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Festival Internacional da Canção
concurso televisionado de música entre 1966 e 1972 Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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O Festival Internacional da Canção Popular (FIC) foi um concurso anual de músicas nacionais e estrangeiras, realizado no ginásio do Maracanazinho, no Rio de Janeiro, que mas posteriormente foi alvo de críticas por causa da acústica considerada inadequada para música ao vivo, e transmitido pela TV Rio (primeira edição) e pela TV Globo.[1] A música de abertura era composta por Erlon Chaves e chamava-se Hino do FIC. O apresentador oficial era Hilton Gomes, que imortalizou a frase "Boa sorte, maestro!". O prêmio Galo de Ouro foi concebido pelo cartunista Ziraldo e confeccionado pela joalheria H. Stern, o que reforçou o caráter de cerimonial televisivo e glamouroso do festival.[2]
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O evento foi criado por Augusto Marzagão, com o apoio do governo do estado da Guanabara, com o objetivo de impulsionar a música popular brasileira, e durou de 1966 a 1972, num total de sete edições.[3] Cada edição do festival tinha duas fases: a nacional, para escolher a melhor canção brasileira, e a internacional, para eleger a melhor canção de todos os países participantes — a concorrente brasileira era a vencedora da fase nacional.[4]
O FIC não se limitou a entretenimento, serviu como palco de disputas estéticas e políticas, refletindo a tensão da cultura brasileira sob o regime militar. A edição de 1968, em particular, simbolizou o confronto entre música e censura.[5] O festival contribuiu para revelar diversos nomes da música popular brasileira, como Milton Nascimento, Chico Buarque, Tom Jobim e para consolidar a era dos festivais de canção na TV brasileira.[6]
A fase internacional do primeiro FIC registrou índices de audiência altíssimos (até 72% dos televisores em operação numa das finais).[7]
A fase de 1968 (III FIC) é considerada emblemática porque conflitou com o endurecimento da ditadura militar no Brasil e se tornou símbolo de resistência e contestação — canções como "É Proibido Proibir", de Caetano Veloso, foram vaiadas, apesar de terem forte impacto.
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Histórico de Edições
Resumir
Perspectiva
A edição inaugural do FIC foi realizada em outubro de 1966 no ginásio do Maracanãzinho (Rio de Janeiro) e transmitida pela TV Rio. A fase nacional foi vencida pela canção “Saveiros”, composta por Dori Caymmi e Nelson Motta, interpretada por Nana Caymmi. Na fase internacional, o primeiro lugar ficou com “Frag Den Wind”, da Alemanha, interpretada por Inge Brück. O ambiente foi carregado de expectativa em que a plateia, os arranjos de palco e a realização televisiva montaram um espetáculo que ajudaria a marcar o boom dos festivais de canção na década de 1960 no Brasil.[8][9][10]
A III edição, realizada em 1968, tornou-se histórica tanto musical quanto politicamente. Na fase nacional a vencedora foi “Sabiá”, de Tom Jobim e Chico Buarque, interpretada por Cynara e Cybele. Na fase internacional essa mesma canção também levou o primeiro lugar. Essa edição ficou marcada pelas vaias à música “É proibido proibir”, de Caetano Veloso, que, embora não tenha sido vencedora, simbolizou o choque entre arte e política no Brasil sob a ditadura militar.[11][12]
Na edição IV de 1969, a vencedora da fase nacional foi a canção Cantiga por Luciana, de Paulinho Tapajós e Edmundo Souto, interpretada pela Evinha. Na fase internacional, essa mesma canção também chegou a vencer. Essa edição reforçou o formato do festival como plataforma internacional de canções, reunindo participantes de diversos países, embora já começasse a haver sinais de saturação do formato.[13][3]
Em 1970 (V edição), a fase nacional teve como vencedora a canção “BR‑3”, de Antonio Adolfo e Tibério Gaspar, interpretada por Tony Tornado com o Trio Ternura e o Quarteto Osmar Milito. Na fase internacional, venceu “Pedro Nadie” (Argentina), de Piero e José Tcherkaski. Essa edição refletiu um momento de transição na música popular brasileira, com influências do funk, soul e rock começando a interferir no universo dos festivais de canção.[3]
Na edição VI de 1971, a fase nacional teve como vencedora a canção "Kyrie", de Paulinho Soares e Marcelo Silva, interpretada pelo Trio Ternura. Na fase internacional, venceu a canção "Y Después del Amor" (México). Essa edição ocorre em um momento de diminuição relativa dos festivais de canção na TV, com menor repercussão que as edições dos anos 60.[7]
A sétima e última edição do festival ocorreu em 30 de setembro de 1972 e marcou o fim da “era dos festivais” no Brasil. A vencedora nacional foi “Fio Maravilha”, de Jorge Ben (posteriormente Jorge Ben Jor), interpretada por Maria Alcina. Na fase internacional, a canção “Nobody Calls me Prophet”, dos EUA (interprete David Clayton-Thomas) levou o prêmio. O declínio do festival foi atribuído à crescente censura artística, à mudança de hábitos de consumo musical e ao desinteresse televisivo por formatos de festival. [6][14]
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Finalistas Nacionais
1966
- Saveiros (Dori Caymmi e Nelson Motta), com Nana Caymmi.
