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Cavalo Losino

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Cavalo Losino
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O cavalo losino, também conhecido como jaca burgalesa ou pônei losino, é a única raça equina nativa da região histórica de Castela. Trata-se de uma raça oriunda da região de Valle de Losa, que lhe dá nome,[1] embora exemplares dela possam ser encontrados nas províncias castelhanas de Palência e Burgos, na parte norte da Península Ibérica.[2] Por serem animais que tradicionalmente vivem soltos em estado natural, o losino é por vezes classificado como um cavalo assilvestrado.[3]

Factos rápidos Origem, Temperamento ...
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Introdução

O cavalo losino é uma raça nativa de Castela e recebe sua denominação em referência à sua área original, o Vale de Lousa, no norte da província de Burgos. O número de animais da raça losina manteve-se estável até a década de 1950, mas posteriormente, devido à mecanização do campo, sua população diminuiu até que em 1986 chegou a seu mínimo histórico,[1] apenas 30 animais.[3] Nesse ano, iniciou-se um projeto de recuperação da raça, criando-se posteriormente, por iniciativa de Ricardo de Juana, o primeiro centro de criação em pureza e seleção do cavalo losino, em Pancorbo.[3]

Os cavalos desta raça são utilizados para a equitação infantil-juvenil e para a realização de trilhas equestres em zonas rurais e de montanha.[2][3] O cavalo losino é um dos três tipos equinos autóctonos da Península Ibéria, sendo o de maior pureza de todas as raças de cavalo da Península.[3] Teve um papel importante na época da Reconquista da Espanha, e posteriormente na colonização das Américas. Hoje em dia encontra-se em perigo de extinção, restando apenas 300 animais de puro-sangue.

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Características

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cabeça de Losino.

Segundo os estudos realizados pelo veterinário Jesús María Martínez Sáiz na década dos 1990, com base em 150 animais, trata-se de um cavalo de pequeno tamanho, com dimensões um pouco superiores às de um pônei. Sua alçada à cernelha é de 135 cm nas éguas e 140 cm nos machos, ainda que o padrão que estabelece o Livro Genealógico da raça seja de 120 cm mínimo e 147 cm máximo. Seu peso encontra-se na faixa dos 330–350 kg.[2]

É um cavalo de orelhas pequenas e curvadas (como os autênticos cavalos, diferentemente dos pôneis), face plana e olhos vivos e expressivos. Como em outras raças ibéricas, o pescoço é largo em sua base, mas algo fino na inserção com a cabeça.[1] Igualmente, a cruz é destacada e suas formas gerais são bastante arrendondadas. A cauda é de inserção alta e é coberta de abundantes crinas, assim como o pescoço, mas o mesmo não e aplica às patas, desprovidas de pelagem mais longa.

A pelagem da raça é de cor negra,[2] do tom chamado morcillo (ligeiramente avermelhado). Nos adultos, essa cor faz-se mais evidente durante os meses de inverno.  Nos potros de até dois anos de idade a pelagem é avermelhada e longa, o que os tornam semelhantes a algumas raças também autóctones de asnos. As únicas manchas que pode apresentar são pequenos pontos na frente. É um cavalo de aspecto algo rústico, mas igualmente elegante e refinado. Muito resistente e tranquilo quando treinado.

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História

Segundo estudos de DNA realizados pelo veterinário Jesús María Martínez Sáiz, a raça losina encontra-se separada das raças de pôneis pirenaicos e das do sul da Península Ibérica. Trata-se de um autêntico cavalo castelhano descendente do Hipparion Gracile, o primitivo cavalo que povoou a Península Ibérica durante o Terciário e o Quaternário. Ainda que há quem seja da opinião de que o losino é emparentado de outras raças da metade norte da Península Ibérica, como as anteriormente mencionadas e o extinto cavalo catalão.

A raça tem passado por múltiplas vicissitudes desde que estabeleceu-se contato entre ela e o homem. Foi objeto de caça, depois ferramenta de guerra durante a Reconquista, sendo ainda empregada pelos Reis Católicos na cavalaria pesada do exército. Também foi levado em grande número às Américas durante o período colonial, ajudando na formação de outras raças de origem americana como o Quarto de milha.

Vida em seu ambiente natural

A unidade social mais comum é a manada de um só garanhão, várias fêmeas e suas crias, que geralmente não têm mais de três anos de idade.

O tamanho da manada varia entre 6 a 16 indivíduos, e depende da existência ou não de crias, com diferenças no tamanho médio que refletem a reprodução da cada ano. Geralmente, tanto os potros como as potras deixam sua manada natal à procura de outros grupos. A dispersão ocorre antes dos três anos de idade e pode refletir o começo da maturidade sexual.

