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Própolis

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Própolis
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Própolis é uma substância resinosa que as abelhas coletam de exsudatos de plantas, incluindo flores, brotos de folhas, resinas e mucilagens. Este material é enriquecido com saliva de abelha, que contém enzimas como β-glicosidase, juntamente com outras enzimas salivares específicas de abelhas. Ela é amplamente utilizada na medicina tradicional.[1]

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Abelha operária (Apis mellifera) coletando própolis verde de alecrim-do-campo (Baccharis dracunculifolia)(Foto: Michel Stórquio Belmiro)

A cor, sabor e o aroma da própolis variam de acordo com sua origem botânica.

A palavra "própolis" é, na língua portuguesa, um substantivo de dois géneros e vem do grego: ["pro"= em favor de] + ["polis"= cidade], isto é, para o bem, em defesa da cidade, no caso, a colmeia.

Os gregos chamavam as portas de entrada de uma cidade de própolis , palavra formada pelo prefixo ‘pro-’ adicionado a ‘polis’ (cidade). Tempos depois, Plínio empregou esta palavra em latim para dar nome à cera – extraída da polpa das árvores – com a qual as abelhas recobrem a entrada de suas colmeias a fim de protegê-las contra fungos e bactérias.

A própolis contém diversos compostos bioativos com propriedades terapêuticas significativas. Sua composição química varia conforme a flora local, condições geográficas e climáticas, o que influencia diretamente seus compostos bioativos e efeitos sinérgicos.[1]

As propriedades antibióticas e fungicidas desta substância, que em nossa língua se chama própole, eram conhecidas desde a mais remota antiguidade pelos sacerdotes egípcios e pelos médicos gregos e romanos, assim como por algumas culturas sul americanas. [2]

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Composição e variação quimiogeográfica da própolis

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Sua composição é de 55% resinas vegetais; 30% cera de abelhas; 8 a 10% de óleos essenciais; e 5% de pólen aproximadamente.

A própolis é uma substância complexa e rica em diversos componentes bioativos. Sua composição inclui uma ampla variedade de compostos, como ácidos fenólicos, benzofenonas preniladas, flavonoides (tanto na forma de glicosídeos quanto de agliconas e seus ésteres), compostos orgânicos voláteis, sesquiterpenos, quinonas, cumarinas, esteroides, aldeídos, álcoois, cetonas e aminoácidos. Além disso, a própolis é uma fonte notável de elementos essenciais, incluindo magnésio, níquel, cálcio, ferro, zinco, césio, manganês, prata, cobre, alumínio e vanádio. Sua riqueza nutricional é complementada pela presença de aminoácidos e vitaminas do complexo B, C e E, tornando-a uma substância de grande interesse para estudos científicos e aplicações terapêuticas.[1]

Sua composição varia significativamente dependendo da flora local, condições geográficas e clima. Os principais componentes incluem ácidos fenólicos, flavonoides, terpenos e outros metabólitos secundários. A própolis de zonas temperadas é rica em flavonoides e ésteres de ácido fenólico, enquanto a própolis brasileira verde contém principalmente fenilpropanoides prenilados. A própolis vermelha brasileira é caracterizada por isoflavonas e neoflavonoides.[1]

A própolis verde do Brasil está associada a planta Baccharis dracunculifolia, conhecida também como alecrim-do-campo, onde é nativo.[3][4][5]

A própolis vermelha do Brasil está associada as folhas e flores do cajueiro que serve de alimento para as abelhas africanas. Possui propriedades antioxidante, antibiótica e anti-inflamatória.[6][7]

A própolis vermelha contém isoflavonas e neoflavonoides distintas, como a formononetina. Ela exibe propriedades antimicrobianas, cicatrizantes e anticancerígenas, tornando-a um tipo valioso para uso medicinal.[1]

A própolis marrom se origina de uma variedade de plantas, incluindo Eucalyptus spp. e Baccharis spp. Sua composição química inclui flavonoides, ácidos fenólicos e ésteres aromáticos. A própolis marrom é o tipo mais comumente disponível e é amplamente utilizada em cosméticos e suplementos alimentares.[1]

A própolis apresenta uma notável diversidade em sua composição química, variando de acordo com sua origem geográfica e botânica. A própolis de bétula russa, derivada da Betula verrucosa, é rica em flavonas e flavonóis. Na Venezuela e em Cuba, a própolis originária das espécies Clusia minor e Clusia rosea caracteriza-se pela presença de benzofenonas poliisopreniladas. A própolis chilena, associada a espécies como Eucalyptus e Ricinus, contém fenilpropanos, benzaldeídos, di-hidrobenzofuranos, benzopiranos e lignanas. No Pacífico, amostras de Taiwan e Japão (Okinawa) são ricas em flavanonas preniladas, ligadas à Macaranga tanarius. A própolis chinesa destaca-se pela presença de pinobanksina, ácidos fenólicos e flavonoides como pinocembrina e crisina. Na Indonésia, foram identificados compostos como petunidina e gingerol C, enquanto na Nova Zelândia, dumasina e miristicina são únicos. A própolis brasileira é conhecida pela retusapurpurina A na variedade vermelha e artepilina C na verde. Amostras das Ilhas Canárias, Colômbia e Costa Rica apresentam, respectivamente, lignanas furofurânicas, crisosplenol-O-metil-éter e nemorosona. Em outras regiões como Cazaquistão, Índia e Turquia, destacam-se flavonoides, compostos polifenólicos e marcadores específicos como lasiocarpinas. Estudos no México e na Nigéria revelaram a presença de antraquinonas e derivados de flavonoides, evidenciando a ampla variedade fitoquímica da própolis em diferentes partes do mundo.[1]

