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Série 1400 da CP
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A Série 1400 (90 94 1 101401-4 a 90 94 1 101467-5), igualmente conhecidas como English Electric, é um tipo de locomotiva a tracção diesel-eléctrica, que entrou ao serviço da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses entre 1967 e 1969,[1] e que continua ao serviço da sua sucessora, a empresa Comboios de Portugal.[2]
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História
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Perspectiva
Antecedentes
Na década de 1960, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses empenhou-se num processo de modernização, principalmente através da aquisição de material circulante a gasóleo e eléctrico,[3] de forma a expandir a frota e substituir o material circulante a vapor.[4][5] Assim, inseriu uma cláusula relativa à aquisição de locomotivas a gasóleo de linha, no seu plano de investimentos para 1965 a 1967, no âmbito do Plano Intercalar de Fomento.[6] No entanto, este ponto não foi incluído pelo governo quando enviou a proposta às Câmaras Parlamentares, mas concedeu que poderia ser futuramente discutido, caso se conseguissem encontrar fontes de financiamento adequadas, especialmente através de créditos no estrangeiro.[6] O parecer da Câmara Corporativa considerou indispensável a compra das locomotivas, devido à necessidade de racionalizar as operações ferroviárias, e a importância que estas possuíam na indústria nacional.[6] Pouco depois desta discussão se tornar pública, apareceram propostas de várias firmas internacionais, que defenderam este investimento, e garantiram que existiam boas fontes de financiamento disponíveis.[6]

Encomenda e entrada ao serviço
A Companhia já tinha ponderado que deviam ser adquiridas cinquenta locomotivas, das quais quarenta deviam ser montadas em território nacional, de forma a defender a indústria portuguesa, devendo desta forma utilizar materiais que pudessem ser trabalhados por fábricas nacionais.[6] Com base nestas condições, apareceram nove propostas, que foram estudadas pelo Conselho de Administração da CP, tendo sido escolhida a firma britânica English Electric, que apresentou a melhor oferta.[4] Esta decisão baseou-se igualmente nas dimensões daquela empresa, e pelo seu prestígio no Reino Unido e no estrangeiro.[6] Por outro lado, devido à sua nacionalidade britânica, esta encomenda foi considerada como parte da antiga aliança entre os dois países.[6] Assim, foi encomendado à English Electric um conjunto de cinquenta locomotivas[3] diesel-eléctricas, que seriam destinadas aos serviços de passageiros e mercadorias.[6]
A cerimónia da assinatura do contrato teve lugar em 10 de Novembro de 1965, na sala de reuniões do Conselho de Administração da Companhia.[6] O financiamento para esta operação foi assegurado por meio de créditos ao banco Lazard Brothers, de Londres, tendo as garantias bancárias sido prestadas pelo Banco de Fomento Nacional.[6][4] O contrato previa a entrega de dez locomotivas até doze meses após a assinatura, devendo as restantes quarenta unidades ser construídas nas instalações das Sociedades Reunidas de Fabricações Metálicas, e entregues ao ritmo de cinco locomotivas por mês.[6] O contrato teve um valor de 257.547.000 escudos, ou 3.187.463 libras.[6] Para o fabrico em Portugal, a English Electric comprometeu-se a prestar apoio técnico à SOREFAME.[6]

As primeiras dez locomotivas foram construídas pela English Electric, no Reino Unido,[7][3] tendo a primeira sido transportada desde Liverpool até ao Entreposto de Alcântara, onde chegou nos primeiros dias de Janeiro de 1967.[3] As restantes vieram ainda durante esse ano.[5]
As unidades restantes foram montadas nas instalações da Amadora da SOREFAME,[3][8] entre 1967 e 1969, com autorização da fabricante britânica.[7][5] Foram afectas às oficinas de Contumil, junto à cidade do Porto.[9] No entanto, a entrega do segundo lote de locomotivas sofreu vários atrasos, o que provocou uma escassez de material motor no Norte do país, forçando o deslocamento de várias locomotivas a vapor do Sul para aquela zona.[10]
Serviço
Em 1973, a CP assinou um contrato com a empresa Montreal Locomotive Works, para o fornecimento de vinte locomotivas diesel-eléctricas, de forma a substituir um número igual de locomotivas da Série 1400 nas linhas não electrificadas no centro de Portugal.[11] Assim, estas unidades poderiam ser deslocadas para a região Norte, onde iriam revezar cerca de trinta locomotivas a vapor, que eram as últimas de via larga em território nacional.[11]

