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Língua nez perce
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A língua nez perce (endônimo: nimiːpuːtímt; AFI: /nimiːpuː'timt/) é um idioma da família penutiana, do sub-grupo do platô, do ramo sahaptiano, tradicionalmente falado pelo povo nez perce no noroeste dos Estados Unidos, especificamente no norte de Idaho (principalmente na Reserva Nez Perce, situada na parte nordeste do estado), em partes do leste de Oregon, notadamente na região do vale Wallowa, e em áreas adjacentes do extremo sudeste de Washington.
Atualmente, o nez perce encontra-se em situação crítica, com um número estimado de cerca de 100 falantes, sendo 20 falantes fluentes, a maioria dos quais são idosos.[2] Em comparação, a população étnica nez perce é estimada em aproximadamente 3.500 pessoas, o que significa que menos de 3% do grupo domina efetivamente o idioma.[3] O declínio acentuado ocorreu a partir do século XIX, intensificado pelas políticas de assimilação cultural por parte do governo estadunidense como a aplicação do lei Dawes (1887), que fragmentou as terras dos nativos e acelerou o processo de marginalização das línguas indígenas, além do envio forçado de crianças para internatos fora da reserva, onde eram proibidas de falar a própria língua. Em resposta, a partir do final da década de 1970, o autogoverno do povo nez perce, reconhecido oficialmente pelo governo dos Estados Unidos, Nez Perce Tribe[4], passou a implementar programas de revitalização do idioma, como escolas de imersão e a elaboração de materiais didáticos, buscando reverter o processo de extinção e promover a transmissão intergeracional do nez perce. Esse esforço culminou na criação do Nez Perce Language Program (NPLP)[5][6], um departamento responsável pela coordenação das iniciativas de ensino e pelo desenvolvimento de recursos pedagógicos.
No campo linguístico, a língua apresenta um sistema de escrita baseado no alfabeto latino adaptado, que busca representar com fidelidade os sons próprios do idioma. A gramática do nez perce é notável por seu sistema tripartite de marcação de caso (ergativo, absolutivo e, em alguns contextos, objetivo) e uma morfologia verbal na qual sufixos indicam tempo, aspecto e modalidade. Além disso, a fonologia do nez perce conta com a particularidade do fenômeno da harmonia vocálica em máximo contraste, um tipo muito raro de harmonia em que as vogais são organizadas em dois conjuntos de modo a manter diferenças perceptivas claras.[7]
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Etimologia
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Perspectiva

O termo nez perce é tradicionalmente utilizado para designar a língua, surgindo no contexto dos primeiros contatos entre europeus e indígenas, sendo assim o exônimo. Esse nome foi cunhado por franco-canadenses no início do século XIX e deriva do francês, em que nez significa “nariz” e percé é o particípio passado do verbo percer, significando “perfurado”, ou seja, “nariz furado”. Originalmente, o exônimo era escrito como "nez percé", com o acento agudo no "é", refletindo a ortografia em francês. No entanto, ao ser adotado e transcrito para o inglês e outras línguas, o acento foi gradualmente eliminado, resultando na grafia "nez perce", que se tornou a forma oficial e mais comum em publicações e referências modernas.
O nome surgiu a partir da observação, por parte dos europeus, de um costume de alguns indivíduos usarem uma concha dentalium[a] no septo nasal.[8] No entanto, autores posteriores passaram a argumentar que os nez perce nunca praticaram a perfuração nasal de forma significativa e que os primeiros exploradores podem ter exagerado ou interpretado erroneamente o uso ocasional da concha dentalium. Existem registros etnográficos de uma outra comunidade indígena do Rio Columbia que utiliza a concha dentalium no septo nasal, os Wishram ou Tlakluit.[9] Essa revisão levou à conclusão de que "nez perce" pode ser uma nomenclatura errônea, um nome baseado em uma suposição equivocada.[8]

