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Largo do Campo Grande

logradouro público em Salvador, município do estado brasileiro da Bahia Da Wikipédia, a enciclopédia livre

Largo do Campo Grande
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 Nota: Não confundir com Largo Dois de Julho.

O Largo do Campo Grande, oficialmente Praça 2 de Julho, é uma praça em Salvador, município capital do estado brasileiro da Bahia. Surgido no início do século XIX, sofreu uma série de transformações urbanas no decorrer da sua história e, assim, constitui-se em uma área histórica e cultural da cidade (e consequente atração turística).[1] É palco de protestos e outras manifestações populares, incluindo a Festa da Independência da Bahia e o Carnaval de Salvador.[1][2]

Factos rápidos Praça 2 de Julho ...

Na praça estão o Teatro Castro Alves (TCA)[3] e o Hotel da Bahia,[4][5] mas também já abrigou o Clube Cruz Vermelha e a residência oficial dos cardeais (conservado pelo atual edifício Mansão dos Cardeais).[1][2] Situado no Centro, nessas imediações próximas estão ainda o Teatro Vila Velha, a Casa d'Itália, colégios e associações. Geograficamente, corresponde ao topo do Outeiro Grande[2] e, em termos viários, centraliza boa parte dos acessos que conduzem às ruas comerciais do centro da cidade, bem como ao Corredor da Vitória (trecho da Avenida Sete de Setembro que atravessa o bairro da Vitória), ao Vale do Canela e ao resto do bairro do Canela.

Suas árvores centenárias e o conjunto de gradis de Carybé, jardins, escadaria e o Monumento ao Dois de Julho fazem do largo uma praça monumental.[1][3][2] Além disso, o Caboclo no alto do monumento é a referência da expressão "chorar no pé do caboclo" (e suas variações) que remetem ao costume de fazer preces ou lamentações, rogar àquela entidade por um pedido.[6]

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História

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Elementos de paisagismo da praça
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Manifestantes da Jornadas de Junho, em 2013, no Campo Grande

Luís Dias e Tomé de Sousa chegaram a cogitar a fundação da cidade-fortaleza na área do Outeiro Grande, porém, não encaixava com a planta trazida de Portugal, era demasiado extenso com vulnerabilidade e inadequações para montagem da linha de canhões.[2] Assim, Salvador foi estabelecida em 29 de março de 1549 em um platô mais ao norte, após aldeias instaladas nas áreas atuais do Passeio Público, da Praça da Piedade e do Mosteiro de São Bento.[2] Nessas circunstâncias, servia de passagem entre a cidade-fortaleza, saindo pela Porta de Santa Luzia (ao sul), e a Vila Velha, passando pelo Caminho de Baixo (atual Rua Carlos Gomes), pelo outeiro, pelo atual Corredor da Vitória e Ladeira do Conselho (atual Ladeira da Barra).[2]

Em parte do século XIX, era área de pastagem para animais.[1][2] Além disso, sua origem está relacionada, no contexto da transferência da corte portuguesa para o Brasil, com a passagem da Família Real Portuguesa a Salvador (1808). Diferentemente de outras áreas mais antigas, as casas foram construídas distantes dos lotes vizinhos e das vias públicas. Foi palco de aguerridos combates durante os eventos que precederam as lutas pela Independência da Bahia, já em 1821, dada a vizinhança com o forte de São Pedro, praça disputada pelas vertentes em conflito no seio das tropas: brasileiros e portugueses.

Sua construção é atribuída ao presidente da Província da Bahia Francisco Gonçalves Martins em 1850 e a designação inicial de Campo de São Pedro em função da ermida a São Pedro, depois derrubada e substituída pelo Forte de São Pedro.[1] Com o forte instalado, serviu de área para treinamento dos oficiais da fortificação, ao mesmo tempo em que ingleses se estabeleciam nos arredores e usavam a área para seus jogos de críquete.[1][7] Nesse contexto, a Sociedade de São Jorge inaugurou a Capela Anglicana de Salvador (referida pela comunidade inglesa como Saint George's Church) em outubro de 1853 na praça.[7]

Em 2 de julho de 1895, foram inaugurados o Monumento ao Dois de Julho e a urbanização completa do logradouro.[1][8] Cortada ao meio por um profundo vale, foi somente ao final do século XIX, no governo republicano de Rodrigues Lima, que a praça foi ricamente ornamentada e recebeu a configuração que hoje ostenta, com monumentos grandiosos encomendados na França, evocando os heróis das lutas pela Independência da Bahia.

