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Leucanthemum vulgare

espécie de planta Da Wikipédia, a enciclopédia livre

Leucanthemum vulgare
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Leucanthemum vulgare (sinónimo taxonómico de Chrysanthemum leucanthemum) é uma espécie de plantas herbáceas perenes,[3] com distribuição natural nas regiões temperadas da Eurásia, mas naturalizada em vastas regiões temperadas e subtropicais, nomeadamente na América do Norte, Austrália e Nova Zelândia, sendo frequentemente cultivada pelas suas flores vistosas.[4] A espécie integra um complexo específico que apresenta grande variabilidade morfológica entre regiões, de que resultaram múltiplos sinónimos taxonómicos, sendo conhecida, entre outros, pelos nomes comuns de margarida e olho-de-boi.

Factos rápidos Classificação científica, Nome binomial ...
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Ilustração botânica de Leucanthemum vulgare.
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Flor de Leucanthemum vulgare 'Filigran'
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Campo infestado por Chrysanthemum leucanthemum L.,[2] em Les Îles-de-la-Madeleine, Canadá.
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Infestação de uma pastagem nativa em Guyra, na Austrália.
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Descrição

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Perspectiva

Morfologia

L. vulgare é uma planta perene, herbácea, de hábito predominantemente ereto, que cresce até aos 80 cm de altura,[5] com rizomas subterrâneos rastejantes.

A parte superior do caule é recoberta por tricomas que lhe dão um aspecto por vezes densamente peludo, mas mais ou menos glabro na base. As folhas são pecioladas, com limbos de 4–15 cm de comprimento e cerca de 5 cm de largura, com até 15 dentes, ou lóbulos, ou ambos, nos bordos. As folhas maiores a ocorrerem na base da planta, diminuindo de tamanho ao longo do caule, com as folhas superiores com até 7,5 cm de comprimento, sem pecíolo e profundamente dentadas.[4][6][7][8][9]

A planta apresenta a inflorescência típica das Asteraceae, composta por um capítulo (um pseudanto) formando uma cabeça discoide com 2-7,5 cm de largura.[5] Cada capítulo tem entre quinze e quarenta pétalas brancas (flores do raio) de 1-2 cm de comprimento que rodeiam os floretes do disco (flores do disco) de cor amarela. Abaixo do capítulo apresenta um invólucro de brácteas verdes, glabras, com 7-10 mm de comprimento, com bordos acastanhados. A ântese (floração) ocorre de maio a outubro.[5] Na verdade a flor da margarida é uma inflorescência em capítulo, sendo que pétalas marginais brancas abrigam as flores femininas, enquanto o disco central (amarelo) é composto por diminutas flores hermafroditas amarelas.

Os aquénios, semelhantes a sementes, com 1-3 mm de comprimento e dez nervuras ao longo das suas extremidades, mas não apresentam papilho.[4][6][7]

Morfologicamente, a espécie é similar ao malmequer (ou margarida-shasta), o híbrido Leucanthemum × superbum, que tem cabeças de flor maiores (5-12 cm de largura) e à camomila (Anthemis cotula) que tem cabeças de flor sensivelmente mais pequenas (1,5–3 cm de largura).[6] A espécie Leucanthemum maximum também é semelhante, mas geralmente com flores do raio sensivelmente maiores, com 2-3 cm de comprimento.[5]

Taxonomia

L. vulgare foi formalmente descrita pela primeira vez em 1778 por Jean-Baptiste Lamarck, que publicou a descrição em Flore françoise.[1][10][11] A espécie foi anteriormente descrita como fazendo parte do género Chrysanthemum, sendo ainda frequentemente referida como Chrysanthemum leucanthemum.[5]

Leucanthemum vulgare, juntamente com várias outras espécies semelhantes, como Leucanthemum ircutianum (ou Leucanthemum ircutianum) formam um complexo específico, geralmente conhecido como o grupo de espécies das margaridas-dos-prados.[12][13] As relações sistemáticas dentro do género Leucanthemum são objeto de investigação em sistemática molecular. Os antigos agrupamentos Leucanthemum vulgare e Leucanthemum atratum não podem provavelmente ser mantidos. Na sua presente circunscrição taxonómica, o complexo específico integra as seguintes espécies:[13]

  • Leucanthemum adustum (W.D.J Koch) Gremli
  • Leucanthemum gaudinii Dalla Torre
  • Leucanthemum heterophyllum (Willd.) DC.
  • Leucanthemum praecox (Horvatić) Horvatić
  • Leucanthemum vulgare Lam.
  • Leucanthemum ×superbum (J.W.Ingram) D.H.Kent

O Norte de África pode ser assumido com relativa certeza como a origem do género. Globalmente, o género Leucanthemum apresenta-se como um grupo sistematicamente difícil de classificar como um agrupamento monofilético devido aos frequentes eventos de poliploidia no decurso da sua evolução.

Dada a sua popularidade e vasta área de expansão, a planta é conhecida por múltiplos nomes comuns,[4] por vezes pouco precisos por se aplicarem a espécies morfologicamente similares, entre os quais bem-me-quer, bonina, margarida, margarita, margarita-maior, malmequer, malmequer-maior, malmequer-bravo ou olho-de-boi.

Distribuição e ecologia

A espécie é nativa da Eurásia, presente numa área que se estende do Atlântico à Turquia, à Geórgia e à Ásia Ocidental.