O termo adotado pelos próprios falantes, ou seja, o endônimo, é nimiːpuːtímt. Esse termo é composto por dois elementos morfológicos: nimiːpuː, que significa "nós, o povo", e o sufixo -tímt, que designa "língua" ou "fala". Dessa forma, nimiːpuːtímt pode ser traduzido literalmente como “a língua do povo”.[8] A raiz nimiːpuː apresenta algumas variações históricas em sua forma. Registros antigos também mencionam variantes como numipu e nimapu, que aparecem em diferentes fontes do século XIX. Algumas interpretações indicam que nimi pode estar relacionado a um pronome inclusivo que significa "nós", enquanto puː se refere especificamente a "povo" ou "pessoas". Em algumas análises, a tradução de nimiːpuː também aparece como "o povo verdadeiro".[8]
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Distribuição
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Perspectiva

A língua nez perce é tradicionalmente falada nos Estados Unidos, concentrando-se no território ancestral dos nez perce, que se estende aproximadamente entre as latitudes 45° e 47°. Essa área abrange, principalmente, o norte de Idaho, onde está situada as Reserva Nez Perce. Há ocupação de falantes também no leste de Oregon, em especial a região do Vale de Wallowa, e o sudeste de Washington. Os limites naturais desse território são bem definidos: a leste, as Montanhas Bitteroot; a oeste, as Blue Mountains; e, em parte, o rio Columbia atua como uma barreira geográfica que contribuiu para a delimitação dos grupos falantes.[10]
Atualmente, o uso da língua concentra-se majoritariamente na Reserva Nez Perce, localizada no norte de Idaho, que abrange porções de condados como Idaho County e Nez Perce County. Essa reserva é o principal núcleo de transmissão e revitalização do idioma, reunindo a maioria dos falantes fluentes, estimados em cerca de 20 indivíduos. Fora da reserva, a presença de falantes é residual e geralmente associada a pequenos grupos familiares ou indivíduos isolados que mantêm o idioma.[10]
Dialetos
Quase um século após a relocação dos nez perce para reservas, a situação dialetal da língua não está completamente esclarecida. Informantes residentes nas regiões do ramo médio e sul do Rio Clearwater (em localidades como Stites, Kamiah, East Kamiah e Kooskia) relatam a existência de uma variante distinta, denominada de dialeto da parte baixa ou baixo-rio (lower nez perce ou downriver dialect). Estudos linguísticos realizados indicam que essa variante e o dialeto predominante, chamado de dialeto da parte alta ou alto-rio (upper nez perce ou upriver dialect), são mutuamente inteligíveis.[11]

O dialeto baixo apresenta pelo menos um fonema adicional /kʷ/, o que o caracteriza como mais conservador em comparação ao dialeto alto, conforme sugerido pelo inventário fonêmico proposto para o proto-sahaptiano. Nos dialetos, determinadas consoantes apresentam alternância, aparecendo como /l/ no dialeto alto e como /n/ no dialeto baixo, um fenômeno sistemático conhecido como simbolismo consonantal n-l. Essa variação não gera contrastes fonológicos ou semânticos significativos e, portanto, não afeta a inteligibilidade entre as variantes. No entanto, a dupla consonantal <y> no dialeto alto e <n> no dialeto baixo pode causar confusão nos falantes.[11]
Línguas relacionadas
O nez perce pertence à família sahaptiana, um subgrupo das línguas penutianas do platô, que, por sua vez, fazem parte do amplo e controverso agrupamento penutiano. A hipótese penutiana propõe uma relação genética entre diversas línguas indígenas da América do Norte, abrangendo famílias linguísticas dispersas pelo oeste dos Estados Unidos, incluindo línguas da Califórnia, Oregon, do Platô do Columbia e do México.[12]
- Penutianas
- Penutiana da Califórnia
- Penutiana do Oregon
- Chinookan
- Tsimshianic
- Penutiana do México
- Penutiana do Platô
- Klamath–modoc (Lutuami) †
- Waiilatpuan †
- Sahaptiana
- Sahaptiana
- Nez perce
O ramo penutiano do platô agrupa línguas faladas na região do Platô do Columbia, uma vasta área que abrange partes dos atuais estados de Oregon, Washington e Idaho. Este subgrupo inclui:[12]
- Klamath-modoc [en] (Lutuami) † – Uma língua extinta que era falada pelos povos klamath e modoc, no sul do Oregon e norte da Califórnia.
- Waillatpuan † – Outra família extinta que compreendia as línguas cayuse e molala [en], ambas faladas na região do Platô.
- Sahaptiana – O único grupo sobrevivente, que inclui o nez perce e outras línguas sahaptianas.[12]
A inclusão das línguas sahaptianas no tronco penutiano do Platô ainda é debatida, pois a hipótese penutiana não é universalmente aceita por linguistas. No entanto, evidências lexicais e gramaticais sugerem relações históricas entre essas línguas, indicando um possível ancestral comum remoto.[12]
Influência do salish

