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Sabiá-da-mata
espécie de ave Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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Sabiá-da-mata[2] (nome científico: Turdus fumigatus), também conhecido por sabiá-da-capoeira, caraxué-da-capoeira e caraxué-da-mata,[3] é uma espécie de ave passeriforme da família dos turdídeos (Turdidae), endêmica da América do Sul e Caribe.
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Etimologia
O nome do gênero Turdus vem do latim e significa tordo e o epíteto específico fumigatus também vem do latim e significa "defumado" (de fumus, "fumaça").[4] O nome vernáculo Sabiá vem do tupi sawi'a, em sentido definido. Antenor Nascentes registrou o tupi haabi'a e o vocábulo ocorre no VLB como çabîâ. Foi registrado pela primeira vez em 1618 como sabia e em 1728 como sabiá e sabiâ.[3][5] Caraxué, por sua vez, vem da junção dos termos tupis ka'rá (alteração de gui'rá, "pássaro") e xu'é, "vagaroso", "chorão".[6][7]
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Taxonomia e sistemática
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Perspectiva
O sabiá-da-mata é dividido em cinco subespécies com a seguinte distribuição:[8][9]
- Turdus fumigatus personus - Ocorre em Granadinas (Pequenas Antilhas);
- Turdus fumigatus fumigatus - ocorre das Guianas ao norte e leste do Brasil (Mato Grosso) e leste da Bolívia;
- Turdus fumigatus aquilonalis - ocorre da costa nordeste da Colômbia ao norte da Venezuela e em Trindade;
- Turdus fumigatus orinocensis - Ocorre no leste da Colômbia (leste de Vichada e Meta) e oeste da Venezuela;
- Turdus fumigatus bondi - Ocorre em São Vicente (Pequenas Antilhas).
A sistemática do sabiá-da-mata é confusa e controversa. T. f. orinocensis às vezes é incluída como subespécie de sabiá-de-crisso-branco (Turdus obsoletus), enquanto T. f. personus e T. f. bondi às vezes são consideradas como representantes de uma espécie separada.[10] Foi proposto que o sabiá-de-crisso-branco e o sabiá-bicolor (Turdus hauxwelli) são coespecíficos do sabiá-da-mata, mas essa hipótese foi contestada, sob alegação de que o sabiá-de-crisso-branco e o sabiá-da-mata são coespecíficos, mas o sabiá-bicolor é uma espécie separada, pois foi observada simpatria com o sabiá-da-mata no oeste do Brasil. Outra hipótese sugeriu que o sabiá-bicolor e o sabiá-da-mata são coespecíficos, mas o sabiá-de-crisso-branco seria uma espécie separada. Também é possível que os três sabiás supracitados sejam espécies separadas com base em sua plumagem, habitat e diferenças de elevação, o que é apoiado pela maioria dos estudiosos. Uma última hipótese assumiu que eles forma uma superespécie, mas dados genéticos indicam que o sabiá-da-mata e o sabiá-bicolor são espécies irmãs, enquanto o sabiá-de-crisso-branco não é particularmente relacionado a eles.[11]
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Descrição
O sabiá-da-mata não apresenta dimorfismo sexual Mede de 22 a 24 centímetros de comprimento e pesa de 55 a 83 gramas.[10] Tem uma cor marrom-avermelhada escura acima e um marrom-avermelhado mais claro em sua parte inferior. A coloração avermelhada é mais presente nas costas, garupa, ombros e asas e e a coloração marrom simples está mais presente na cabeça e pescoço. A superfície inferior da asa é coberta em tons de laranja e sua cauda é marrom com uma superfície inferior branca com bordas e pontas marrom-alaranjadas. Tem um bico marrom e quantidades variáveis de cor branca em sua barriga bege, bem como em sua garganta, que também tem listras marrons. Os sabiás-da-mata imaturos diferem por terem pequenas manchas laranja na cabeça e na parte de trás do pescoço,[12] como os juvenis do sabiá-de-crisso-branco. T. f. aquilonalis é menos ruiva em cima e em baixo do que a nominal; T. f. orinocensis é ligeiramente mais escuro em cima e menos branco em baixo que a nominal; T. f. personus é marrom-amarelado em baixo; T. f. bondi assemelha-se ao anterior, mas é menos ruiva em cima e mais cinza em baixo.[10]
Distribuição e habitat
O sabiá-da-mata é encontrado desde as Pequenas Antilhas (Antígua e Barbuda, Barbados, Dominica, Martinica, Monserrate, São Cristóvão e Neves, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Trindade e Tobago) e leste da Colômbia até o sul do Brasil central e leste da Bolívia, passando pela Guiana, Guiana Francesa, Suriname e Venezuela.[1] Há também uma população disjunta no leste do Brasil.[10] É uma ave não migrante e habita florestas tropicais e subtropcais úmidas, mangues, savana, plantações e florestas severamente degradadas abaixo de mil metros de altitude. Na Venezuela, pode ser encontrado em florestas montanhosas de zonas tropicais e subtropicais até cerca de 1 800 metros, bem como em florestas abertas, florestas próximas a rios e córregos, bordas e clareiras florestais, e perto de córregos ou pântanos.[12]
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Ecologia
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Perspectiva

