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Batalha de Dorileia

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Batalha de Dorileia
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A Batalha de Dorileia ocorreu durante a Primeira Cruzada, a 1 de julho de 1097. Nas proximidades da cidade de Dorileia (Dorylaeum em latim), perto da atual Esquixequir, na Anatólia, as forças cruzadas foram emboscadas pelos turcos seljúcidas e danismêndidas, mas acabariam por sair vitoriosas.

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Antecedentes

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A Primeira Cruzada avançava sobre a Anatólia e conquistara Niceia (atual İznik), a capital do Sultanato de Rum, do seljúcida Quilije Arslã I. Do lado cristão, a inicial desconfiança dos cruzados quanto aos seus aliados bizantinos fora agravada na sequência do cerco de Niceia: Aleixo I Comneno negociara a rendição da cidade sitiada ao Império Bizantino, impedindo a glória da conquista e a pilhagem de Niceia, que traria dinheiro e provisões para a cruzada.

Para simplificar o problema de obter provisões para tão grande número de peregrinos, ao sair da região a 26 de junho, os cruzados dividiram-se em dois exércitos, o que resultou numa lacuna de cerca de cinco quilómetros entre a vanguarda e a força principal na retaguarda:[1]

Na travessia em diagonal do planalto anatólio, o trajecto da cruzada passava próximo às ruínas da antiga cidade de Dorileia (Dorylaeum em latim, actualmente pensa-se que Esquixequir foi construída nesse local), uma zona montanhosa na margem norte do rio Timbres, propícia para emboscadas. Foi lá que o exército de Boemundo acampou ao anoitecer do dia 30 de junho, depois de uma marcha de três dias durante a qual se tinham apercebido de estarem a ser seguidos por batedores turcos - e no dia anterior tinham sido informados que o inimigo planeava uma emboscada.

Depois da perda de Niceia, o sultão de Rum deixara de subestimar o poder militar do disciplinado exército da Cruzada dos Nobres, bastante superior ao da prévia e pouco organizada Cruzada Popular, que fora derrotado com alguma facilidade no ano anterior.

As forças turcas consistiam nos exércitos de Quilije Arslã, que acordara uma paz com os danismêndidas, aliando-se ao príncipe Gazi. Eram acompanhados pelos seus súbditos Hassan da Capadócia, persas e albaneses de regiões do actual Azerbaijão. Diferentes relatos variam muito no número total deste exército: Segundo Raimundo de Aguilers[2] seriam 150 000 homens, Fulquério de Chartres[3] escreveu 360 000. Outros relatos contemporâneos centram-se no número mais realista de 25 000-30 000, mas actualmente pensa-se em 6 000- 8 000 guerreiros de cavalaria ligeira.[1][4]

Para além de um grande número de não-combatentes, Boemundo contaria com cerca de 10 000 soldados, a maioria de infantaria: a organização militar da época deixa implícito que haveria vários combatentes por cada cavaleiro, ou seja, assume-se que um exército de 500 cavaleiros também incluiria mais cerca de 1 500 soldados. Deste modo, cerca de 8 000 soldados de infantaria e 2 000 cavaleiros parece ser uma estimativa razoável para o número total das forças do príncipe de Taranto.[1]

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Batalha

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Batalha de Dorileia (Gustave Doré).

Na madrugada de 1 de julho, os normandos de Boemundo de Taranto foram surpreendidos pelo ataque rápido dos arqueiros turcos a cavalo que, usando uma táctica de cavalaria ligeira, disparavam as suas flechas e depois eram substituídos na linha da frente. Deste modo dizimaram peregrinos cristãos não-combatentes e soldados sem armadura - não conseguindo fugir e tomados de pânico, estes estavam demasiadamente desorientados para formar linhas de batalha.[4]

Os cavaleiros cruzados montaram rapidamente nos seus cavalos, mas as respostas esporádicas que conseguiram criar não detinham os inimigos. Boemundo ordenou-lhes que desmontassem e formassem uma linha defensiva, e conseguiu com dificuldade reunir os soldados de infantaria e não-combatentes no centro do campo; as mulheres transportavam água no campo de batalha, geralmente a função de membros de baixo estatuto em um exército.

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Anatólia em 1097 com o local da batalha assinalado.

Apesar de ter criado alguma protecção para os mais vulneráveis, esta organização dava mais liberdade à estratégia preferida dos turcos - investir sobre o campo disparando as suas flechas e retirar rapidamente antes de uma resposta cruzada. Ainda que não conseguissem vitimar facilmente os cavaleiros cristãos que mantinham as suas armaduras pesadas, cavalos e outros combatentes sofreram um grande número de baixas.

