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Mais (álbum de Marisa Monte)

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Mais (álbum de Marisa Monte)
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Mais é o segundo álbum da artista musical brasileira Marisa Monte, sendo o primeiro de estúdio. O seu lançamento ocorreu em 13 de março de 1991, através da gravadora EMI.

Factos rápidos Álbum de estúdio de Marisa Monte, Cronologia de Marisa Monte ...
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Antecedentes e gravação

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Marisa, descoberta por Nelson Motta em 1988, teve-o como seu diretor artístico, que criou uma campanha de promoção primorosa de shows em locais de repercussão para a cantora. A partir daí, Monte deu uma entrevista a uma matéria para o Jornal do Brasil, recebendo diversas ofertas de contrato por editoras fonográficas, que foram recusados.[1] Quando assinou com a EMI, lançou seu álbum ao vivo de estreia em 1989, sendo um sucesso comercial e campeão de vendas no ano. Em poucos meses, havia chegado a marca de um milhão de cópias, impulsionado pelo single "Bem que se Quis", incluído na trilha sonora de uma novela das oito.[1][2] Nesse ponto, a cantora já era considerada um "padrão e referência", por ter religado "de forma definitiva tribos até então nem sempre se harmonizaram na cena brasileira", ao passo em que é notado o surgimento de "uma música pop brasileira, que conciliou influências da MPB, do rock, do samba e da nação nordestina sem que um gênero se sobrepusesse a outro".[3]

Em julho de 1990, Monte havia se apresentado no Festival de Jazz de Montreux, onde apresentou as faixas do disco que até então inéditas, sendo elas "Volte para o Seu Lar" e "Ensaboa".[4] Dois meses depois, as sessões de gravação do álbum começaram, durando entre até novembro de 1990 e ocorrendo em vários estúdios entre o Brasil e Nova Iorque.[3][5] Conforme se relatou numa matéria da revista Bizz, a gravadora EMI financiou de forma melhor o álbum, dado o sucesso do debute supracitado. Monte escolheu como produtor Arto Lindsay após ver sua banda Ambitious Lovers, e ele por sua vez trouxe vários músicos renomados como Ryuichi Sakamoto, Bernie Worrell, John Zorn e Melvin Gibbs .[1]

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Composição

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Nando Reis (imagem), ex-membro da banda Titãs, foi um dos compositores que trabalharam de forma considerável em Mais, assinando quatro das 12 faixas.[3]

A ideia do álbum era exatamente romper com "acusações de 'crooner talentosa' e instituir uma cara nova e coesa para o seu trabalho", dentro de um estilo próprio. Monte sintetizou, na época, o processo como "procurar sua turma".[1] Monte explicou que o nome Mais era "soma como enriquecimento e como resultado" no que agregaria ao seu perfil musical,[6] bem como ressaltar que "can­tar não é só cantar, é também pensar em todas essas coisas, e estou pensando".[7] Disse que o projeto era um afastamento das interpretações de canções de seu gosto pessoal para algo que tivesse a ver com a sua geração, também afirmando que não era uma compositora, mas que apreciava conceber a ligação entre compositores que acompanhem ela pela carreira.[1] Monte não queria repetir o primeiro álbum, definido como sendo "a apresentação da cantora", e buscou composições novas porque "eu tinha que botar música no mundo".[8] Monte pediu composições a músicos contemporâneos com quem tinha afinidade, incluindo Renato Russo, Marina Lima e Herbert Vianna.[6] O resultado final trouxe sete das oito canções originais tendo colaboração de membros dos Titãs, Arnaldo Antunes, Nando Reis e Branco Mello, e a última sendo a primeira escrita apenas por Monte, "Eu Sei (Na Mira)".[1] No âmbito musical, buscava a inserção da música brasileira em um contexto global, visto o conhecimento de world music do produtor Lindsay.[7]