Dos mais de 200 compostos químicos já identificados na própolis, entre os principais compostos ativos podemos citar os compostos flavonoides, ácidos aromáticos, terpenoides, aldeídos, álcoois, ácidos alifáticos e ésteres, aminoácidos, esteroides, açúcares, etc.

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Métodos Convencionais de Extração da Própolis

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A própolis contém diversos compostos bioativos com propriedades terapêuticas significativas. Sua composição química varia conforme a flora local, condições geográficas e climáticas, o que influencia diretamente seus compostos bioativos e efeitos sinérgicos.[1]

A extração e purificação são necessárias para remover substâncias inertes e reter polifenóis, considerados os componentes mais importantes. O método de extração e a polaridade do solvente afetam significativamente a composição bioquímica e biodisponibilidade dos extratos.[1]

Métodos convencionais incluem:

Maceração: amplamente utilizada, envolve separação dos compostos ativos após extração[1]

Extração etanólica: eficaz na solubilização de compostos fenólicos, mas pode causar irritação em grupos sensíveis[1]

Solventes alternativos: propilenoglicol, polietilenoglicol, glicerol e óleos vegetais oferecem opções mais seguras[1]

Técnicas inovadoras de extração incluem:

Extração ultrassônica: rápida extração de flavonoides em baixas temperaturas[1]

Combinação de ultrassom e micro-ondas: extração rápida e eficiente em condições amenas[1]

Extração de ultra-alta pressão: aumenta penetração do solvente e transferência de massa[1]

Extração com fluidos supercríticos: preserva compostos termossensíveis sem deixar resíduos[1]


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Técnicas Analíticas Avançadas de Caracterização da Própolis

Técnicas avançadas são essenciais para caracterizar precisamente a complexa composição química da própolis, composta por centenas de compostos incluindo polifenóis, flavonoides, terpenos e outros metabólitos secundários.[1]

Principais técnicas utilizadas:

Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC): amplamente utilizada para separação, identificação e quantificação de compostos fenólicos e flavonoides[1]

Cromatografia Líquida de Ultra-Alta Eficiência acoplada à Espectrometria de Massas em Tandem (UHPLC-QqQ-MS/MS): técnica altamente sensível para determinação de compostos fenólicos[1]

Cromatografia Líquida acoplada à Espectrometria de Massas em Tandem por Ionização por Electrospray (LC-ESI-MS/MS): permite identificação precisa de compostos bioativos[1]

Espectrometria de Massas por Tempo de Voo (QTOF-MS): oferece alta resolução e precisão na determinação da massa molecular, útil para identificação de novos compostos[1]

Estas técnicas avançadas são fundamentais para explorar a complexidade química da própolis, identificar compostos responsáveis por suas propriedades biológicas e desenvolver novas aplicações farmacêuticas e nutracêuticas.[1]

Propriedades medicinais do própolis

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Entre as propriedades medicinais do própolis encontram-se sua ação:

Antimicrobiana

  • Propolis: A Review. [8]
  • Antimicrobial activity of propolis on oral microorganisms. [9]

Antifúngica

Antivirótica

Antiprotozoário

Bactericida e bacteriostática

  • Focht et. al. - Arzneimitteln Forschung 43-II (8) 921-923, 1993; [carece de fontes?]

Anestésica

Anti-inflamatória

Antioxidante[10] [1]

  • Yanishlieva & Marinova, Kharanitelnopr. Nauka, 2, 45-50, 1986;
  • Bertolucci et al, 2025.[1]

Cicatrizante e regeneradora de tecidos

  • Stojko et. al., Arzneim - Forsch. Drug Rês., 28, 35-37, 1978;
  • Bertolucci et al. (2025)[1]

Anti-séptica e hipotensiva

No tratamento de gengivites

Hepatoprotetora e anti-ulcerígena

Estimuladora do sistema imunológico

Inibidora na multiplicação de células tumorais


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Compostos Bioativos da Própolis na Saúde Óssea[1]

Bertolucci et al, 2025[1], identificaram diversos compostos bioativos da própolis com efeitos benéficos na saúde óssea:

Éster fenetílico do ácido cafeico (CAPE): Inibe a formação de osteoclastos e estimula a atividade dos osteoblastos.[1]

Apigenina: Promove a osteogênese e inibe a osteoclastogênese através da modulação da via Wnt/β-catenina.[1]

Quercetina: Inibe a formação de osteoclastos e promove a diferenciação de osteoblastos.[1]

Ácido ferúlico: Suprime a diferenciação de osteoclastos e protege contra a osteoporose induzida por glicocorticoides.[1]