É uma planta silvestre perene, típica dos prados, que cresce numa variedade de comunidades vegetais, incluindo campos agrícolas, em matagais e em florestas de copas abertas. Também ocorre em zonas perturbadas, sendo uma planta ruderal comum. A espécie está amplamente naturalizada em muitas partes do mundo, incluindo a América do Norte,[5] e é considerada uma espécie invasora em mais de quarenta países.

Cresce em regiões temperadas onde a precipitação média anual excede 750 mm/ano, e frequentemente onde os solos são pesados e húmidos. É frequentemente uma erva daninha das pastagens degradadas e das bermas de estradas.[6][8][14][15][16]

A espécie propaga-se por sementes e pelos seus rizomas rastejantes pouco profundos. Uma planta adulta pode produzir até 26 000 sementes por estação, que são disseminadas por animais, veículos, água e produtos agrícolas contaminados. Algumas sementes permanecem viáveis no solo por período de cerca de 40 anos. Não é palatável para o gado e reduz a quantidade de pasto de qualidade disponível para pastoreio. Em paisagens autóctones, como o Kosciuszko National Park na Austrália, a infestação densa pode excluir as plantas autóctones, causando a erosão e a perda de matéria orgânica do solo.[6][8][15][16]

Esta planta foi a primeira classificada na produção de pólen por unidade floral amostrada ao nível de todo o capítulo, com um valor de 15,9 ± 2 μL, num estudo realizado no Reino Unido em flores de prados.[17]

L. vulgare é uma das ervas daninhas mais difundidas das Anthemideae. Tornou-se uma espécie introduzida através de jardins em áreas naturais em partes do Canadá,[18] dos Estados Unidos,[19] Austrália,[6] e Nova Zelândia.[20] Em alguns habitats forma colónias densas, substituindo as plantas nativas e modificando as comunidades existentes.[14][21][22]

A planta invade habitualmente os relvados e é difícil de controlar ou erradicar, uma vez que uma nova planta pode regenerar-se a partir de fragmentos do rizoma[14] e é um problema nas pastagens onde o gado bovino pasta, uma vez que normalmente as reses não a comem, permitindo assim a sua propagação.[20] As vacas que o consomem produzem leite com um sabor indesejável.[23] Foi demonstrado que a espécie é portadora de várias doenças das culturas.[24]

Esta espécie foi declarada uma erva daninha ambiental em New South Wales e Victoria (Austrália). Em Nova Gales do Sul, cresce de Glen Innes em Northern Tablelands até Bombala no extremo sudeste do estado, e há populações significativas no Parque Nacional Kosciuszko, onde invadiu pradarias subalpinas, bosques de Eucalyptus pauciflora e zonas húmidas. Em Vitória, é uma espécie proibida e deve ser erradicada ou controlada.[6][25]

Etnobotânica

O seu ciclo vital dura mais de um ano. É da família das compostas, a mesma do crisântemo, da dália e do girassol. Do cruzamento da espécie com outras, Chrysanthemum latifolium e Chrysanthemum maximum, por exemplo, derivam variedades que se cultivam em todo o mundo. A parte da margarida designada como flor, em alguns casos tem diâmetro superior a dez centímetros, o que lhe confere grande valor como flor de jardim e flor de corte.

A propagação é feita por sementes ou pela divisão das touceiras. A altura média é de sessenta centímetros. Na divisão, feita em geral em agosto, a cada três anos, desprezam-se as partes velhas e lenhosas e plantam-se as ramificações novas e já dotadas de raízes. Todas as margaridas devem ser plantadas ao sol, em solo argilo-arenoso rico em matérias orgânicas.

O jogo "Mal-me-quer, bem-me-quer" (em francês: effeuiller la marguerite) está associado a esta flor e à homofonia de "malmequer" e de "mal-me-quer".

Os botões florais não abertos podem ser marinados e utilizados da mesma forma que as alcaparras.[26] A obra Modern Herbal (1931), de Maud Grieve, afirma que «O sabor da erva seca é amargo e formigante, e o odor assemelha-se ligeiramente ao da valeriana».[27] A espécie ocorre em estado selvagem no deserto de Arava, no sul de Israel, onde as flores são colhidas e secas, sendo tradicionalmente utilizadas pelos israelitas para fazer uma variedade local de chá de ervas.[28]

A L. vulgare é amplamente cultivada e está disponível como uma planta ornamental perene para jardins e prados projectados. Desenvolve-se numa grande variedade de condições, mas prefere locais ensolarados ou parcialmente ensolarados com um solo médio e húmido (como muitas plantas da família das margaridas). A planta dá-se bem em canteiros elevados e com cobertura vegetal que retenha a humidade e evite as ervas daninhas. É uma mesófita e por isso necessita de um abastecimento de água mais ou menos contínuo. As cabeças das flores murcha são frequentemente removidas para promover nova floração e manter a aparência da planta. Existem cultivares, como a 'May Queen', que começam a florescer no início da primavera.

As alergias às margaridas ocorrem, geralmente causando dermatite de contacto.[29]

Desde 1987, a margarida, mais concretamente a margarida-vermelha (Argyranthemum frutescens), substituiu o trevo-vermelho (Trifolium pratense) como flor nacional (emblema floral) da Dinamarca. Com o tempo, a espécie Leucanthemum vulgare tornou-se mais popular por ser nativa da Dinamarca, em contraste com a margarida-vermelha.[30]

A espécie é também um símbolo popular da Letónia. Em 1994, numa votação aberta promovida pela sociedade botânica daquele país, foi selecionada como a flor nacional.[31]

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Ver também

Referências

Bibliografia

Ligações externas

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