- O Cavaleiro (Tuca e Geraldo Vandré), com Tuca.
- Dia das rosas (Luiz Bonfá e Maria Helena Toledo), com Maysa.
1967
- Margarida (Guttemberg Guarabyra), com Guttemberg Guarabyra e o Grupo Manifesto.
- Travessia (Milton Nascimento e Fernando Brant), com Milton Nascimento (prêmio de melhor intérprete).
- Carolina (Chico Buarque), com Cynara e Cybele.
- Fuga e antifuga (Edino Krieger e Vinicius de Moraes), com o Grupo 004 e As Meninas.
- São os do Norte que vêm (Capiba e Ariano Suassuna), com Claudionor Germano.

1968
- Sabiá (Tom Jobim e Chico Buarque), com Cynara e Cybele.
- Pra não dizer que não falei de flores, ou "Caminhando" (Geraldo Vandré), com Geraldo Vandré.
- Andança (Edmundo Souto, Danilo Caymmi e Paulinho Tapajós), com Beth Carvalho e Golden Boys.
- Passacalha (Edino Krieger), com Grupo 004.
- Dia de vitória (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle), com Marcos Valle.
1969
- Cantiga por Luciana (Edmundo Souto e Paulinho Tapajós), com Evinha.
- Juliana (Antonio Adolfo e Tibério Gaspar), com A Brasuca.
- Visão geral (César Costa Filho, Ruy Maurity e Ronaldo Monteiro de Souza), com César Costa Filho e Grupo 004.
- Razão de paz pra não cantar (Eduardo Laje e Alésio Barros), com Cláudia.
- Minha Marisa (Fred Falcão e Paulinho Tapajós).
1970
- BR-3 (Antonio Adolfo e Tibério Gaspar), com Tony Tornado e Trio Ternura.
- O amor é o meu país (Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza), com Ivan Lins.
- Encouraçado (Sueli Costa e Tite de Lemos), com Fábio.
- Um abraço terno em você, viu mãe (Gonzaguinha), com Gonzaguinha.
- Abolição 1860-1960 (Dom Salvador e Arnoldo Medeiros), com Luís Antônio, Mariá e o Conjunto Dom Salvador.
1971
- Kyrie (Paulinho Soares e Marcelo Silva), com Trio Ternura.
- Karany Karanuê (José de Assis e Diana Camargo), com José de Assis e Diana Camargo.
- Desacato (Antônio Carlos e Jocáfi), com Antônio Carlos e Jocáfi.
- Canção pra senhora (Sérgio Bittencourt), com O Grupo.
- João Amém (W. Oliveira e Sérgio Mateus), com Sérgio Mateus.
1972
- Fio Maravilha (Jorge Ben), com Maria Alcina e Paulinho da Costa na percussão.
- Diálogo (Baden Powell e Paulo César Pinheiro), com Baden Powell, Tobias e Cláudia Regina.
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Fase Internacional - Vencedoras
Composição do Júri
Em 1967, a música "Travessia" de Milton Nascimento, ficou em 2º lugar na etapa nacional sendo derrotada pela música “Margarida” de Guttemberg Guarabyra e Grupo Manifesto.
A música Margarida representaria o Brasil na fase internacional e ficou em 3º lugar.
