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Nomina sacra
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Nomina sacra (singular: nomen sacrum) significa "nomes sagrados" em latim e é uma referência à prática dos escribas cristãos de abreviar diversos nomes ou títulos divinos que aparecem com frequência na Bíblia, especialmente nos manuscritos gregos. Um nomem sacrum consiste de duas ou mais letras escolhidas da palavra original unidas por uma sobrelinha.

Metzger lista quinze nomina sacra encontrados nos papiros gregos, os nomes gregos de "Deus", "Senhor", "Jesus", "Cristo", "Filho", "Espírito", "David", "Cruz", "Mãe", "Pai", "Israel", "Salvador", "Homem", "Jerusalém" e "Céu"[1]. Estes nomina já são encontrados em praticamente todo os manuscritos gregos do século III e anteriores, com exceção de "Mãe", que só aparece no século IV[2].
Os nomina sacra também ocorrem de forma diferente em latim, copta, armênia, gótica, núbio antigo e nas línguas que utilizam o alfabeto cirílico.
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Origem e desenvolvimento
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Perspectiva
Nomina sacra são consistentemente observados mesmo nos mais antigos textos cristãos ainda existentes, nos códice e nos papiros, o que implica que, quando eles foram escritos, por volta do século II, a prática já estava bem estabelecida. Porém, não se sabe exatamente quando o costume surgiu.
O sistema mais antigo de nomina sacra aparentemente consistia de apenas quatro ou cinco palavras, chamadas nomina divina: as versões gregas de "Jesus", "Cristo", "Senhor", "Deus" e, possivelmente, "Espírito". A prática rapidamente se expandiu para outras palavras consideradas sagradas[3].
No sistema que prevaleceu, a abreviação se deu por "contração", ou seja, a utilização de (pelo menos) a primeira e a última letra da palavra. Em uns poucos casos antigos aparece a prática da abreviação por "suspensão", no qual (pelo menos) as duas letras iniciais da palavra são utilizadas[a].
É evidente que o uso de nomina sacra eram um ato de reverência e não apenas um artifício puramente prático de economia de espaço, pois eram empregados mesmo quando abreviações bem estabelecidas de palavras muito mais frequentes, como "e", eram evitadas e o próprio nomen sacrum era escrito com generoso espaçamento. Além disto, os primeiros escribas geralmente distinguiam entre ocorrências sagradas e mundanas da mesma palavra, como "espírito" e "Espírito", e aplicavam os nomina sacra apenas nas sagradas (o que, por vezes, revelava com clareza uma escolha exegética); escribas posteriores geralmente abreviavam mecanicamente todas as ocorrências.
Estudiosos propuseram diversas teorias sobre a origem dos nomina sacra. Um paralelo óbvio que provavelmente serviu de inspiração era a prática judaica de escrever o nome de Deus como o tetragrama YHWH mesmo nas escrituras gregas. A cultura grega também já aplicava diversas formas de abreviar nomes próprios, embora nenhuma delas fosse idêntica aos nomina sacra. Inspiração para formas contraídas (usando a primeira e a última letras) também aparece no Apocalipse, onde Jesus fala de si próprio como o "princípio e o fim", "o primeiro e o último" e também como "o alfa e ômega"[4]. Os numerais gregos já foram sugeridos como a origem da sobrelinha que une todo o nomem sacrum, com a forma suspensa ΙΗ sendo apenas a forma ordinária de escrever "dezoito" por exemplo[5].
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Lista de nomina sacra gregas
No caso nominativo (ou caso reto), a palavra aparece como sujeito ("Deus", "Senhor"). No caso genitivo (ou possessivo), indica-se a posse ("de Deus", "do Senhor").
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Manuscritos gregos do Novo Testamento com nomina sacra (antes de 300)
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Perspectiva

Todos os nomina sacra e datas retiradas de "Text of the Earliest New Testament Greek Manuscripts" (1999), de Philip Comfort e David Barrett.
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Notas
- Como nos versículos do Apocalipse no 18, onde se lê Ἰησοῦς Χριστός ("Jesus Christ") como ΙΗ ΧΡ.
Referências
- Bruce Metzger, Manuscripts of the Greek Bible, pp.36-37
- Text of the Earliest New Testament Greek Manuscripts - Philip Comfort and David Barrett (1999) pp.34-35
- S. D. Charlesworth, "Consensus standardization in the systematic approach to nomina sacra in second- and third-century gospel manuscripts", Aegyptus 86 (2006), pp. 37-68.
- Colin H. Roberts, Manuscript, Society, and Belief in Early Christian Egypt (1979), p. 37.
- Larry Hurtado, "The Origin of the Nomina Sacra: A Proposal", JBL 117 (1998), pp. 655-673.
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Bibliografia
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