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Hanbok

vestimenta tradicional sul-coreana Da Wikipédia, a enciclopédia livre

Hanbok
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Hanbok (coreano: 한복; hanja: 韓服) é um tradicional vestido coreano. Muitas vezes, é caracterizado por cores vibrantes, linhas simples e ausência de bolsos. Embora o termo signifique literalmente "roupas coreanas", muitas vezes é usado para se referir especificamente ao hanbok da Dinastia Joseon e é utilizado como roupa formal ou semi formal durante as festas e celebrações tradicionais. O hanbok moderno não segue exatamente o mesmo estilo usado na Dinastia Joseon, uma vez que passou por diversas mudanças no decorrer do século XX.[1]

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Hanbok feminino e masculino

Ele é composto pelo jeogori (que se refere à parte de cima), a chima(que se refere à saia), o baji (que se refere à calça) e o po (que é um termo genérico para robe ou sobretudo). Existem também outros componentes e acessórios, mas são utilizados com menos frequência.[2]

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História

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Perspectiva

O Hanbok como traje não possui uma data certa de origem, visto que incialmente era um termo utilizado para abranger todo tipo de vestimenta tradicional coreana a partir do século XIX, quando os portos da província coreana se abriram e a cultura ocidental adentrou seu território. Por isso, a palavra passou a ser usada como um termo guarda-chuva para diferenciar a moda ocidental da tradicional.[3]

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Pintura chinesa do século VII mostrando emissários dos Três Reinos da Coreia: Baekje, Koguryo, e Silla.

Ainda assim, sabe-se que o Hanbok tem sua presença registrada há mais de dois mil anos, durante o período dos Três Reinos, a partir das artes nos murais do Complexo de Túmulos Koguryo.[1][4] Elas mostram a estrutura básica do Hanbok, que permanece a mesma até os dias de hoje[5], com o jeogori (parte de cima), baji (calça) ou chima (saia) e po (robe), que eram usados tanto por homens quanto mulheres, plebeus e nobreza.[6][2] Nessa época, as únicas mudanças na roupa foram a variação de comprimento, uso de cintos, o modo em que o jeogori era amarrado ao corpo e a ordem em que as peças eram vestidas - a saia por cima da jaqueta ou vice-versa.[7]

Período da Dinastia Tang

Apesar da estrutura do hanbok ser a mesma ao longo da história, seu design foi influenciado pelas diferentes dominâncias políticas sobre a península coreana. No século VI, a Dinastia Tang teve uma forte presença no território Silla, o que levou a uma troca cultural que afetou a forma como os coreanos se vestiam e o próprio hanbok, visto que os chineses possuíam trajes similares e com as mesmas premissas.[8] Foi a partir deste período que o hanbok deixou de ser uma vestimenta andrógina e passou a ter diferenças de comprimento entre o público masculino e feminino.[9][10]

Período da Dinastia Yuan

Essa troca cultural permaneceu durante o reino Goryeo até a invasão Mongol (1259-1356), quando a população foi obrigada a homenagear os costumes da Dinastia Yuan, influenciando o hanbok principalmente dos uniformes dos oficiais da nobreza.[7][11] Mesmo assim, os coreanos mantinham um estilo próprio que durou até a Era Joseon, adquirindo sua forma mais popular - a que aparece em filmes, séries e é usada tradicionalmente até hoje.[7]

Período da Dinastia Joseon

No início da Dinastia Joseon os reis adotaram uma filosofia neoconfucionista, propagando valores que influenciaram tanto o campo político quanto cultural. Nesse sentido, todas as classes sociais passaram a adotar o mesmo estilo de vestimenta - o hanbok.[12] Gradualmente, ele se tornou menos volumoso, passando a enfatizar a silhueta humana - principalmente a feminina - com curvas fluidas e angulações.[10][7] Ainda assim, as roupas cobriam o corpo todo já que, conforme ditavam os ideais do neoconfucionismo, a exposição da pele era considerada indecente.[10][7] O hanbok masculino era composto por uma calça, jaqueta e, em situações formais, um robe.[13]

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Homens vestindo hanboks brancos em um festival em Insadong.

Ao final da Dinastia Joseon, o público geral usava roupas brancas e livres de adornos, prezando a austeridade.[7] A cor também representava pureza espiritual, resiliência e, eventualmente, se tornou uma forma de resistência perante a ocupação japonesa (1910 -1945), que com sua opressão, havia proibido o uso do branco por supostas questões sanitárias.[14][15] Graças, então, ao seu uso frequente e seu simbolismo, a cor branca se tornou parte da identidade coreana.[16][14]

Século XX

Já na segunda metade do século XX, houve uma crescente conscientização sobre a importância da preservação da cultura coreana e da identidade nacional, impulsionando o interesse pelo hanbok.[17] Ao mesmo tempo, surge uma necessidade de adaptação às questões modernas, o que gerou mudanças em seu design.[18][19] Elementos da cultura ocidental passaram a ser integrados à moda coreana, resultando em um estilo único que está em constante transformação.[18]

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Design

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Perspectiva

Desde o início, o hanbok não era um traje limitado a gênero ou posição social. A única diferença ficava nos detalhes da produção da roupa, como nos materiais, na complexidade do bordado e nas cores dos tecidos. Técnicas de tingimento mais refinadas, por exemplo, resultavam em cores que demonstravam riqueza por serem muito caras.[20] O mesmo acontecia com os tecidos e suas estampas, que indicavam poder de aquisição e até mesmo os desejos do usuário.[21] A cor roxa, por exemplo, indicava alto status social, sendo usada somente pelos principais membros da corte; enquanto isso, plebeus vestiam cores terrosas.[7]