Antunes co-compôs a faixa inicial do álbum e um dos sucessos do mesmo, "Beija Eu",[3][9] e é o único compositor em "Volte para o Seu Lar", a música é vista como "demarcação de território ideológico", feita pela cantora sobre um batuque que "soou tribal e contemporâneo".[3][9] Em seguida surge a primeira e mais conhecida das quatro canções com colaboração de Reis, "Ainda Lembro", terceira faixa do álbum que é uma balada com influência soul e um single de êxito da cantora, com participação de Ed Motta, que já tinha participado em duas canções na apresentação que gerou o álbum debute de Marisa em outubro de 1988, sendo elas "I Heard It Through the Grapevine", de Marvin Gaye, e "These Are the Songs", de Tim Maia.[3] A partir da quarta canção, surgem as quatro únicas faixas já gravadas antes, já que Monte queria ainda ter versões para "continu[ar] fiel ao trabalho de pesquisa, de releitura".[8] No caso são as músicas "De Noite na Cama", composta por Caetano Veloso e originalmente com a sua primeira gravação lançada em 1971, por Erasmo Carlos; "Rosa", que teve sua melodia composta por Pixinguinha em 1917, recebendo letra de Otávio de Souza, um funileiro que nunca mais comporia outra canção, no final dos anos 1930; "Borboleta", versão musicada de um poema retirado do folclore nordestino;[6] e "Ensaboa" de Cartola que, na versão de Monte, recebeu trechos de "Lamento da Lavadeira" composta por Monsueto, juntamente com um "mashup de tons sociais", citando versos de "Sorrow, Tears and Blood" e "Colonial Mentality" de Fela Kuti, "Eu Sou Negão (Macuxi Muita Onda)" de Gerônimo Santana, "A Felicidade" de Antônio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes,[3][9][10] e um arranjo mesclando o lundu do original com o reggae.[6]

Mais volta com canções originais na faixa oito, onde Antunes fez parceria de escrita com outro integrante do Titãs, Branco Mello na canção "Eu Não Sou da Sua Rua", que é vista como uma "mensagem de desapego às coisas do mundo que Marisa deu com delicadeza", demonstrando que Monte adotou "desde então tons menos dramáticos".[3][9] Descrita pela própria Monte como a melhor canção do disco,[7] "Diariamente" é outra música que foi grafada por Reis e que foi descrita como "graciosa". O disco prossegue com "Eu Sei (Na Mira)", canção pop composta sozinha por Monte. As últimas duas foram compostas tanto pela musicista quanto por Reis; as faixas "Tudo Pela Metade" e "Mustapha" foram descritas como "menos imponentes no conjunto do aliciante repertório de Mais e, sintomaticamente, foram alocadas ao fim do disco".[3][9] "Mustapha" foi uma homenagem a Mustapha Barat, cameraman e fotógrafo marroquino que Monte conheceu em Nova York.[11]

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Recepção crítica

Na época do lançamento, a crítica do jornal O Estado de S. Paulo elogiou o disco, afirmando que a cantora estava "menos dramática, com a voz ainda mais afinada e cristalina, o que parecia impossível, Marisa chega a comover. E, definitivamente, ingressa no panteão dos titãs, em todos os sentidos."[12] Por outro lado O Globo deu duas críticas não muito positivas criticando o repertório e as interpretações contidas, embora o jornalista Mauro Ferreira afirmasse que Marisa acertara ao apostar no ecleticismo,[13] e numa análise retrospectiva de 2020, Ferreira disse que o álbum "reverteu expectativas de quem ansiava por outro disco com lapidações de joias da música brasileira".[3]

Lista de faixas

Mais informação N.º, Título ...

Notas

  • A faixa "Ensaboa" conta com as canções "Lamento da Lavadeira" (de Monsueto), "Colonial Mentality", "Marinheiro Só", "A Felicidade", "Eu Sou Negão" e "Irene" (Caetano Veloso) como música incidental[14]
  • Foram escolhidos como singles do álbum as faixas "Beija eu", ""Rosa", "Eu Sei (Na Mira)", "Ainda Lembro" e "Diariamente" [15]

Participações em trilhas sonoras

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Desempenho nas tabelas musicais

Mais informação Tabela musical (1991), Melhor posição ...

Créditos

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Adaptados do encarte:[9]

