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Set e setting

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Set e setting
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Set e setting[1] (em tradução livre: estado mental e ambiente),[2] no contexto de experiências com drogas psicodélicas ou outras substâncias psicoativas, refere-se respectivamente às expectativas e histórico psicológico de uma pessoa ("set") e o ambiente social ("setting") onde a experiência é realizada.[3] Set e setting são fatores que podem interferir nos efeitos das substâncias psicoativas: "Set" está relacionado ao estado mental de uma pessoa, o que inclui pensamentos, humor e outros sentimentos; enquanto "setting" se refere ao ambiente físico e social social onde a experiência ocorre.[4] O tema é relevante para experiências com drogas psicodélicas em um contexto terapêutico e/ou recreativo, e é usado como estratégia de redução de danos.

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O "set" e o "setting" são críticos para evitar uma "viagem ruim" (em inglês: bad trip)
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História

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Perspectiva

De acordo com o livro Como Mudar Sua Mente (2018) de Michael Pollan, o conceito de set e setting foi cunhado por Al Hubbard, após este visitar cerimônias com cogumelos no México. Os termos são usados pelo menos desde 1958 por Ludwig von Bertalanffy e foram popularizados por Timothy Leary em 1961, tornando-se amplamente aceitos por pesquisadores em terapia psicodélica.[3][5] O psiquiatra americano Norman Zinberg [en] também discutiu esse tema de forma aprofundada em Drug, Set, and Setting: The Basis for Controlled Intoxicant Use (1984).[4]

Devido à importância do setting nas primeiras sessões de terapias psicodélicas, Hubbard introduziu "um espaço terapêutico decorado para se assemelhar mais a uma casa do que um hospital," que passou a ser conhecido como "Hubbard Room".[6]

Em 1966, Timothy Leary conduziu uma série de experimentos com a dimetiltriptamina (DMT) com set e setting controlados. O objetivo foi verificar se a dimetiltriptamina, então considerada principalmente uma droga associada a experiências assustadoras, poderia produzir experiências agradáveis em um ambiente de apoio.[7]

Os conceitos set e setting também foram investigados sob uma perspectiva religiosa.[8]

Os conceitos de set e setting foram estendidos para além dos psicodélicos. Zinberg "buscou integrar as ideias de set e setting em uma teoria de redução de danos (RD) que examinava não apenas o uso de psicodélicos, mas também drogas como álcool, cocaína e heroína"[3] e, mais recentemente, o conceito tem sido usado para entender as circunstâncias de overdoses por opioides.[9]

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Prática

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Perspectiva

Redes de apoio social mostraram ser particularmente importantes no resultado da experiência psicodélica.[10] Elas são capazes de controlar ou direcionar o curso da experiência, tanto de forma consciente quanto subconsciente. O estresse, o medo, um ambiente material, social e cultural desagradável, incluindo situações de racismo ou discriminação,[11][12] podem resultar em uma experiência desagradável (Má viagem). Por outro lado, uma pessoa relaxada e curiosa, em um local acolhedor, confortável e seguro, tem mais chances de vivenciar uma experiência prazerosa.

Claro, a dose da droga não produz a experiência transcendente. Ela apenas atua como uma chave química  ela abre a mente, liberta o sistema nervoso de seus padrões e estruturas habituais. A natureza da experiência depende quase inteiramente do estado mental e do ambiente. Estado mental denota a preparação do indivíduo, incluindo sua estrutura de personalidade e seu humor no momento. Ambiente é físico  o clima, a atmosfera do local; social  sentimentos das pessoas presentes umas em relação às outras; e cultural  as visões predominantes acerca do que é real. É por essa razão que manuais ou guias são necessários. Seu objetivo é permitir que uma pessoa compreenda as novas realidades da Consciência expandida, servindo como mapas para novos territórios interiores que a ciência moderna tornou acessíveis.

 A Experiência Psicodélica: Um Manual Baseado no Livro Tibetano dos Mortos[13]

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Ver também

Referências

  1. Echazú, Ana Gretel (23 de novembro de 2018). «Drugs, sets & settings: adensando a tríade no campo ayahuasqueiro». Equatorial – Revista do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (8): 99–119. ISSN 2446-5674. doi:10.21680/2446-5674.2018v5n8ID16022. Consultado em 26 de julho de 2022
  2. Hartogsohn, Ido (2017). «Constructing drug effects: A history of set and setting». Drug Science, Policy and Law (em inglês). 3. 205032451668332 páginas. ISSN 2050-3245. doi:10.1177/2050324516683325
  3. Zinberg, N. E. (1984). Drug, Set, and Setting: The Basis for Controlled Intoxicant Use. New Haven: Yale University Press. ISBN 978-0-300-03110-2
  4. Pollan, Michael (15 de maio de 2018). How to Change Your Mind. [S.l.]: Penguin. p. 164. ISBN 9780525558941
  5. Leary, T. (1966). «Programmed Communication During Experiences With DMT». The Psychedelic Review. 1 (8): 83–95. Arquivado do original em 7 de janeiro de 2017
  6. Rosegrant, John (1976). «The Impact of Set and Setting on Religious Experience in Nature». Journal for the Scientific Study of Religion. 15 (4): 301–310. JSTOR 1385633. doi:10.2307/1385633
  7. Ataiants, Janna; Roth, Alexis M.; Mazzella, Silvana; Lankenau, Stephen E. (2020). «Circumstances of overdose among street-involved, opioid-injecting women: Drug, set, and setting». International Journal of Drug Policy (em inglês). 78. 102691 páginas. PMC 7302961Acessível livremente. PMID 32086154. doi:10.1016/j.drugpo.2020.102691
  8. Shewan, David; Dalgarno, Phil; Reith, Gerda (2000). «Perceived risk and risk reduction among ecstasy users: the role of drug, set, and setting». International Journal of Drug Policy (em inglês). 10 (6): 431–453. doi:10.1016/S0955-3959(99)00038-9
  9. Neitzke-Spruill, Logan (19 de setembro de 2019). «Race as a component of set and setting: How experiences of race can influence psychedelic experiences». Journal of Psychedelic Studies. 4 (1): 51–60. ISSN 2559-9283. doi:10.1556/2054.2019.022Acessível livremente
  10. Pilecki, Brian; Luoma, Jason B.; Bathje, Geoff J.; Rhea, Joseph; Narloch, Vilmarie Fraguada (2021). «Ethical and legal issues in psychedelic harm reduction and integration therapy». Harm Reduction Journal (em inglês). 18 (1). 40 páginas. ISSN 1477-7517. PMC 8028769Acessível livremente. PMID 33827588. doi:10.1186/s12954-021-00489-1Acessível livremente
  11. Leary, Thimoty (22 de setembro de 2021). A experiência psicodélica: Um manual baseado no Livro Tibetano dos Mortos. São Paulo, SP: Editora Aleph
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Bibliografia

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