Pinocembrina: Inibe a formação de osteoclastos e promove a diferenciação de osteoblastos.[1]

Kaempferol: Estimula a proliferação e diferenciação osteogênica de células-tronco mesenquimais.[1]

Ácido p-cumárico: Inibe a osteoclastogênese e estimula o crescimento ósseo.[1]

Galangina: Suprime a progressão do osteossarcoma e protege contra a osteoporose induzida por glicocorticoides.[1]

Estes compostos atuam através de diversos mecanismos, incluindo modulação de vias de sinalização, efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios, e regulação da expressão gênica relacionada ao metabolismo ósseo.[1]

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Uso do própolis pelas próprias abelhas

É utilizada pelas abelhas de diversas formas:

  • Para proteger a colmeia de intrusos e do frio, mantendo a temperatura ideal para suas crias, fechando frestas e diminuindo o tamanho da entrada;
  • Para desinfetar o interior da colmeia e os alvéolos onde a abelha rainha faz a postura dos ovos;
  • Quando um intruso é abatido e não pode ser retirado do interior da colmeia, as abelhas cobrem o intruso com própolis, evitando que sua putrefação contamine o ninho.

Foi recentemente mostrado que as abelhas puderam sobreviver por um tempo mais longo quando tinham usado a própolis para selar as fendas da colmeia. Isso é provavelmente porque a própolis, feita de 50% de resina, contém bastantes moléculas com funções antibióticas.[11]


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Uso do própolis ao longo da história

A própolis possui diversas propriedades biológicas e terapêuticas.

Desde a Antiguidade, a própolis já era utilizada como medicamento popular no tratamento de feridas e infecções. As histórias das medicinas das civilizações Chinesa e Mediterrâneas(como Egípcia, Grega etc) são ricas, todas contendo em seus escritos antigos centenas de receitas onde entram principalmente mel, própolis, larvas de abelhas e às vezes as próprias abelhas, para curar ou prevenir enfermidades. A própolis é conhecida como um poderoso antibiótico natural. Sprays de própolis são recomendados para combater dores de garganta.

Quando os antigos egípcios perceberam que as abelhas utilizavam a própolis para isolar animais invasores e evitar sua putrefação, passaram a empregar o material na preservação de suas múmias, muitas das quais permanecem conservadas até os dias atuais.[12]

Hoje a própolis é utilizada com maior freqüência na prevenção e tratamento de feridas e infecções da via oral, também como antimicótico e cicatrizante, muitas vezes usada como spray. Estudos mais recentes indicam eficiente ação de alguns de seus compostos ativos com ação imunoestimulante e antitumoral.


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Ver também

Referências

  1. Bertolucci, Vanessa; Ninomiya, André Felipe; Longato, Giovanna Barbarini; Kaneko, Luisa Oliveira; Nonose, Nilson; Scariot, Pedro Paulo Menezes; Messias, Leonardo Henrique Dalcheco (janeiro de 2025). «Bioactive Compounds from Propolis on Bone Homeostasis: A Narrative Review». Antioxidants (em inglês) (1). 81 páginas. ISSN 2076-3921. PMC 11762496Acessível livremente. PMID 39857415. doi:10.3390/antiox14010081. Consultado em 19 de fevereiro de 2025
  2. Barth O M. 2004 Melissopalynology in Brazil: a review of pollen analysis of honeys, propolis and pollen loads of bees Sci. Agric.(Piracicaba, Braz.), 61:342-350
  3. Denise Pimenta da Silva Leitão, Ademar Alves da Silva Filho, Ana Cristina Morseli Polizello, Jairo Kenupp Bastos and Augusto César Cropanese Spadaro, 2004. Comparative Evaluation of in-Vitro Effects of Brazilian Green Propolis and Baccharis dracunculifolia Extracts on Cariogenic Factors of Streptococcus mutans, Biol. Pharm. Bull., Vol. 27, 1834-1839
  4. SEBRAE Paraíba. Estudo sobre a Própolis Vermelha. Disponível em: http://sebraepb.livreforum.com/t6-estudo-sobre-a-propolis-vermelha
  5. MOTA, Denise. Boas Novas na Colmeia. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq1310200505.htm
  6. E. L. Ghisalberti. Bee World Volume 60, 1979 - Issue 2. Pages 59-84 | Published online: 31 Jul 2015; https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/0005772X.1979.11097738 (access in Oct. 22, 2023)
  7. Park et. al., Current Microbiology, 36, 24-28, 1998. https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/9405742/ (access in Oct. 22, 2023)
  8. Peña, R.C. 2008 Propolis standardization: a chemical and biological review. Cienc. Inv. Agr. [online].35(1): [cited 29 August 2008],17-26. Available from World Wide Web: <http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0718-16202008000100002&lng=en&nrm=iso>. ISSN 0718-1620
  9. Simone M, Evans JD, Spivak M. Resin collection and social immunity in honey bees. Journal of Organic Evolution. Online pub (2009).
  10. «Própolis». www.apiterapeutas.com.br (em inglês). Consultado em 2 de fevereiro de 2019
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Ligações externas

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