A locomotiva 1439 esteve envolvida no desastre de Moimenta-Alcafache, na Linha da Beira Alta, em 19 de Setembro de 1985.[8] Em 1989, encontravam-se a rebocar o serviço Expresso Estremadura, entre Lisboa e Badajoz.[12]
Em 1991, uma locomotiva foi afecta ao depósito de Tunes-Faro para rebocar os comboios de ligação aos InterRegionais entre Lisboa e o Algarve.[13] Em 1999, as locomotivas da Série 1200 acabaram os seus serviços no Algarve, sendo substituídas, no Ramal de Lagos, por comboios constituídos pelas English Electric e por carruagens Sorefame A9y no Ramal de Lagos.[13] Já anteriormente, as English Electric tinham estado a substituir a Série 1200, nas linhas de relevo mais acidentado.[14] Estas locomotivas também afastaram a Série 1500 para as regiões no Sul de Portugal.[5]
Em Dezembro de 2000, a locomotiva 1407 sofreu um acidente junto a Ermida, na Linha do Douro.[8] Em 2001, a continuidade desta série ao serviço estava assegurada, sendo apenas abatidas as unidades cujo custo de reparação de avarias ou acidentes fosse muito elevadas; previa-se que as locomotivas número 1424 e 1453 fossem integradas no espólio do Museu Nacional Ferroviário, tendo esta última sido decorada com o esquema de cores original, azul e branco.[15] Neste ano, algumas das locomotivas encontravam-se a rebocar as composições dos serviços Regional, como o entre Portalegre e Entroncamento, e InterRegional.[8]
Declínio
Em 2003, duas das locomotivas foram abatidas pela operadora Caminhos de Ferro Portugueses, uma vez que foram consideradas desnecessárias para o serviço comercial.[16]
Em 2004, existiam 24 locomotivas desta série ao serviço da divisão CP Carga da empresa Comboios de Portugal, número que já tinha sido reduzido a 23 em 2005.[17] Nesta altura, outras quatro locomotivas encontravam-se afectas à divisão de longo curso daquela operadora.[18] Em 2008, estavam a ser utilizadas nos comboios turísticos na Linha do Douro, traccionando carruagens históricas.[19]
Devido ao seu elevado número e à diversidade de condições em que operam, foram as unidades que sofreram mais acidentes.[8]
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Descrição
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Perspectiva
Esta série era originalmente composta por 67 locomotivas diesel-eléctricas,[20][1] com a numeração 1401 a 1467.[2] Podem atingir uma velocidade máxima de 105 km/h.[2][20] Esta foi até então a mais série mais numerosa de locomotivas diesel-eléctricas da Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.[9][5] Foram baseadas no modelo LD 844 da firma britânica English Electric, sendo portanto correspondentes à Série 20 da operadora British Rail.[5] Apresentam uma potência média e a sua condução é considerada fácil, sendo portanto aptas para todo o tipo de serviços, excepto os comboios rápidos; desta forma, circularam por toda a rede nacional de via larga.[5] Os rodados apresentam uma configuração em Bo' Bo',[15] e a transmissão é eléctrica.[2] O motor de tracção tem uma potência de utilização de 1330 Cv.[15]

Ficha técnica
- Tipo de tracção: Diesel-eléctrica[20]
- Partes Mecânicas (fabricante): Sociedades Reunidas de Fabricações Metálicas[12]
- Ano de Entrada ao Serviço: 1967 / 1969[2]
- Tipo (fabricante): LD 844 C[5]
- Número de unidades construídas: 67 (1401-1467)[2][20]
- Velocidade máxima: 105 km/h[2][20][4]
- Motores de tracção (fabricante): English Electric[12]
- Disposição dos rodados: Bo' Bo'[15][4]
- Transmissão (fabricante): English Electric[8]
- Transmissão (tipo): Eléctrica[2]
- Motor diesel de tracção:
- Potência de utilização: 1330 Cv[15]
- Potência de utilização: 1330 Cv[15]
Lista de material
Em 2018 foram postos à venda no Depósito de Contumil quatro bogies originários de (duas, três, ou quatro) locomotivas desta série,[27] seguramente produto de desmontagem de unidades apenas parcialmente danificadas.[carece de fontes]
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Ver também
Referências
- «Mini Cámera». Via Libre (em espanhol). Ano 45 (522). Setembro de 2008. p. 98
- «Locomotivas Diesel Série: 1400 (1401-1467)». Comboios de Portugal. Consultado em 23 de Março de 2015
- «Jornal da Quinzena» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 79 (1900). 16 de Fevereiro de 1967. p. 433. Consultado em 1 de Julho de 2012 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- «Otros países, otras notícias». Via Libre (em espanhol). Ano 3 (31). 1 de Julho de 1966. p. 33
- MARTINS et al, 1996:92
- «A C. P. vai ser enriquecida com 50 novas locomotivas diesel-eléctricas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 78 (1871). 1 de Dezembro de 1965. p. 355-365. Consultado em 1 de Julho de 2012 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- REIS et al, 2006:138
- CONCEIÇÃO, Marcos A. (Julho de 2001). «Caminhos de Ferro Portugueses: Cambios en la Tracción». Maquetren (em espanhol). Ano 10 (100). Madrid: Revistas Profesionales. p. 74-77
- «Beira alta, Beira baja y los Ramales de Cáceres y Badajoz». Maquetren (em espanhol). Ano 4 (32). 1994. p. 39
- «Hacia la desaparecion de la traccion vapor». Via Libre (em espanhol). Ano 10 (110). Fevereiro de 1973. p. 16
- «Concurso Fotografico». Maquetren (em espanhol). Ano 2 (14). Madrid: Resistor, S. A. 1993. p. 38
- MARTINS et al, 1996:91
- ERUSTE, Manuel Galán (1998). «Exposición ferroviaria: 50 Años de la Traccion Diesel en Portugal». Maquetren (em espanhol). Ano 6 (71). Madrid: Revistas Profesionales. p. 22
- «Actividade operacional - unidade de viagens interurbanas e regionais». Relatório e Contas 2003. Lisboa: CP - Caminhos de Ferro Portugueses, EP. 2004. p. 36-43
- «CP Carga». Relatório e Contas 2005. Lisboa: CP - Comboios de Portugal, E. P. 2006. p. 52-56
- «CP Longo Curso». Relatório e Contas 2005. Lisboa: CP - Comboios de Portugal, E. P. 2006. p. 40-46
- «CP e Douro: Um passado comum "contado" em viagem histórica». NewsCoop. Matosinhos: NewsCoop - Informação e Comunicação CRL. Junho de 2008. p. 7-9
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- Leandro Ferreira; Diana Pereira: “Comboio Presidencial visita Vila Nova de Famalicão” Transportes XXI (2014.03.30)
- Leandro Ferreira: “CP aliena locomotivas, carruagens e vagões” Transportes XXI (2018.02.20)
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Bibliografia
Ligações externas
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