Boemundo enviou mensageiros aos outros campos cruzados e tentava resistir até à sua chegada. Recuou até à margem do rio Tímbris, onde o terreno lamacento dificultava os movimentos dos cavalos inimigos. A cavalaria pesada formou um círculo protectivo para escudar os restantes das setas, mas os turcos mantiveram uma barragem constante de projécteis que foi causando baixas - segundo os relatos, morreram aqui mais de 2 000 cruzados.

Esporadicamente, alguns grupos de impetuosos cavaleiros normandos carregavam sobre o inimigo, apesar de terem recebido ordens para se manterem em formação. Os que não morreram foram forçados a recuar, uma vez que a cavalaria ligeira turca conseguia manter-se fora do alcance da cavalaria pesada ocidental e continuar a lançar flechas, que vitimavam cavalos ou homens: por mais sólidas que fossem as armaduras - que valeram aos cruzados o epíteto de homens de ferro pelos turcos - eventualmente um projéctil acharia o caminho de um ponto fraco.

Pouco depois do meio-dia, Godofredo de Bulhão chegou acompanhado de 50 cavaleiros, rompendo as linhas turcas para tentar chegar junto a Boemundo. Durante a tarde outros, como Raimundo IV de Toulouse e Hugo I de Vermandois, seguir-lhe-iam o exemplo: alguns morreriam, outros persistiam na tentativa. À medida que as baixas cristãs aumentavam, os turcos foram tornando-se mais agressivos e o exército de Boemundo foi forçado a entrar nos baixios do rio.

Depois de aproximadamente sete horas de batalha chegavam os cavaleiros de Raimundo (não é certo que o conde de Toulouse estava entre eles, talvez tenha chegado depois), lançando um ataque de surpresa no flanco turco, forçando os inimigos a retirar em desordem e permitindo que os cruzados se organizassem, proclamando "hodie omnes divites si Deo placet effecti eritis" ("hoje, se aprouver a Deus, todos vós tornar-se-ão ricos", referindo-se à possibilidade de captura do tesouro de Quilije Arslã). Boemundo, Tancredo de Altavila, Roberto II da Normandia, Roberto II da Flandres e Estêvão de Blois formaram a ala esquerda; as forças de Toulouse no centro; Godofredo de Bulhão e Hugo de Vermandois à direita.

Apesar da ferocidade da investida normanda ter abalado os turcos, só foi possível forçá-los a recuar a meio da tarde, com a chegada de uma força liderada pelo bispo Ademar de Monteil, o legado papal da cruzada, talvez com Raimundo de Toulouse na vanguarda. Tinham circundado o local da batalha, ocultados por colinas e através do rio, flanqueado os arqueiros da esquerda e surpreendido os inimigos pela retaguarda. Atemorizados ao ver o seu campo em chamas e intimidados pela ferocidade e resistência dos homens de ferro, os turcos fugiram, abandonando o seu campo e forçando Quilije Arslã a retirar.

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Consequências

As perdas de ambos os lados terão sido pesadas, talvez 4 000 cruzados e 3 000 turcos,[5] o número indicado por Alberto de Aquisgrão.[6] Os turcos fugiram e depois o sultão seljúcida teve de se concentrar nos seus territórios do leste.

Os cruzados conseguiram mesmo tornar-se ricos, pelo menos por um curto período de tempo, ao tomar o campo de Quilije Arslã I. Lá encontraram uma grande quantidade de víveres, magníficas tendas ornamentadas, tesouros do sultão e animais, entre os quais um grande número de camelos. A marcha pela Anatólia prosseguiu sem mais resistência significativa até à chegada a Antioquia. O obstáculo durante os quase três meses da travessia seria a falta de provisões e o calor do Verão na planície turca. Em outubro iniciariam a sua mais desesperada batalha, o cerco de Antioquia.

Referências

  1. The Crusades And The Expansion Of Catholic Christendom, 1000-1714, John France, Routledge, 2005, p. 71 (ISBN 978-0-415-37128-5)
  2. Historia Hierosolymitana, Fulquério de Chartres
  3. The Hutchinson Dictionary of Ancient & Medieval Warfare, Bennett, Helicon Publishing Ltd, 1998, p. 103 (ISBN 1-57958-116-1)
  4. Victory in the East: A Military History of the First Crusade, John France, Cambridge University Press, 1996, p. 181 (ISBN 978-0-521-58987-1)
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Bibliografia

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