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Relações de dominância

Quando dois cavalos vivem juntos, estabelecem uma relação dominante-subordinado, criando hierarquias de dominância intra-grupal entre a cada indivíduo da cada manada.

As manifestações de dominancia variam em intensidade e vão de sutis a violentas. A forma mais leve toma a forma de "deslocação", na qual o animal de maior dominancia simplesmente ocupa o lugar do de menor faixa. Se este se nega a se mover, surge uma forma mais agressiva de comportamento que inclui ameaças de mordida, levantamento de seus lábios e abrir-fechar da boca.

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Comunicação entre os cavalos

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Grupo de losinos.

O cavalo losino vive em grupos sociais estáveis. Entre eles existe um elaborado repertório de comunicação fazendo uso de signos acústicos, olfatorios, tácteis e visuais, que comunicam detalhes de identidade, de estado emocional, posição social, estado reprodutivo e informações sobre o meio ambiente. Essa comunicação é importante para a união do grupo.

Os sons transmitem mais informação que os signos não vocais. A vocalização mais curta e mais aguda representa uma espécie de grito. Consiste numa nota curta sozinha, às vezes de alto volume, e geralmente denota a ameaça de uma agressão entre machos ou a rejeição de uma fêmea ante os avanços do macho.

A comunicação olfatoria também é vital e serve para reconhecimento entre os membros do grupo e entre as éguas e os potrilhos. A saliva, o cheiro de transpiração e as glândulas ao redor da boca oferecem sinais ao sentido do olfato.

Os signos visuais são os mais comuns e importantes no trato diário, mas também são os mais sutis e difíceis de decifrar. Compreendem mudanças na postura e na posição das orelhas, lábios, cauda, patas e cabeça. As orelhas para atrás e coladas contra a cabeça significam um estado agressivo, e é um componente da expressão de ameaça.

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Zonas de residência e territórios da manada

As zonas de residência são usadas para as atividades diárias e compreendem não só lugares de pastoreio ou mananciais de água (onde costumam ir sempre à mesma hora) mas também lugares com sombra, brisa e refúgio de mosquitos. Apesar de os limites desta área permanecerem geralmente constantes durante todo o ano, o uso destas zonas varia segundo as épocas do ano devido ao frio do inverno e às nevadas contínuas das serras do norte de Burgos. Por conseguinte, vão mudando de lugar em função da disposição de água e do forraje. No verão movem-se para zonas onde persistem mananciais que não secam e em onde a erva dos prados permanece verde e fresca.

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Reprodução

A época de reprodução das éguas da raça losina costuma ser em meados de primavera, pois é sincronizada com a disponibilidade de alimento, horas de luz diárias, temperatura, etc. Na região norte de Burgos, essas condições aparecem no final da primavera. O semental da cada manada tem direito quase exclusivo sobre as fêmeas de seu grupo. Os machos de outras manadas ou grupos de animais solteiros buscam ter acesso a elas ou juntar-se com fêmeas solteiras, formando novas manadas.

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Aptidões

A raça apresenta uma grande aptidão para a sela[2] e é especialmente apta para a equitação juvenil. Também é apta como animal de cavalgadas de recreação em rotas de montanha.

O losino pode ser utilizado em trabalhos agrícolas, seja no campo ou como montadura. O losino também pode ser utilizado para a produção de carne, constituindo uma opção ao consumo de carne de boi.

Sua presença pode ajudar na conservação de florestas, dada sua capacidade como animais ruminantes que possibilita a eliminação de materiais orgânicos combustíveis e assim evita incêndios florestais.

Os resultados de estudos de DNA têm permitido estabelecer que:

  1. O cavalo losino é um dos três tipos de cavalos indígenas da Península Ibérica, diferenciado das raças cantábricas e das do sul da Península. É uma das raças mais antigas da Europa.
  2. A influência histórica que a raça losina teve durante a Idade Média, ocupando um lugar importante na Reconquista da Espanha e na formação das principais raças americanas.
  3. É a raça que apresenta maior variabilidade genética (maior pureza) de todas as raças de cavalos da Península Ibérica.

Referências

  1. «Losino Horse». Equine Kingdom. Consultado em 27 de fevereiro de 2016
  2. «Losino Horse». The Equinest. Consultado em 27 de fevereiro de 2016
  3. Georgoudis, A.; Rosati, A.; Mosconi, C. (2005). Animal Production and Natural Resources Utilisation in the Mediterranean Mountain Areas. [S.l.]: Wageningen Academic Pub. ISBN 9789076998565
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