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Rolieiro-europeu

espécie de ave Da Wikipédia, a enciclopédia livre

Rolieiro-europeu
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O Coracias garrulus, comummente conhecido como rolieiro-europeu[2][3] ou simplesmente rolieiro,[4] é um pássaro tenuirrostro e migratório europeu da família dos coracídeos.[5]

Factos rápidos Estado de conservação, Classificação científica ...
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Etimologia

O nome comum «rolieiro» provém do nome francês rollier[4], usado para designar a mesma espécie.[6] Este nome francês, por seu turno, provém do alemão roller.[6]

Há duas teses etimológicas, relativas à interpretação da origem do seu nome comum, que tanto pode significar «rolante» como «arrulador».[3] A primeira das quais, afecta ao significado pela via do «rolante», remete para o voo de parada nupcial, do rolieiro, no qual este rola o corpo alternadamente para a esquerda e para a direita.[3] A segunda, afecta ao significado de «arrulador», por seu turno, alude à vocalização do rolieiro, com o sentido sonoro do rufar de um tambor.[3]

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Distribuição geográfica

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O Rolieiro é um migrador estival que nidifica no Paleárctico, desde o Noroeste de África e Este da Península Ibérica passando pelo Mediterrâneo até a Oeste dos Himalaias.[7]

Esta espécie encontra-se amplamente distribuída no Leste e Sul do continente europeu, ausentando-se das regiões Centro e Norte do continente.[8]

Enquanto ave migratória, o rolieiro passa o verão na Europa, da Península Ibérica à Turquia. A espécie inverna na região Afrotropical, sobretudo na África Oriental e Sudeste de África.[7]

Península Ibérica

Na Península ibérica, o rolieiro mostra uma distribuição muito dispersa pelo território, a qual se afigura intimamente ligada ao clima mediterrâneo, privilegiando os espaços na cercania da Meseta do Norte, bem como do Centro, Sul e da faixa costeira da Andaluzia e do Algarve.[8]

O rolieiro, Prefere as áreas abertas, como plantações e pastagens com árvores dispersas. o intervalo de temperatura da sua distribuição na Península varia entre os -8.5°C e os 36.6°C, e o da precipitação entre os 264 mm e os 1842 mm anuais

Portugal

Trata-se de uma espécie migradora estival, nidificante em Portugal continental. Exibe uma distribuição sensivelmente fragmentada no território nacional, marcando presença nas regiões do interior do centro e sul do país, principalmente no Baixo Alentejo e no Interior do Algarve.[8]

No entanto, a sua área de distribuição tem-se vindo a cercear significativamente nos últimos anos, de tal modo que actualmente, se trata de uma espécie rara em Portugal, inserindo-se na categoria de espécie em perigo crítico, no que toca ao seu estado de conservação.[8][9]

São-lhe conhecidos pelo menos três núcleos populacionais principais: em Castro Verde (onde se encontra a Zona de Protecção Especial),[10] a região compreendida entre Vila Fernando e Elvas e na Beira Baixa.[11] São-lhe conhecidos núcleos nidificantes com populações mais reduzidas nas zonas de Moura, Mourão, Monforte e Cuba do Alentejo.[11] Ocasionalmente, também pode ser avistada no Cabo de São Vicente, no Sudoeste Algarvio, durante a passagem migratória outonal.[11]

De Abril a Agosto, esta espécie encontra-se mais presente nas zonas de criação.[9] No final do Verão, pode avistar-se amiúde em passagem migratória, sendo então observável em zonas onde não nidifica habitualmente, designadamente nas zonas costeiras.[9]

Habitat

O rolieiro ocorre nas terras baixas, privilegiando as zonas abertas ou semi-abertas (i.e. sem arvoredo ou com árvores dispersas) e soalheiras,[7] tais como prados, estepes, pastagens ou matos pouco densos, privilegiando especialmente os espaços com algumas árvores dispersas e bem desenvolvidas.[5] Habita também parques, avenidas, pomares, bosques, salgueiros, planícies com árvores dispersas e espinhosas.[12]

O rolieiro-europeu também se pode encontrar, amiúde, em zonas exploração agrícola extensiva, sujeitas ao regime de rotatividade de culturas, com especial destaque para as estepes cerealíferas.[5]

Normalmente evita desertos, semi-desertos, pastagens sem árvores, culturas intensivas e não mostra ter qualquer ligação a água, podendo, no entanto, habitar em árvores do género Populus ou outras, que se encontrem a margear as galerias ripícolas.[12] Fora da época de nidificação, os rolieiros estabelecem dormitórios comuns.[10] Durante o dia descansam em ramos salientes, postes, fios eléctricos ou telefónicos, ou quaisquer outros pontos altos e isolados que lhes possam servir de poleiro.[12][9]

Nidificação

Esta espécie nidifica em bancos de areia, em fissuras ou reentrâncias de edifícios devolutos, em brechas em rochas e fragas, em ninhos abandonados de pica-paus, sejam eles os pretos (Drycopus martius) ou os verdes (Picus viridis).[12] Também pode fazer os seus próprios ninhos em árvores, nesse caso, o rolieiro prefere árvores do género Quercus ou pinheiros da espécie Pinus sylvestris, onde possa encontrar cavidades para nidificar.[5][7] Pode inclusive voltar a ocupar ninhos por si abandonados, de um ano para o outro.[5]