É uma roupa que preza acima de tudo a fluidez e o conforto do usuário, adaptando-se ao corpo de modo elegante e funcional.[2] É marcada por suas cores vibrantes e, ao mesmo tempo, por sua simplicidade - principalmente quando comparada com suas equivalentes japonesas (Wafuku) e chinesas (Hanfu).[22]

Jeogori

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Estrutura do jeogori

Parte de cima do hanbok, funciona como uma espécie de jaqueta . Além disso, costuma ser a peça mais básica das vestimentas tradicionais coreanas, podendo ser combinada com outras roupas.[20]

Em homens, tende a ser uma peça mais longa e mais simples, já que geralmente é usada por baixo de um colete ou sobretudo (po).[23] Já em mulheres, seu tamanho foi mudando drasticamente entre o período do reino Koguryo e da Era Joseon, indo inicialmente até a cintura e diminuindo gradialmente até o busto.[24]

A cor do jeogori, assim como em outras roupas, tinham seus próprios significados. Mulheres casadas usavam verde, solteiras usavam amarelo e mães, azul.[15][24]

Chima

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Chima e jeogori

Uma saia larga, com várias camadas em seu interior, dando uma aparência volumosa. As saias utilizadas pela nobreza eram mais longas, para demonstrar extravagância, e as das classes mais baixas iam até a altura do tornozelo. Por não serem rentes ao corpo, davam bastante liberdade de movimento - isso, junto com seu tamanho, facilitava a mobilidade para a realização de tarefas do dia a dia.[24] Pessoas de alta posição social vestiam saias de seda, rami ou cetim, com bordados complexos que podiam até incluir folhas de ouro.[7] Outras com pouco poder de aquisição usavam saias lisas, de algodão ou linho.

Mulheres jovens e solteiras vestiam saias vermelhas; jovem adultas e casadas usavam azul, e idosas cinza.[24]

Baji

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Homem vestindo jeogori e baji.

Uma calça larga e folgada, presa ao corpo na cintura e nos tornozelos - seu design é dessa forma justamente para se acomodar ao costume de se sentar no chão.[25] Pode ser utilizada também como uma peça de baixo - nesse caso, sob uma saia (chima).[23] Antigamente, a calça era usada com laços de tecido que a prendiam ao corpo, mas a partir do período Joseon botões começaram a ser incorporados à peça por motivos de praticidade.[22]

Po

Um sobretudo usado majoritariamente por homens, que surgiu com o propósito de proteger o usuário de más espíritos.[26] Nesse sentido, existem vários tipos de po, que são usados para diferentes ocasiões e com diferentes propósitos.[27] Robes leves e soltos eram usados no verão, promovendo ventilação, e no inverno vestiam outros com mais de uma camada e feitos de algodão.[26] Assim como as outras peças do hanbok, alguns tipos de po podiam ser limitados à posição social, profissão ou estado civil.[26]

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Sobretudo de um aristocrata.
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Uso

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Loja de hanbok em Seoul

A partir do século XX, o hanbok passou a ser usado apenas como vestimenta formal, para cerimônias tradicionais como o primeiro aniversário de um bebê, Chuseok e o 61º aniversário de um adulto.[28] Outras ocasiões como casamentos e funerais também possuem hanboks próprios.[25] Esse traje, contudo, não é restrito apenas a coreanos - na Coreia do Sul, o próprio governo incentiva o uso de hanboks tanto por turistas quanto cidadãos. Por todo o país, existem lojas de aluguel de hanbok para os turistas que desejam aprofundar sua imersão na cultura coreana.[29]

Além disso, o Ministério da Cultura sul-coreano patrocina designers e até mesmo estabeleceu, em 1996, o "Dia do Hanbok", encorajando o uso do traje e valorizando a cultura nacional.[30]

Hanbok na Contemporaneidade

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Perspectiva

O hanbok moderno está majoritariamente voltado para uma moda casual, para ser usado no dia a dia. Outros princípios que antes não tinham visibilidade passam a ser valorizados, como o conforto, sustentabilidade, diversidade de tamanhos, entre outros. Designers começaram também a aderir materiais e tecnologias de fabricação ocidentais. Essa adaptação faz parte, ainda que indiretamente, da Onda coreana - também conhecida como Hallyu -, em que elementos da cultura coreana passam a exercer influência para além do território nacional.[31][32]

Outros campos artísticos também contribuíram para a popularização do hanbok, como o K-pop. Grupos famosos como BTS e Blackpink já apareceram em diversas ocasiões vestindo essas roupas, dando destaque ao traje e à sua cultura.[33][32]

Vale citar alguns designers notórios:

  • Lee Young-hee: considerada uma das pioneiras na criação do hanbok moderno, desenvolveu novos designs e novos materiais de forma a adaptar a vestimenta às necessidades atuais.[34][35]
  • Kim Young Jin: é conhecida por utilizar métodos tradicionais e modernos na fabricação de suas roupas. Usa tecidos diversificados como gaze, rami, cânhamo, renda francesa e indiana, sedas de Jinju, Sukgo e Sangju, entre outros.[36]
  • Kim Hye-soon: dona da marca KIMHYESOON HANBOK, é atualmente uma das maiores estilistas da Coreia do Sul. Já fez parcerias com marcas como Fendi e expôs suas criações no Louvre e no Metropolitan Museum of Art.[2]
  • Lee Jin-hee: é uma renomada figurinista responsável pela confecção de vários hanboks utilizados em séries e filmes coreanos famosos.[37]
  • Kim Danha: estilista que ganhou notoriedade após uma das integrantes do Blackpink aparecer vestindo uma jaqueta feita por Danha. Seu foco é a sustentabilidade, e pratica isso usando materiais como poliéster reciclado e algodão orgânico.[32]
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Galeria

Ver também

Ligações externas

Referências

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