A partir daquele ano ocorreu a mudança da composição do júri, anteriormente formado por mais jornalistas do que músicos.[15] Naquele ano, Milton Nascimento foi contemplado com o Prêmio de Melhor Intérprete. A derrota de Milton, então jovem talento considerado pelos músicos um intérprete e compositor raro, influenciou a decisão pela mudança na composição do juri.
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1972 - Fim do Festival
A realização do Festival Internacional da Canção de 1971 por pouco não foi realizado devido à censura imposta pelo governo da Ditadura Militar estabelecido pelo Golpe de Estado no Brasil em 1964.
O compositor Guttemberg Guarabyra, que havia vencido o FIC de 1967 com a canção Margarida, sob a supervisão de Augusto Marzagão e passara a organizar o evento. Rumores surgiram de que Guarabyra estava incentivando compositores a retirarem suas músicas do festival o que resultou em má qualidade da maioria das músicas apresentadas e no esvaziamento da plateia. Menos de 3 mil pessoas compareceram ao Festival na última eliminatória.
Em 1972, poucos dos considerados grandes nomes dos certames anteriores inscreveram composições. Pela primeira vez, a final aconteceu no mesmo dia da segunda eliminatória.
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Destituição do Juri - Censura e Golpe de Estado no Brasil em 1964
Em 1972, houve uma exigência do governo militar[4] para que Nara Leão fosse afastada da posição de presidência do corpo de jurados, após uma entrevista na qual a cantora criticava o governo e a situação do país. O júri inteiro acabou sendo destituído, e substituído por jurados estrangeiros.
Tal revelação foi feita em entrevista concedida em 2000 pelo então diretor da edição de 1972 do Festival, Solano Ribeiro de Faria.
Roberto Freire, um dos jurados originais, foi impedido de ler publicamente um manifesto criticando a decisão. Por sua insistência, acabou sendo agredido violentamente pelos seguranças do Festival. O mesmo manifesto foi depois lido pelo apresentador Murilo Néri.[16]
Em 1972, o músico Hermeto Pascoal foi proibido de se apresentar com animais no palco.
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Referências
- Globo, Acervo-Jornal O. «No Maracanãzinho, Festival da Canção tornou-se celeiro de talentos da MPB». Acervo. Consultado em 27 de outubro de 2025
- «www.bancadorock.com.br/20e4a3/cartaz-original-do-l-festival-internacional-da-cancao-popular-rio-de-janeiro-ano-1966». Banca do Rock. Consultado em 27 de outubro de 2025
- «Festival Internacional da Canção». memoriaglobo. 29 de outubro de 2021. Consultado em 27 de outubro de 2025
- «Memoria Globo». Consultado em 25 de maio de 2013. Cópia arquivada em 28 de abril de 2013
- «O povo é quem mais ordena: O Festival Internacional da Canção e a Revolução dos Cravos». musicabrasilis.org.br. Consultado em 27 de outubro de 2025
- «As esquecidas do Festival Internacional da Canção». O Globo. 26 de setembro de 2012. Consultado em 27 de outubro de 2025
- «Festival Internacional da Canção Popular (FIC) – Memorias da Ditadura». Consultado em 27 de outubro de 2025
- «Vencedores». :: Festivais de MPB ::. 29 de julho de 2014. Consultado em 27 de outubro de 2025
- Globo, Acervo-Jornal O. «O I Festival Internacional da Canção». Acervo. Consultado em 27 de outubro de 2025
- Globo, Acervo-Jornal O. «No Maracanãzinho, Festival da Canção tornou-se celeiro de talentos da MPB». Acervo. Consultado em 27 de outubro de 2025
- «O povo é quem mais ordena: O Festival Internacional da Canção e a Revolução dos Cravos». musicabrasilis.org.br. Consultado em 27 de outubro de 2025
- «Festivais da Canção». musicabrasilis.org.br. Consultado em 27 de outubro de 2025
- cartola-agenciadeconteudo. «Entenda a ditadura através do Festival Internacional da Canção». Terra. Consultado em 27 de outubro de 2025
- Homem de Mello, Zuza (2003). A Era dos Festivais 2º ed. Sâo Paulo: 34. p. 365
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Ligações externas
Bibliografia
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