O nez perce recebeu influências significativas da língua salish (principalmente a variante do interior sul) devido ao contato prolongado entre os falantes dessas línguas. Essa influência se manifesta principalmente na adoção de vocabulário em diversas áreas, incluindo elementos da natureza, nomes de animais e plantas. Muitos desses empréstimos ocorreram antes da palatalização das consoantes velares no salish, fenômeno linguístico que alterou a pronúncia dessas consoantes há cerca de 150 anos.[13]
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História
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Perspectiva
A língua nez perce sempre foi um elemento central na identidade cultural do povo nez perce. Tradicionalmente transmitida de forma oral, a língua incorporava uma vasta gama de conhecimentos, desde os nomes de lugares, que descreviam características físicas do ambiente ou eventos significativos, até canções e narrativas que preservavam a história e a mitologia do grupo. Essa transmissão oral permitia que as sutilezas dos relatos originais fossem compreendidas integralmente dentro do contexto cultural, embora, quando traduzidos para o inglês, muitos desses elementos simbólicos fossem perdidos.[15]
Origem

A mitologia e os mitos de fundação dos nez perce fazem parte de um vasto sistema de crenças que conecta o povo à sua terra ancestral. Um dos mitos mais conhecidos é o da origem do povo, em que se diz que os nez perce descendem de uma união sagrada com a terra (em algumas versões, os ancestrais surgem diretamente da terra). O Coyote (ʔiceyéːye), frequentemente descrito como um herói cultural, é uma figura central, responsável por moldar o mundo e ensinar aos humanos as leis da natureza e da sociedade. Outras figuras mitológicas, como o Monstro (ʔicwéːwɬcix), que Coyote foi desafiado a vencer em uma das histórias tradicionais, têm grande importância na cosmologia nez perce. O Monstro representa forças naturais caóticas que precisam ser enfrentadas para garantir o equilíbrio do mundo. A luta de Coyote contra ele e outras criaturas demoníacas serve como instrução sobre o comportamento ético e o domínio sobre os aspectos físicos e espirituais do mundo. A narrativa mitológica além de explicar o começo do mundo também influencia práticas e rituais que permanecem vivos nas cerimônias e na vida cotidiana dos nez perce.[15]
Colonização

Em 1805, a expedição de Lewis e Clark foi o primeiro contato documentado com os nez perce na região onde hoje fica o oeste de Idaho, próximo aos rios Clearwater e Snake. Os rios Clearwater e Snake tiveram seus nomes inspirados em termos indígenas, mas com mediação cultural. O Clearwater foi batizado como tradução de "Koos-Koos-Kia" (água clara), enquanto "Snake" (cobra) possivelmente deriva de um gesto indígena mal interpretado como "serpente" por membros da expedição. O nome original nez perce para o rio Snake era "Ki-moo-e-nim", que significa Rio dos Peixes.[16]
A língua nez perce possui alguns estrangeirismos, apesar de ser polissintética, ou seja, uma única palavra pode expressar uma frase inteira (ex.: "pinimʔáːyn" = "eles vieram até o rio"). Isso dificultou a adoção de termos estrangeiros, pois eles precisavam se adequar à estrutura complexa da língua por meio de simplificações ou adaptações.[17]


