinada com um tamanho de distribuição decrescente ou flutuante, extensão/qualidade do habitat ou tamanho populacional e um pequeno número de locais ou fragmentação severa). Sabe-se que suas populações estão em tendência decrescente, mas o declínio não é suficientemente rápido para se aproximar dos limiares para vulnerável (> 30% de declínio ao longo de dez anos ou três gerações) e sua população é muito grande, o que igualmente descaracteriza a classificação como vulnerável (< 10 mil indivíduos maduros com um declínio contínuo estimado em > 10% em dez anos ou três gerações, ou com uma estrutura populacional especificada).[1]

Particularmente no Brasil, em 2005, o andorinhão-estofador foi classificado como em perigo (EN) na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo;[19] em 2010, constou sob a rubrica de dados insuficientes (DD) no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada no Estado do Paraná;[20] em 2014, sob a rubrica de dados insuficientes (DD) no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo;[21] em 2018, como pouco preocupante (LC) na Lista Vermelha do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio);[22][23] e em 2021, como regionalmente extinta (EX) na Lista de Aves do Ceará.[24]

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Referências

  1. BirdLife International (2020). «Panyptila cayennensis». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2020: e.T22686759A168014391. doi:10.2305/IUCN.UK.2020-3.RLTS.T22686759A168014391.enAcessível livremente. Consultado em 14 de abril de 2022
  2. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. 111 páginas. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022
  3. Novaes, Fernando C.; Lima, Maria de Fátima Cunha. Aves da grande Belém - municípios de Belém e Ananindeua, Pará. Belém: Museu Paraense Emílio Goeldi. 134 páginas
  4. Jobling, James A. (2010). The Helm Dictionary of Scientific Bird Names. Londres: Christopher Helm. pp. 291, 95. ISBN 978-1-4081-2501-4
  5. Grande Dicionário Houaiss, verbete andorinhão
  6. Buffon, Georges-Louis Leclerc de (1779). «Martinet à collier blanc». Histoire Naturelle des Oiseaux (em francês). 6. Paris: De l'Imprimerie Royale. p. 671. Consultado em 11 de maio de 2025. Cópia arquivada em 30 de novembro de 2024
  7. Buffon, Georges-Louis Leclerc de; Martinet, François-Nicolas; Daubenton, Edme-Louis; Daubenton, Louis-Jean-Marie (1765–1783). «Martinet à collier, de Cayenne». Planches Enluminées D'Histoire Naturelle. 8. Paris: De L'Imprimerie Royale. Plate 725 fig. 2. Consultado em 11 de maio de 2025. Cópia arquivada em 11 de abril de 2025
  8. Cabanis, Jean (1847). «Ornithologische Notizen». Archiv für Naturgeschichte (em alemão). 13: 186–256; 308–352 [345]. Consultado em 11 de maio de 2025. Cópia arquivada em 30 de novembro de 2024
  9. Gill,F.; Donsker, D.; Rasmussen, P., eds. (agosto de 2022). «Owlet-nightjars, treeswifts, swifts». IOC World Bird List. v 12.2. Consultado em 11 de maio de 2025. Cópia arquivada em 23 de março de 2025
  10. Clements, J. F.; Schulenberg, T. S.; Iliff, M. J.; Roberson, D.; Fredericks, T. A.; Sullivan, B. L.; Wood, C. L. (2017). «The eBird/Clements checklist of birds of the world: Version 6.9». The Cornell Lab of Ornithology (Planilha Excel) (em inglês). Disponível para download
  11. Ruschi, Augusto; Demonte, Ettiene (1979). Aves do Brasil. São Paulo: Rios. 248 páginas
  12. del Hoyo, Josep; Sargatal, Jordi; Cabot, José. Handbook of the Birds of the World: Barn-owls to hummingbirds. Barcelona: Lynx Edicions. 448 páginas
  13. Chantler, Philip; Bonan, Arnau; Juana, Eduardo de; Boesman, Peter F. D. «Lesser Swallow-tailed Swift, Panyptila cayennensis». Birds of the World. Laboratório Cornell de Ornitologia. Consultado em 11 de maio de 2025. Cópia arquivada em 10 de junho de 2024
  14. Ridgely, Robert S.; Greenfield, Paul J. (2001). The Birds of Ecuador: Field Guide. II. Ítaca, Nova Iorque: Cornell University Press. 241 páginas. ISBN 978-0-8014-8721-7
  15. van Perlo, Ber (2009). A Field Guide to the Birds of Brazil. Nova Iorque: Oxford University Press. 154 páginas. ISBN 978-0-19-530155-7
  16. «Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo». Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 7 de julho de 2022. Cópia arquivada em 24 de junho de 2022
  17. Livro Vermelho da Fauna Ameaçada. Curitiba: Governo do Estado do Paraná, Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná. 2010. Consultado em 2 de abril de 2022
  18. Bressan, Paulo Magalhães; Kierulff, Maria Cecília Martins; Sugleda, Angélica Midori (2009). Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo - Vertebrados (PDF). São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SIMA - SP), Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 25 de janeiro de 2022
  19. «Panyptila cayennensis Chapman». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 14 de abril de 2022. Cópia arquivada em 9 de julho de 2022
  20. Girão-e-Silva, W. A.; Crozariol, M. A. (2021). Lista de Aves do Ceará. Fortaleza: Secretaria do Meio Ambiente do Ceará. Consultado em 11 de maio de 2025. Cópia arquivada em 12 de dezembro de 2023
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