Músicos

  • Marisa Montevocais
  • Pastoras da Velha Guarda da Portela (Dona Doca, Dona Surica e Dona Eunice) — vocais em "Ensaboa"
  • Criançada — coral em "Tudo Pela Metade"
  • Arto Lindsay — vocais em "Volte para o Seu Lar", guitarra em "De Noite na Cama", "Eu Sei (Na Mira)" e "Tudo Pela Metade"
  • Gigante Brazil — vocais em "Ensaboa" e "Mustapha". bateria em "Ensaboa" e "Eu Sei (Na Mira)" e percussão em "Mustapha"
  • Prince Vasconcelos de Bois — vocais e percussão em "Borboleta"
  • Marc Ribot — guitarras em "Beija Eu", "Volte para o Seu Lar", "De Noite na Cama", "Tudo Pela Metade" e violão em "Beija Eu"
  • Perinho Santana — guitarra em "Ensaboa" e "Mustapha", guitarra base em "Eu Sei (Na Mira)" e violão em "Mustapha"
  • Robertinho de Recife — violões em "Ainda Lembro", "Borboleta", "Eu Sei (Na Mira)" e "Mustapha"
  • Romero Lubambo — violões em "Eu Não Sou da Sua Rua" e "Diariamente" e assobio em "Eu Não Sou da Sua Rua"
  • Melvin Gibbsbaixo em "Beija Eu", "Volte para o Seu Lar", "De Noite na Cama" e "Tudo Pela Metade"
  • Ricardo Feijão — baixo em "Ensaboa", "Eu Sei (Na Mira)" e "Mustapha"
  • Bernie Worrellteclados em "Beija Eu", "Volte para o Seu Lar", "De Noite na Cama" e "Tudo Pela Metade"
  • Ryuichi Sakamoto — teclados em "Ainda Lembro", "Rosa", "Ensaboa", "Eu Sei (Na Mira)" e "Mustapha"
  • Dougie Bowne — bateria em "Beija Eu", "Volte para o Seu Lar", "De Noite na Cama" e "Tudo Pela Metade"
  • Naná Vasconcelos — percussão em "Volte para o Seu Lar", "De Noite na Cama", "Eu Não Sou da Sua Rua" e "Tudo Pela Metade"
  • Armando Marçal — percussão em "Ainda Lembro", "Ensaboa" e "Eu Sei (Na Mira)" e cuíca em "De Noite na Cama", "Rosa" e "Mustapha"
  • Cyro Baptista — percussão em "Diariamente"
  • John Zornsaxofone alto em "Volte para o Seu Lar" e "Ensaboa"
  • Marty Erhlich — saxofone tenor em "Volte para o Seu Lar" e "Ensaboa"
  • Carol Emmanuel — harpa em "Diariamente"

Pessoal técnico

  • ProduçãoArto Lindsay
  • Direção artística — Jorge Davidson
  • Direção executiva — Leonardo Netto
  • Concepção do projeto e produção executiva — Lula Buarque, em Nova York
  • Técnicos de gravação e de mixagem — Patrick Dillet e Roger Moutenot
  • Assistentes de gravação e mixagem — Justin Luchter, Dave Shiffman e Mauro Bianchi
  • Projeto gráfico — Claudio Torres
  • Fotos — Marcia Ramalho
  • Coordenação do projeto gráfico — Gisele Ribeiro
  • Escriba — Nando Reis
  • Pintura do cenário — Emily Pirmez
  • Maquilagem — Marlene Moura
  • Coordenação gráfica — Egeu Laus
  • Assistente de produção — Wagner "Moreno" Paes, no Rio de Janeiro
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Referências

  1. Forastieri, André (Junho de 1991). «Marisa Monte». Bizz. Revista Bizz: 26-28. Consultado em 6 de dezembro de 2020
  2. Ariza, Adonay (2006). Eletronic samba: a música brasileira no contexto das tendências internacionais. [S.l.]: Annablume. Consultado em 6 de dezembro de 2020
  3. Ferreira, Mauro (25 de abril de 2020). «Discos para descobrir em casa – 'Mais', Marisa Monte, 1991». G1. Grupo Globo. Consultado em 6 de dezembro de 2020
  4. «Montreux Jazz Festival 1990 Setlists». setlist.fm (em inglês). Consultado em 6 de dezembro de 2020
  5. «Discografia de Marisa Monte». Marisa Monte. Consultado em 6 de dezembro de 2020
  6. Lisboa Garcia, Lauro. "Marisa Monte lança um disco totalmente 'Mais'", Estado de S. Paulo, 15 de março de 1991
  7. Beirão, Nirlando (outubro de 1994). «Entrevista: Marisa Monte». Editora Abril. Playboy
  8. Medeiros, Jotabê. "Marisa Monte estreia seu show 'autoral'", Folha de S. Paulo, 15 de agosto de 1991.
  9. (1991). "Anotações de Mais". Em Mais [encarte do CD]. Hollywod: World Pacific.
  10. Leite, Edmundo (31 de agosto de 2012). «Alguns discos clássicos já nascem grandes». Acervo Estadão. Grupo Estado. Consultado em 6 de dezembro de 2020
  11. «Marisa Monte – CERTIFICADOS – Pro-Música Brasil». pro-musicabr.org.br. Consultado em 6 de dezembro de 2020
  12. Rocha, Daniel (julho de 2000). «Páginas negras». Brasil: Trip Editora e Propaganda. Trip. 13 (80): 16. ISSN 1414-350X. Consultado em 6 de dezembro de 2020
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