A demarcação do território nez perce envolveu negociações com os Estados Unidos, que começaram com tratados assinados em meados do século XIX. O Tratado de Walla Walla, firmado em 1855, foi um marco importante, definindo os limites da território nez perce na região do noroeste dos Estados Unidos, que reconhecia a soberania nez perce sobre uma área de aproximadamente 7,7 milhões de acres. Os tratados eram escritos em inglês, mas as negociações envolviam intérpretes que traduziam os termos para o nez perce. [15][19]
A Guerra dos Nez Perce, ocorrida em 1877, teve sua origem nas tensões internas geradas pela controvérsia em torno da assinatura de um novo tratado em 1863, o qual previa a redução drástica do território tradicional do povo nez perce e a incorporação ao território americano. As autoridades dos Estados Unidos passaram a pressionar os nez perce para que se deslocassem para uma reserva muito menor, em Oklahoma, o que intensificou o conflito. Sob a liderança de chefe Joseph, o grupo percorreu mais de 2.700 quilômetros através de áreas atualmente compreendidas por Idaho, Montana e Wyoming, com diversos relatos documentando batalhas e manobras de guerrilha que retardaram o avanço das forças militares dos Estados Unidos.[15]
“ | wéːtʔu máːwa héːnekʔe tuːqéːlenuʔ!
Eu não lutarei mais para sempre! |
” |
— Chefe Joseph, famosa frase da ordem de rendição |
Sem suprimentos suficientes e à beira do colapso, o conflito encerrou-se em 1877, nas proximidades da fronteira com o Canadá.[15]
História da documentação

Durante o período da primeira missão presbiteriana, entre 1831 e 1847, os missionários desempenharam um papel crucial na sistematização do nez perce, se dedicando à criação de uma forma escrita para o idioma. Essa época foi determinante para a tradução de hinos, tratos religiosos e trechos da Bíblia para o nez perce, estabelecendo uma norma ortográfica que perduraria até o século XX e servindo de base para a imposição de uma estrutura unificada pelos Estados Unidos.[15][20]
Em 1836, o casal de missonários Henry e Eliza Harmon Spalding chegou à comunidade nez perce da região de Lapwai, em Idaho. Apesar de encontrar inicialmente dificuldades para lidar com a complexidade morfológica e fonética do nez perce por ser um idioma notoriamente inflexionado e com construções verbais que permitiam a expressão de sentenças inteiras em um único verbo, Spalding foi o principal instigador da produção dos primeiros textos impressos na língua. Seu folheto, impresso utilizando um sistema de escrita de sua própria criação, embora repleto de erros e posteriormente rejeitado por outros missionários, detém o mérito de ser o primeiro trabalho publicado em nez perce.[15][20]
Posteriormente, missionários com capacitação linguística mais robusta, como o reverendo Asa Bowen Smith e Andrew Rodgers, aprimoraram os métodos de documentação. Smith elaborou a primeira gramática abrangente do nez perce, capturando muitas de suas nuances e complexidades gramaticais. Para a continuidade do trabalho, os missionários optaram por modificar o alfabeto Pickering, (originalmente concebido como um sistema universal para a escrita de diversas línguas indígenas) que, apesar de não representar com precisão a totalidade do sistema fonético do nez perce, demonstrou-se mais funcional e foi rapidamente adotado pelos membros do povo. Esse conjunto de iniciativas não apenas consolidou a forma escrita do nez perce, mas também teve implicações políticas e culturais, ao servir de ferramenta para a unificação e controle dos indígenas durante o processo de assimilação.[15][20]
História do ensino
Durante a década de 30, os missionários também instituíram escolas na capital administrativa da Reserva que é Lapwai, Idaho, onde eram ministradas aulas de leitura, escrita e aritmética adaptadas à realidade cultural dos nez perce. Esse processo, impulsionado pela criação de um sistema ortográfico, passou a ser ensinado a membros de todas as faixas etárias, marcando o início de uma tradição letrada na comunidade.[21]