O sabiá-da-mata é uma ave tímida que se esconde quando perturbada. Em Trindade, porém, interagem com as pessoas que a alimentam. Pode ser vista com frequência em valas ao longo das estradas em Trindade. Para entrar em contato com outros indivíduos, emite um som áspero de "bak" e, durante o voo, um som de "chuck" ou "cluck". Seu canto consiste em várias frases musicais, como "teeew-to", "mi yes,mi yes" e termina com "sree", com "deww eh dew eh" e "wee-a-wee-a-wee-a" no meio do canto. Seu grito de alarme é um rápido e estridente "chat-shat-shat" ou um "kik-ik-ik-ik".[10] Sobe em árvores frutíferas e forrageia no solo da floresta. Alimenta-se no solo ou próximo dele, principalmente de invertebrados como formigas e suas larvas, minhocas, frutas e bagas. Também adquire alimento subindo em galhos de árvores frutíferas e balançando a cauda para os lados ao pousar. Geralmente vive individualmente ou em pares na vegetação mais baixa ou no solo. Tem baixa taxa de reprodução. A época de reprodução ocorre em todos os meses do ano, exceto setembro. Seus ninhos são ocupados principalmente entre os meses de fevereiro a julho em Trindade. O ninho é construído a cinco metros acima do solo numa árvore ou toco e, às vezes, no topo de samambaias e, em casos raros, num leve declive em terra. É feito de material vegetal e lama, que mantém a estrutura unida, e a parede interna é revestida por raízes finas. Põe de dois a três ovos, e em casos raros, quatro ovos, de cor azul-esverdeada e salpicados de manchas marrom-avermelhadas. A fêmea incuba os ovos por um período de 13 a 14 dias. Após a eclosão dos ovos e a cobertura de penas dos filhotes, podem deixar o ninho de 13 a 15 dias.[12]
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Conservação
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Perspectiva

A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN) classifica o sabiá-da-mata como pouco preocupante (LC), pois ocorre numa distribuição extremamente grande e não se aproxima dos limiares para Vulnerável sob o critério de tamanho de distribuição (segundo a IUCN, extensão de ocorrência < 20 mil quilômetros quadrados combinada com um tamanho de distribuição decrescente ou flutuante, extensão/qualidade do habitat ou tamanho populacional e um pequeno número de locais ou fragmentação severa). Sabe-se que suas populações estão em tendência decrescente, mas o declínio não é suficientemente rápido para se aproximar dos limiares para vulnerável (> 30% de declínio ao longo de dez anos ou três gerações) e sua população é muito grande, o que igualmente descaracteriza a classificação como vulnerável (< 10 mil indivíduos maduros com um declínio contínuo estimado em > 10% em dez anos ou três gerações, ou com uma estrutura populacional especificada). O tamanho da população global do sabiá-da-mata não foi quantificado, mas é assumido que esteja em declínio, pois suspeita-se que perca 25,4-29,8% de habitat adequado dentro de sua distribuição ao longo de três gerações (17 anos) com base em um modelo de desmatamento amazônico. No entanto, dada a tolerância da espécie à fragmentação/degradação/efeitos de borda e/ou a extensão das perdas gerais, suspeita-se que diminua em <25% ao longo de três gerações.[1] No Brasil, o sabiá-da-mata consta em mais de uma lista de conservação: em 2005, foi classificado como vulnerável na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo;[13] e em 2018, como pouco preocupante na Lista Vermelha do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[14][15]
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Referências
- BirdLife International (2016). «Turdus fumigatus». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2016: e.T22708908A94184107. doi:10.2305/IUCN.UK.2016-3.RLTS.T22708908A94184107.en
. Consultado em 12 de novembro de 2021
- Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 183. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022
- Ferreira, A. B. H. (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 1531
- Jobling, J A. (2010). «Turdus, p. 293, fumigatus, p. 166». Helm Dictionary of Scientific Bird Names. Londres: Bloomsbury Publishing. pp. 1–432. ISBN 9781408133262
- Grande Dicionário Houaiss, verbete sabiá
- Ferreira, A. B. H. (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 350
- Grande Dicionário Houaiss, verbete caraxué
- Gill, Frank; Donsker, David; Rasmussen, Pamela, eds. (agosto de 2024). «Thrushes». IOC World Bird List. v 14.2. Consultado em 11 de maio de 2025. Cópia arquivada em 7 de maio de 2025
- Collar, Nigel (4 de março de 2020). «Cocoa Thrush Turdus fumigatus, version 1.0». In: del Hoyo, J.; Elliot, A.; Sargatal, J.; Christie, D. A. Christie; de Juana, E. Birds of the World. Ítaca, Nova Iorque: Laboratório Cornell de Ornitologia. doi:10.2173/bow.cocthr1.01. Consultado em 17 de maio de 2025
- Remsen, J. V., Jr.; Areta, J. I.; Bonaccorso, E.; Claramunt, S.; Jaramillo, A.; Lane, D. F.; Pacheco, J. F.; Robbins, M. B.; Stiles, F. G.; Zimmer, K. J. «A classification of the bird species of South America». American Ornithological Society. Cópia arquivada em 4 de abril de 2022
- Acres, Solan (2017). «Turdus fumigatus (Cocoa Thrush)» (PDF). The Online Guide to the Animals of Trinidad and Tobago. Consultado em 17 de maio de 2025. Cópia arquivada (PDF) em 24 de julho de 2024
- «Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo». Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 7 de julho de 2022. Cópia arquivada em 24 de junho de 2022
- «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018
- «Turdus fumigatus». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 17 de abril de 2022. Cópia arquivada em 10 de julho de 2022
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Ligações externas
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