Muitas vezes, à mingua de cavidades preexistentes, o rolieiro pode criar em buracos, tanto em árvores como em barreiras e ruínas.[13]

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Descrição

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Aparência

É uma das espécies de aves mais coloridas da avifauna portuguesa, ombreando com o abelharuco e o guarda-rios. Tem a cabeça, o peito e o ventre de coloração azul-turqueza ou azul-esverdeada, contrastando com o dorso castanho-avermelhado ou castanho-alaranjado.[9][11]

Trata-se de uma ave de médio porte, cujo corpo pode medir até cerca de 30 a 32 cm de comprimento.[9][11] A cabeça é grande, destacando-se, proporcionalmente, em relação ao corpo. Conta com um bico é negro e robusto, de ponta ligeiramente recurva, voltada para baixo.[9][11]

O rolieiro tem asas que podem medir de 52 a 58 centímetros de comprimento.[9][11] Estas assumem uma coloração azul-turquesa, destacando-se a coloração azul-violeta das penas de cobertura, nos ombros, visível, sobretudo, durante o voo.[9][11] No que toca às rémiges, estavas afiguram-se de cor negra na face superior e azul-violeta na face inferior.[9][11]

Os espécimes juvenis têm uma plumagem em tons esbatidos de castanho-claro[9][11]

Dieta

O rolieiro procura alimento a partir de poleiros em árvores, postes, fios, etc., em solos que proporcionem pouca cobertura às presas, portanto, sem ou com pouca vegetação ou com vegetação rasteira.[7]

Enquanto ave insectívora, alimenta-se, principalmente, de grandes insectos artrópodes, como gafanhotos, escaravelhos e escorpiões, sendo certo que também se pode alimentar de pequenos vertebrados.[9][5]

Reprodução

Nidificam no mês de maio, durante o verão europeu, em ocos de árvores, onde de 4 a 7 ovos totalmente brancos são postos. Após 19 dias os filhotes nascem. Ambos pais cuidam da cria. Com 28 dias, os passarinhos já estão aptos para o voo.

Estatuto de Conservação e legislação

Sendo certo que, globalmente, esta espécie goza de um estatuto de conservação de categoria de espécie pouco preocupante, em Portugal, o rolieiro está assinalado como uma espécie criticamente em perigo[10][8][9] e em Espanha está assinalada como espécie vulnerável.[10]

O rolieiro goza de protecção legal, em Portugal, prevista nos seguintes diplomas legais:

  • Decreto-Lei nº 140/99 de 24 de Abril,[14] que criou a Rede Natura 2000 e que resultou da transposição da Directiva Aves 79/409/CEE de 2 de Abril de 1979.
  •   DL n.º 38/2021, de 31 de Maio, que estipula o regulamento da Protecção e Conservação da Flora e da Fauna Selvagens[15]
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Referências

  1. S.A, Priberam Informática. «ROLIEIRO-EUROPEU». Dicionário Priberam. Consultado em 14 de junho de 2023
  2. Paixão, Paulo (2021). Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo (PDF). Bruxelas, Bélgica: A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 274. 334 páginas. ISBN 978-989-33-2134-8. ISSN 1830-7809
  3. S.A, Priberam Informática. «rolieiro». Dicionário Priberam. Consultado em 14 de junho de 2023
  4. «Coracias garrulus». Museu Virtual Biodiversidade. Consultado em 14 de junho de 2023
  5. Larousse, Éditions. «Définitions : rollier - Dictionnaire de français Larousse». www.larousse.fr (em francês). Consultado em 14 de junho de 2023
  6. Samwald, O (1994). Tucker, Graham M.; Heath, Melanie F., eds. Birds in Europe: their conservation status. Col: BirdLife conservation series. Cambridge: BirdLife International. pp. 340–341. ISBN 0-946888-29-9
  7. Bastos Araújo, Miguel (2012). Biodiversidade e Alterações Climáticas na Península Ibérica - Biodiversidad y Alteraciones Climáticas en la Península Ibérica. Lisboa: Ministério do ambiente e ordenamento do território. p. 217. 656 páginas
  8. «Rolieiro (Coracias garrulus)». www.avesdeportugal.info. Consultado em 14 de junho de 2023
  9. «Coracias garrulus Rolieiro». ICNF - Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas. Consultado em 15 de junho de 2023
  10. «Coracias garrulus». Museu Virtual Biodiversidade. Consultado em 14 de junho de 2023
  11. Cramp, S. (1985). Handbook of the birds of Europe the Middle East and North Africa. 4: Terns to woodpeckers Oxford University Press ed. Oxford: Oxford Univ. Press. ISBN 978-0-19-857507-8
  12. Rufino, Rui (1989). Atlas das aves que nidificam em Portugal continental. Lisboa: Ministerio do Plano e da Administracao do Territorio. 215 páginas. ISBN 978-972-37-1374-9
  13. «REDE NATURA 2000 ::: DL n.º 140/99, de 24 de Abril». www.pgdlisboa.pt. Consultado em 15 de junho de 2023
  14. «::: DL n.º 38/2021, de 31 de Maio». www.pgdlisboa.pt. Consultado em 15 de junho de 2023


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Ligações externas

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