Os relatos da época apontam para variações significativas na frequência escolar, consequência da mobilidade seminomádica dos nez perce. Em determinados períodos, o número de estudantes chegou a atingir cifras expressivas: com registros mencionando até 150 alunos em momentos de maior estabilidade e, por volta de 1845, estimativas sugerindo uma população estudantil de cerca de 300 pessoas.[21] Atualmente, o nez perce continua a ser ensinado em diversas reservas (incluindo Yakima, Nez Perce, Warm Springs e Umatilla). Programas de imersão escolar foram implementados, nos quais o currículo é desenvolvido de forma a integrar práticas culturais tradicionais, como acampamentos de verão, oficinas de narrativa oral, aulas de música e dança, com métodos pedagógicos modernos para o ensino intensivo do idioma. Paralelamente, projetos acadêmicos colaborativos têm resultado na compilação de dicionários bilíngues, gramáticas detalhadas e materiais didáticos audiovisuais, os quais incluem gravações de falantes idosos e a digitalização de histórias orais, preservando não só a pronúncia e entonação características do nez perce, mas também as variações dialetais.[15]
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Fonologia
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Perspectiva
Consoantes
O sistema consonantal da língua nez perce apresenta, entre as plosivas, /p/ (bilabial), /t/ (dental), /c/ (alveolar), /k/ (velar), /q/ (uvular) e /ʔ/ (glotal), sendo todas elas desvozeadas. As fricativas incluem /s/ (alveolar), /x/ (velar), /χ/ (uvular) e /h/ (glotal), também todas desvozeadas. Além disso, o sistema conta com as nasais /m/ (bilabial) e /n/ (dental), e a aproximante lateral /l/ (alveolar). Todas as consoantes que são plosivas e africadas possuem uma variante glotalizada (ejetiva).[22]
As consoantes oclusivas desvozeadas /p/, /t/ e /c/ apresentam variação em sua articulação de acordo com o contexto fonético. Quando ocorrem antes de uma vogal, são produzidas sem aspiração; quando precedem outra consoante, apresentam aspiração moderada; e em posição final, antes de uma pausa, tornam-se fortemente aspiradas. Além disso, as oclusivas desvozeadas /p/, /t/, /c/ e /q/ podem ocorrer geminadas, isto é, pronunciadas de forma duplicada e prolongada. Durante a geminação, os articuladores permanecem fechados sem que haja uma liberação completa entre as duas ocorrências, fenômeno denominado "transição fechada". Esse processo influencia a duração e a qualidade do som sem alterar o fonema representado, enquanto /k/ e /ʔ/ não apresentam geminação. Já as aproximantes labiovelar (/w/) e palatal (/j/) podem vocalizar-se parcialmente em posição de coda (final de sílaba), aproximando-se das vogais [u] e [i], respectivamente; no entanto, quando precedidas por consoantes glotalizadas, podem adquirir maior fricção. As consoantes continuantes vozeadas /m/, /n/ e /l/ frequentemente perdem sua sonoridade quando ocorrem antes de um contorno terminal, sendo realizadas como suas versões desvozeadas, o que reflete um processo fonológico característico do idioma.[22]
As consoantes na tabela apresentam variações alofônicas de acordo com o ambiente fonético em que ocorrem. O fenômeno de não liberação (ex.: [p̚]) ocorre quando a oclusiva não é solta audivelmente ao final, sobretudo antes de outra consoante idêntica. Em alguns casos, como em /q/, a liberação da oclusão se desfaz em um leve atrito fricativo. Em outros contextos, como no /k/ antes de /i/, ocorre a labialização, em que o lábio se aproxima, conferindo ao som um caráter arredondado (por exemplo, [kʷ]). Já a velarização se manifesta quando há um recuo da língua em direção ao véu palatino ou úvula, resultando em um timbre mais posterior, como [xˠ]. Em consoantes como /m/, /n/ e /w/, observa-se a perda de sonoridade em posição final ([m̥], [n̥], [w̥]), enquanto em /j/ há a possibilidade de maior fricção ([y̝]) após /n/ e antes de vogal. No caso de /l/, além de poder ser palatalizada ([lʲ]) em certos ambientes, a consoante também pode se tornar desvozeadas em final de palavra ([l̥]).[22]
Glotalização
No nez perce, todas as consoantes que não são fricativas possuem uma variante glotalizada. Elas são caracterizadas pela coarticulação simultânea de um fechamento glotal, o que as distingue das consoantes não glotalizadas. Em termos de distribuição, as consoantes glotalizadas oclusivas aparecem principalmente no início e no meio das palavras, enquanto as consoantes glotalizadas contínuas tendem a ocorrer no meio e no final das palavras. De modo geral, as consoantes glotalizadas são menos frequentes do que suas contrapartes não glotalizadas.[22]

As consoantes glotalizadas são fonêmicas e contrastivas, ou seja, tem valor distintivo no nez perce, podendo causar significados distintos na língua.[22]
Vogais
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Notas
- Trecho livremente traduzido.
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