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Vista do Largo, sua vegetação e o entorno verticalizado a partir do Wish Hotel Bahia

Com o processo de urbanização no século XIX, famílias abastadas começaram a se mudar do Centro Histórico para a região.[2] E, em meados do século seguinte, houve a verticalização do entorno da praça com edifício de apartamentos e a construção do Teatro Castro Alves e, durante o governo de Otávio Mangabeira, do Hotel da Bahia.[2]

No início da década de 1980 o Campo Grande viu-se novamente transformado em palco de batalhas campais, desta feita entre os estudantes, contestando o aumento das passagens de ônibus, ocasião em que foram reprimidos pelas tropas da Polícia Militar, enviadas pelo então governador Antônio Carlos Magalhães (1981). Desde então, tem sido palco das grandes manifestações populares e reivindicatórias — como a gigantesca passeata do "Fora Collor", dez anos depois.

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Monumento ao Caboclo

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O Monumento ao Dois de Julho (também referido como Monumento ao Caboclo e Monumento aos Heróis da Independência)[9] é um monumento localizado no Largo do Campo Grande, em Salvador, município capital do estado brasileiro da Bahia. Representa e comemora a participação dos nativos brasileiros na Independência da Bahia.[10][11] Está entre os monumentos de interesse público soteropolitanos inventariados pela Fundação Gregório de Mattos (FGM), organização da Prefeitura Municipal de Salvador para política cultural na cidade.[12][13]

Foi criado na Itália pelo artista Carlo Nicoliy Manfredini (também vice-cônsul do Brasil em Carrara) em colaboração com outros artistas italianos, montado em Salvador pelo engenheiro Antonio Augusto Machado e inaugurado em 2 de julho de 1895.[14][15][16] Trata-se de um monumento em estilo neoclássico de 25,86 metros de altura composto por um pedestal de mármore de Carrara, com objetos em ferro fundido e, sobre o pedestal, uma coluna de bronze em estilo coríntio.[15][14] À época da inauguração era o monumento sul-americano mais alto[14] e, em 2019, foi descrito como o mais alto das regiões Norte e Nordeste do Brasil.[17] As últimas restaurações foram empreendidas pela Prefeitura de Salvador em 2003 e 2019.[15][17]
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O monumento aos heróis das batalhas da Independência da Bahia, ao centro da praça.
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Ver também

Referências

  1. «Campo Grande». Salvador Cultura Todo Dia (www.culturatododia.salvador.ba.gov.br). Consultado em 25 de janeiro de 2017. Cópia arquivada em 27 de novembro de 2021
  2. Franco, Tasso (27 de março de 2022). «SALVADOR 473 ANOS: CAMPO GRANDE É A PRAÇA MONUMENTAL DA CIDADE». Bahia Já. Consultado em 13 de outubro de 2024
  3. Santana, Douglas (2 de junho de 2023). «DESAL REALIZA INTERVENÇÕES NO LARGO DO CAMPO GRANDE». Bahia Economica. Consultado em 13 de outubro de 2024
  4. Belém, Letícia (11 de dezembro de 2024). «Wish Hotel da Bahia restaura o Painel de Genaro de Carvalho». A TARDE. Consultado em 10 de agosto de 2025
  5. Hotéis, Revista. «Sheraton da Bahia Hotel Salvador entra em operação». Revista Hoteis. Consultado em 25 de janeiro de 2017
  6. Lyrio, Alexandre (9 de junho de 2019). «Aos olhos do Caboclo: chegamos ao topo do Monumento ao 2 de Julho». Correio. Consultado em 13 de outubro de 2024
  7. «Antiga Igreja Anglicana de Salvador». Guia Geográfico - Antigas Igrejas do Brasil. Consultado em 16 de novembro de 2017
  8. Guia Geográfico - Salvador Turismo. «Monumento ao Dois de Julho». www.salvador-turismo.com. Consultado em 13 de outubro de 2024
  9. Santana, Douglas (2 de junho de 2023). «DESAL REALIZA INTERVENÇÕES NO LARGO DO CAMPO GRANDE». Bahia Economica. Consultado em 13 de outubro de 2024
  10. Hendrik Kraay (2002), " Frio como a pedra de que se há de compor": caboclos e monumentos na comemoração da Independência da Bahia, 1870-1900 (14), pp. 51–81, Wikidata Q107477724
  11. Fundação Gregório de Mattos. «MONUMENTOS: DOIS DE JULHO» (PDF). fgm.salvador.ba.gov.br. Consultado em 13 de outubro de 2024
  12. Guia Geográfico - Salvador Turismo. «Monumento ao Dois de Julho». www.salvador-turismo.com. Consultado em 13 de outubro de 2024
  13. «Monumento ao Dois de Julho é entregue à população de Salvador após ser restaurado». G1. 6 de setembro de 2019. Consultado em 13 de outubro de 2024
  14. «Monumento ao Dois de Julho no Campo Grande passa por restauração». A TARDE. 5 de setembro de 2019. Consultado em 13 de outubro de 2024
  15. Lyrio, Alexandre (9 de junho de 2019). «Aos olhos do Caboclo: chegamos ao topo do Monumento ao 2 de Julho». Correio. Consultado em 13 de outubro de 2024
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Ligações externas

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